9 de setembro de 2024 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
É importante deixar bem claro: isso aqui funcionou para mim, e consigo mensurar isso porque funcionou em várias empresas. Tenho mais de 10 negócios estabelecidos. Mas, também tenho uma coleção de fracassos também, pelo menos uns 20 que deram errado. Por isso, tenho alguma expertise para te explicar como sair na frente de 99% dos empresários do Brasil. Vamos lá?
Nosso país é altamente competitivo no que diz respeito à criatividade. Nossos empreendedores são geniais. Imagina quanto tempo levou para a Alemanha e para o Japão ter um disparador de álcool em gel na mão disparado pelo pé. Ninguém sabe quem foi o inventor dessa engenhooca. Só sabemos que esse gêneio vive no Brasil, porque só tinha aqui. Então a gente tem uma capacidade muito rápida de inventar e inovar.
O problemas é que temos desafios que os outros países não têm. A burocracia extremamente grande, a falta de investimentos para as empresas nacionais… fora que quase não tem linha de crédito para pequenos empreendedores no Brasil. Mas tudo isso pode ser contornado com boas práticas!
Separe suas finanças pessoais da empresa
A primeira regra de ouro para quem tem um negócio: nunca misture suas finanças pessoais com as da empresa.
Se você usa um carro tanto para o trabalho quanto para uso pessoal, é essencial calcular quanto está sendo gasto para cada finalidade. Por exemplo, se 30% do tempo o carro é usado para a empresa, então 30% dos custos, como combustível e manutenção, devem ser atribuídos à empresa, e os outros 70% ao uso pessoal, ou vice-versa.
O mesmo vale para o aluguel, caso você utilize parte da sua casa como escritório. Qual percentual da área do imóvel é destinado ao seu negócio? Essas contas são importantes para evitar surpresas no futuro. Se você nunca contabilizou esses custos, sua empresa pode acabar no vermelho ao tentar expandir.
Por exemplo, se você faz brigadeiros para vender e acha que está lucrando 50 centavos por unidade, mas na verdade o lucro real é menor, porque você não considerou os gastos com energia elétrica ou mão de obra, apenas o custo dos ingredientes.
É fundamental ter uma visão clara de quanto dinheiro entra e quanto sai. Separe cada centavo: mantenha as finanças da empresa e as pessoais em contas separadas. Misturar esses valores pode causar muita confusão e problemas no futuro.
Distribuir todo o lucro
Depois de pagar todas as contas e lançar os custos, sobra um valor. O que muitos empreendedores iniciantes fazem? Eles acreditam que esse montante é todo deles e acabam pegando todo o lucro da empresa para si.
No entanto, se você fizer isso, o primeiro problema que vai enfrentar é que qualquer crise pode destruir sua empresa. Vimos isso claramente durante a pandemia, quando muitos negócios fecharam em poucos meses. Isso aconteceu porque a maioria das empresas vive no fluxo de caixa: pegam todo o dinheiro no fim do mês. Mas ser empresário não significa que você pode aumentar seu custo de vida além do normal.
Se você está retirando todo o dinheiro da empresa, está, na verdade, prejudicando seu próprio negócio, e ele provavelmente vai quebrar.
O ideal, se sua empresa já está madura, com 10 ou 20 anos de mercado, é distribuir, no máximo, 75% dos lucros. Sempre mantenha 25% de reserva de caixa, no mínimo. Isso é fundamental, pois sem caixa a empresa não sobrevive. Qualquer decisão estratégica, como aproveitar uma oportunidade de comprar estoque com 50% de desconto, por exemplo, depende de ter dinheiro em caixa.
Se a empresa é nova, a recomendação é reter 50% dos lucros e ir distribuindo aos poucos, à medida que o negócio amadurece. Com o tempo, você poderá reter menos, até chegar ao máximo de 75%, e nunca ultrapassar esse limite.
Faça publicidade
Pode até parecer besteira, mas é fundamental trabalhar o branding e fortalecer sua marca. Você precisa ter uma presença visível, seja com um outdoor na rua ou um anúncio que fixe sua marca na mente das pessoas da região onde você atua.
E atenção: não pode ser um anúncio simples como ‘coxinha R$ 19,90’. É preciso ser mais criativo e impactante. Em vez de focar apenas no produto e no preço, tente algo como: ‘coxinha com ingredientes naturais, como a que sua avó faria’.
A ideia é criar algo que fique gravado na cabeça das pessoas. Assim, quando elas pensarem em comprar coxinha, lembrarão da sua marca. Não é uma disputa de preços, mas de quem consegue se destacar na mente do público-alvo.
Veja as propagandas da Coca-Cola, por exemplo. Eles mencionam o preço? Nunca. Nos anúncios, você vê um panda ou uma criança fazendo bolo e pensa: ‘O que isso tem a ver com Coca-Cola?’ Mas na hora de comprar, você se lembra da Coca. Quando vai decidir entre Pepsi ou Coca, você escolhe Coca sem nem pensar no preço. Isso se chama branding.
E é por isso que muitos empresários brasileiros não crescem: eles não investem em branding. Portanto, invista na construção da sua marca desde o começo, sem focar apenas em conversão imediata. Parece contraintuitivo, mas eu garanto que trará mais resultados no longo prazo.
Use dinheiro de terceiros
Use dinheiro de terceiros e acesse todas as linhas de crédito possíveis. Se tem algo que assusta o empresário brasileiro, é o empréstimo. Mas lembre-se: você é pessoa jurídica, não física.
Imagine que você paga um valor X de aluguel, mas tem uma linha de crédito disponível que te permite comprar o imóvel com uma taxa subsidiada de 8% ao ano. Então, por que não adquirir o espaço e alugá-lo para sua própria empresa? Muitos têm medo de contrair dívidas em nome da empresa, mas o fato é que você vai ter que pagar aluguel de qualquer maneira. Se optar pela compra, a longo prazo, será mais vantajoso.
Mesmo que não saiba exatamente o que fazer com uma linha de crédito disponível para o crescimento da sua empresa, aceite a oferta. A resposta deve ser sempre ‘quero’, e depois você planeja o melhor uso desse recurso. ‘Ah, mas vou acumular dívidas’. Não se preocupe! As linhas de crédito no Brasil são limitadas, e se você investir o dinheiro em uma empresa operacional, ela certamente conseguirá entregar um retorno superior à taxa de juros de 8-12% que essas linhas cobram.
Existem linhas de crédito subsidiadas até mesmo com taxas de 14-15% ao ano. Qualquer empresa com operação saudável consegue superar essa rentabilidade anual. Se sua empresa não está atingindo esse patamar, é um sinal de que suas margens estão apertadas. Nesse caso, talvez seja hora de repensar seu mercado. E se for esse o cenário, a obtenção de crédito será mais difícil, pois o governo só empresta para empresas com potencial de crescimento
Venda parte do seu negócio
Todo empreendedor brasileiro gosta de se orgulhar por ter 100% do próprio negócio, e, muitas vezes, sua empresa está avaliada em cerca de R$1 milhão. Esse valor, no entanto, não chega nem ao faturamento de dois minutos de uma grande empresa, mas ele acredita que é um gênio simplesmente porque sua empresa é toda dele.
Agora, reflita comigo: você conhece alguma empresa gigantesca com menos de 200 sócios? Qualquer empresa de capital aberto, como Petrobras, Bradesco, Itaú, Santander, BTG, ou Weg, tem milhares de sócios. Toda grande empresa funciona assim.
Tem algum contrato importante que você não está conseguindo fechar? Tente oferecer uma porcentagem do seu negócio. Quando alguém se torna sócio, sua visão sobre a empresa muda, e essa pessoa passa a contribuir ativamente para o crescimento. Então, vender uma parte da empresa pode ser estratégico, mas faça isso com pessoas que já realizaram mais que você no mundo dos negócios. Não adianta vender para seu primo ou algum parente só por causa da proximidade.
O que você realmente precisa é de pessoas capazes de impulsionar um grande crescimento e que sejam ainda mais experientes que você.
Postar nas redes sociais todos os dias
Se você é empresário e não está criando conteúdo interessante e aparecendo nas redes sociais, está perdendo a chance de atrair melhores fornecedores e clientes.
Isso acontece porque as pessoas preferem fazer negócios com quem conhecem. Na verdade, sempre foi assim. No passado, o boca a boca era o que fazia os empresários mais conhecidos se destacarem. O dono da padaria mais famosa da cidade, por exemplo, geralmente é o dono da maior padaria da cidade. Isso acontece em todo lugar do mundo.
A diferença agora é que você pode se expor com muito mais facilidade através da internet. E você deve fazer isso.
Espero que essas dicas ajudem você, empreendedor brasileiro que está começando agora. Quer conferir mais detalhes sobre tudo o que falei aqui? Então, assista ao vídeo completo!
E, além de tudo isso que expliquei, é muito importante que você construa seu patrimônio pessoal. Quer ajuda para fazer isso investindo em bons ativos? Então, conheça a AUVP, que é nossa escola de investimentos. Faça a sua análise de perfil e se você receber aprovação, além de utilizar um sistema inteligente para a gestão de seus ativos, você vai aprender a investir no Brasil e no mundo inteiro.
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