16 de janeiro de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
No Brasil, é muito difícil para aqueles que nascem em condições mais pobres alcançarem, ao menos, a classe média. Na realidade, isso chega a ser quase impossível para grande parte da população. Mas por que isso acontece? Por que os pobres não ficam ricos no Brasil? Por que, em outros países, parece que as pessoas conseguem mudar de vida com mais facilidade? Vou explicar melhor os motivos por trás dessa situação.
1. Desigualdade social
É difícil falar de um único Brasil quando convivemos com tantas realidades distintas. Uma pessoa que nasce em uma favela do Rio de Janeiro enfrenta desafios completamente diferentes daqueles vividos por alguém em uma periferia no Norte ou Nordeste. E, claro, isso reflete no acesso desigual a emprego, educação e outros recursos essenciais.
Essa diferença fica evidente quando olhamos o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que varia enormemente dentro do próprio país. Esse cenário está diretamente ligado à forma como o Brasil é administrado, como se fosse homogêneo, quando, na verdade, cada estado enfrenta realidades e necessidades completamente diferentes.
O modelo atual trata um território continental como se fosse uma unidade única, aplicando as mesmas leis e políticas, o que é inviável. Isso acaba agravando as desigualdades que já existem e cria um ambiente onde muitas pessoas não têm oportunidades reais de ascensão. Essa é uma das razões pelas quais é tão difícil para os mais pobres mudarem sua realidade.
2. Falta de liberdade econômica
A falta de liberdade econômica é um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento no Brasil, embora nem todos percebam isso. O custo e a complexidade para abrir um negócio tornam o empreendedorismo um desafio quase impossível para muitos. Isso atinge especialmente os pequenos empreendedores, o que explica por que a maioria das empresas no país fecha em menos de dois anos.
Essa situação limita o crescimento econômico e desmotiva quem deseja empreender, mas não tem capital suficiente ou encontra barreiras estruturais. Além disso, as agências reguladoras, que deveriam apenas regular, muitas vezes exageram na criação de regras. Esse excesso dificulta a atuação de pequenos negócios e favorece grandes corporações, criando um ambiente de competição desigual.
Outro exemplo está nas licitações públicas. Elas deveriam democratizar o acesso ao mercado, mas acabam restritas a empresas que atendem a critérios específicos, muitas vezes inviáveis para pequenos negócios. Isso favorece quem tem capital e estrutura para importar produtos baratos, como da China, e revendê-los ao governo, enquanto pequenas empresas ficam de fora por questões legais e burocráticas.
3. Educação
Ao comparar a educação básica privada com a estatal no Brasil, a diferença de qualidade é evidente. E é justamente nos primeiros anos de escola que aprendemos habilidades essenciais como ler, escrever e interpretar.
Agora, pense na situação: ao chegar no ensino médio ou na faculdade, uma pessoa que teve uma base sólida consegue avançar, enquanto outra, com dificuldades até para ler, mais pobre e vulnerável, fica para trás. Como haverá competitividade? Como alguém com uma base educacional tão precária pode enriquecer ou sair da pobreza?
Sempre que o tema educação é discutido no Brasil, o foco parece recair sobre o ensino superior. Mas isso, na prática, beneficia apenas quem já teve acesso a uma educação básica de qualidade – algo que, infelizmente, ainda é privilégio de uma parcela menor e mais abastada da população. Enquanto isso, a maioria não tem acesso a um ensino de qualidade, mal é alfabetizada e enfrenta barreiras enormes desde cedo.
No mundo em que vivemos hoje, é praticamente impossível que alguém sem habilidades básicas consiga progredir economicamente. Por isso, enquanto a educação básica no Brasil continuar sendo negligenciada, é irreal falar de meritocracia, de igualdade de oportunidades ou de um país onde os pobres têm chances reais de ascender socialmente.
4. Mercado de trabalho engessado
Algumas regulamentações trabalhistas no Brasil estão completamente ultrapassadas. Além disso, a aplicação dessas leis é extremamente desigual. Fora dos grandes centros urbanos, muitas vezes não há fiscalização adequada. Em diversas áreas rurais, como em fazendas no interior, trabalhadores pobres são colocados em situações análogas à escravidão: sem registro formal, sem direitos e com salários tão baixos que mal conseguem se alimentar, ficando presos a uma realidade da qual não conseguem sair.
Essas regulamentações, embora criadas para proteger, acabam criando uma falsa sensação de segurança nos grandes centros urbanos. Enquanto isso, em regiões afastadas, não conseguem impedir abusos, como humilhações, assédio no trabalho e condições degradantes. E, paradoxalmente, dentro dos próprios centros urbanos, essas leis também podem dificultar a geração de empregos, criando barreiras para a criação de oportunidades formais.
5. Dependência do governo x Autorresponsabilidade
Outro problema sério no Brasil é a forma como a população é frequentemente tratada como incapaz de decidir o que é melhor para si mesma. Existe uma visão paternalista do Estado, que assume o papel de saber o que é mais adequado para os cidadãos, enquanto desconsidera a capacidade das pessoas de entenderem e priorizarem seus próprios interesses.
Essa postura reflete uma das realidades mais desanimadoras do país: o afastamento entre a gestão pública e a autonomia individual. Essa mentalidade paternalista mina a confiança e a liberdade das pessoas para tomarem decisões que impactem positivamente suas vidas.
6. Corrupção e má gestão
Mais grave do que a corrupção no Brasil é a má gestão. Muitas vezes, leis são criadas sem qualquer análise sobre o impacto que terão na sociedade. Políticos assinam documentos e decretos, mas não convivem com as consequências dessas decisões. Eles retornam para suas vidas protegidas, muitas vezes em condomínios fechados, longe das realidades que as medidas que criaram afetam diretamente.
Além disso, é preocupante a falta de preparo de muitos desses responsáveis. Programas como o antigo CQC já expuseram políticos assinando projetos sem sequer lerem o conteúdo. E como é possível que essas pessoas não sejam responsabilizadas por decisões tomadas de forma tão negligente? Essa falta de estrutura e responsabilidade compromete o futuro do país e perpetua a desconfiança na gestão pública.
7. Barreiras à inovação
O Brasil é um dos países com as maiores taxas de “fuga de cérebros”. Muitos dos nossos talentos, aqueles que superam todas as dificuldades, se destacam nos estudos e estão entre os melhores em suas áreas, acabam buscando oportunidades no exterior. Isso acontece porque, aqui, não há competitividade industrial e o ambiente para inovação é extremamente limitado. O Estado impõe barreiras que dificultam o desenvolvimento de setores além da soja e da carne, restringindo o potencial criativo do país.
Esse cenário força muitos brasileiros brilhantes (mesmo os mais pobres) a buscarem outros lugares para trabalhar, onde possam desenvolver todo o seu potencial. Por outro lado, aqueles que permanecem precisam enfrentar uma realidade desafiadora. Para sair da pobreza, é preciso ser extraordinário, acima da média em quase tudo, porque o caminho é repleto de obstáculos.
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