22 de janeiro de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Donald Trump foi eleito para mais um mandato nos EUA, com início em 20 de janeiro de 2025. Sua política protecionista e as mudanças econômicas globais que promete implementar já colocaram os mercados financeiros em compasso de espera, avaliando os possíveis desdobramentos. Para o Brasil, os impactos podem ser significativos, especialmente considerando a postura dos EUA em relação à China e outras economias emergentes.
Donald Trump e China
Embora seja improvável que Trump adote ações militares contra a China, é praticamente certo que ele tomará medidas econômicas mais rigorosas para conter o crescimento chinês. Entre elas, está o aumento de tarifas sobre produtos chineses e possivelmente de outros países, como o Canadá. Uma de suas propostas é a restrição ou proibição de plataformas como o TikTok nos EUA, sob o argumento de segurança nacional, o que poderia levar ao controle da rede social por empresas americanas, como a Tesla de Elon Musk.
Além disso, Trump já começou a pressionar a indústria automotiva chinesa, como a BYD, com tarifas elevadas para favorecer fabricantes americanos. Essa movimentação favorece empresas como a Tesla e demonstra o direcionamento protecionista de sua gestão.
Como a eleição de Trump afeta o Brasil?
Donald Trump anunciou sua intenção de taxar importações nos EUA com tarifas que variam entre 10% e 20% para todos os produtos estrangeiros. Para produtos chineses, as alíquotas podem chegar a 60%, o que afeta diretamente o maior fornecedor de eletroeletrônicos do mercado americano. Essa medida, caso implementada, pode desacelerar significativamente o comércio global.
A política protecionista de Trump não prejudica apenas a China, mas também diversos outros países, incluindo o Brasil. Como maior exportador de várias commodities para a China, o Brasil depende do dinamismo da economia chinesa para manter suas exportações em alta. Se a China enfrentar dificuldades para exportar seus produtos devido às tarifas americanas, é provável que também reduza suas importações de matérias-primas — impactando diretamente o agronegócio brasileiro.
O lado positivo
Por outro lado, essa nova postura pode abrir espaço para debates sobre a redução das tarifas no Brasil para produtos importados. Caso isso aconteça, a aquisição de produtos estrangeiros poderia se tornar mais acessível para os brasileiros.
Os juros nos EUA vai subir?
As possíveis mudanças nas políticas econômicas dos EUA sob o governo Trump podem aumentar a inflação no país. Isso forçaria o Federal Reserve a subir as taxas de juros, atraindo capital de mercados emergentes, como o Brasil, para os Estados Unidos. Essa movimentação poderia desvalorizar ainda mais o real, já que investidores tendem a priorizar economias mais seguras — e, entre Brasil e EUA, é evidente a preferência pelas maiores potências mundiais.
Especulações x Realidade
No entanto, é importante lembrar que, até agora, essas são apenas especulações baseadas nas declarações de Trump. Entre o que ele diz e o que realmente executa, existe uma grande diferença. Algumas declarações são apenas estratégias retóricas — muitas vezes com o objetivo de desviar a atenção ou gerar impacto.
Embora ele tenha feito muitas afirmações no início do mandato, é crucial discernir entre o “Trump político”, que fala para causar reação, e o “Trump governante”, que efetivamente implementa ações. Aguardar os próximos passos é essencial para entender quais políticas terão impacto real na economia global e, consequentemente, no Brasil.
O que acho que vai acontecer?
A atual dinâmica cambial e os investimentos podem levar a uma valorização do dólar, o que encarece as importações, pressiona a inflação e incentiva ainda mais a fuga de capital estrangeiro do Brasil.
No momento, o cenário para o Brasil não parece muito favorável. A relação entre Lula e Trump não é exatamente amistosa, e nossa “ministra de Relações Exteriores”, Janja, não tem contribuído para estreitar os laços com os EUA. Isso cria um ambiente menos colaborativo entre os dois países.
Por outro lado, a diplomacia brasileira tem historicamente demonstrado habilidade em contornar situações difíceis. Se adotarmos uma postura discreta e estratégica, é possível que os problemas passem despercebidos — até porque o foco principal de Trump é a China. Com negociações pontuais e “panos quentes”, é provável que a relação com os EUA possa ser mantida em equilíbrio.
Além disso, Lula já tem adotado medidas para mitigar possíveis atritos. Ele tem se distanciado gradualmente do BRICS, moderado o discurso sobre a criação de uma moeda alternativa e buscado uma maior aproximação com os EUA. Seguindo essa direção, as chances de grandes conflitos diminuem, e a expectativa é de que o Brasil consiga administrar bem essa situação.
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