Risco de crédito: o que é, como funciona, importância

O risco de crédito é o risco de calote, ou seja, ele está envolvido em todas as operações que envolvem empréstimo de dinheiro.

16 de fevereiro de 2022 - por Jaíne Jehniffer


Trabalhar com vendas a prazo, financiamentos ou qualquer forma de crédito, exige conhecer mais a fundo o risco de crédito e como fazer o gerenciamento disso! É de extrema importância saber como calcular e avaliar esses riscos, evitando assim as surpresas desagradáveis.

Diante disso, trouxemos uma explicação bem detalhada sobre todo o assunto, o que pode garantir a saúde financeira do seu negócio. Confira conosco a seguir e aproveite para compartilhar com seus amigos empreendedores.

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O que é risco de crédito?

Risco de crédito é, basicamente, a chance de alguém não pagar o que deve. Quando um banco empresta dinheiro, quando uma empresa vende a prazo ou quando um investidor compra um título de dívida, sempre existe a possibilidade de o devedor não cumprir o combinado, seja atrasando, pagando só uma parte ou simplesmente não pagando.

Esse é o risco de crédito. Ele não é algo que dá para eliminar, mas pode ser avaliado e controlado: instituições financeiras usam históricos de pagamento, renda, garantias e outras informações para medir o quanto vale a pena conceder crédito.

É uma forma de pesar confiança contra incerteza, porque todo empréstimo ou financiamento envolve acreditar que o outro lado vai honrar o compromisso.

Exemplos de risco de crédito

O risco de crédito aparece em situações muito simples do dia a dia. Pense em alguém que pega um empréstimo no banco para abrir um negócio, mas o plano não dá certo e a pessoa não consegue pagar as parcelas; aí o banco fica no prejuízo.

Ou quando usamos o cartão de crédito e não pagamos a fatura inteira, o banco também corre esse risco. Empresas vivem isso o tempo todo! Uma loja que vende fiado pode acabar sem receber de alguns clientes, e até grandes companhias que pegam dinheiro com investidores podem ter problemas e não devolver o valor prometido.

Até países entram nessa, quando não conseguem honrar suas dívidas. No fundo, risco de crédito é isso, a incerteza de confiar que alguém vai pagar, e a possibilidade real de que essa confiança não seja correspondida.

Tipos de risco de crédito

1. Risco de inadimplência

Esse é o mais comum. Acontece quando a pessoa ou empresa simplesmente não paga a dívida, seja por falta de dinheiro, má gestão ou até má-fé. É como emprestar dinheiro a um amigo e ele nunca devolver.

2. Risco de atraso

Nem sempre o problema é o não pagamento, mas o pagamento fora do prazo. Isso atrapalha o fluxo de caixa de quem emprestou e pode gerar prejuízos, mesmo que o valor acabe sendo pago depois.

3. Risco de reestruturação

Esse risco surge quando o devedor não consegue pagar nas condições combinadas e pede mudanças, como mais prazo ou juros menores. Para quem emprestou, significa receber de um jeito diferente, e geralmente menos vantajoso do que o esperado.

4. Risco de concentração

Acontece quando uma instituição ou empresa empresta muito dinheiro para poucos clientes. Se um desses clientes não pagar, o impacto pode ser enorme. É como colocar todos os ovos na mesma cesta.

5. Risco soberano

É quando o devedor é um governo. Países também podem atrasar ou deixar de pagar suas dívidas, e isso afeta não só quem emprestou, mas também a economia como um todo.

6. Risco de contraparte

Esse é muito comum em contratos financeiros mais complexos. É a chance de a outra parte do acordo não cumprir sua parte, o que pode gerar perdas em operações de grande valor.

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Como calcular os risco de crédito?

Calcular o risco de crédito é, no fundo, tentar prever se alguém vai conseguir pagar o que deve. Não existe uma fórmula mágica, mas sim um conjunto de análises que ajudam a medir essa chance.

Bancos e empresas olham para o histórico do devedor; se ele já atrasou ou deixou de pagar outras dívidas, analisam sua renda ou faturamento, verificam se tem bens ou garantias que possam cobrir o valor, e também consideram o cenário econômico, já que crises ou desemprego aumentam o risco.

Muitas vezes, essas informações são transformadas em uma espécie de nota ou score de crédito, que mostra se aquela pessoa ou empresa é um bom pagador. Em operações maiores, como empréstimos para empresas ou até governos, também entram cálculos mais técnicos, avaliando fluxo de caixa, dívidas já existentes e até a estabilidade do setor em que atuam.

Calcular risco de crédito é misturar números com confiança; olhar para os dados, mas também entender o contexto em que o devedor está inserido.

Quais são os C’s do crédito?

1. Caráter

Aqui entra a reputação do cliente. O banco quer saber se aquela pessoa costuma honrar seus compromissos. É como perguntar se essa pessoa tem histórico de bom pagador ou costuma dar calote.

2. Capacidade

É a análise da renda ou do faturamento. O banco verifica se o cliente realmente tem condições financeiras de arcar com a dívida. É olhar se o salário, o lucro ou o fluxo de caixa conseguem sustentar o pagamento das parcelas.

3. Capital

Trata-se do que o cliente já possui, como patrimônio, bens ou dinheiro guardado. Isso mostra o quanto ele pode usar de recursos próprios para honrar a dívida caso algo dê errado.

4. Colateral

É o que o cliente oferece como segurança para o empréstimo, como um imóvel, carro ou outro bem. Se ele não pagar, o credor pode usar essa garantia para recuperar parte do valor.

5. Condições

Aqui entra o cenário externo. O banco analisa o momento econômico, o setor em que a empresa atua ou até mesmo questões pessoais, como estabilidade no emprego. É como avaliar o “clima” ao redor da pessoa ou do negócio.

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O que é e como funciona a análise de risco de crédito?

A análise de risco de crédito nada mais é do que uma forma de medir a confiança antes de emprestar dinheiro.

Funciona da seguinte forma: quem vai conceder o crédito dá uma boa olhada na vida financeira de quem pede, como anda o histórico de pagamentos, se já deixou dívidas para trás, se a renda é suficiente para bancar as parcelas, se tem algum bem que sirva de garantia e até se o momento econômico está favorável.

A ideia é juntar todas essas peças e formar um retrato da pessoa ou da empresa, para entender se ela realmente tem condições de pagar. No fim, é como quando você pensa em emprestar dinheiro para alguém conhecido; você avalia se ele é confiável, se tem como te devolver e se não vai te deixar na mão.

A diferença é que os bancos e empresas fazem isso de forma mais estruturada, mas a lógica é a mesma; equilibrar confiança com cautela.

Como fazer a análise de risco de crédito?

1. Conhecer o histórico do cliente

Olhar se a pessoa ou empresa já teve problemas em pagar dívidas no passado. É como perguntar se essa pessoa costuma cumprir o que promete. O histórico ajuda a prever o comportamento futuro.

2. Avaliar a renda ou faturamento

Aqui se verifica se o dinheiro que entra todo mês é suficiente para cobrir as parcelas. Se a conta não fecha, o risco aumenta.

3. Observar o nível de endividamento

Não basta ganhar bem, é preciso ver quanto já está comprometido com outras dívidas. Quem já tem muitas parcelas em aberto pode não conseguir assumir mais uma.

4. Checar garantias

Analisar se existe algum bem que possa ser dado como segurança, como imóvel ou carro. Isso reduz o risco de perda caso a dívida não seja paga.

5. Entender o capital próprio

Aqui é ver se a pessoa ou empresa tem alguma reserva ou patrimônio que mostre solidez. Isso dá mais segurança de que ela pode se sustentar em momentos difíceis.

6. Considerar o cenário externo

Analisa o contexto em que o devedor está inserido. Por exemplo, uma empresa pode estar bem organizada, mas se o setor dela está em crise, o risco aumenta.

7. Definir a nota ou score de crédito

Junta todas essas informações e transformá-las em uma espécie de nota de confiança. Quanto maior a nota, menor o risco de calote.

Importância da análise de risco de crédito

A análise de risco de crédito é importante porque evita que bancos, empresas e até pessoas físicas assumam dívidas que provavelmente não serão pagas.

Ela funciona como uma proteção, ajudando a identificar quem realmente tem condições de honrar o compromisso e quem pode gerar problemas no futuro.

Com isso, quem empresta diminui as chances de prejuízo e quem pede também recebe condições mais justas, já que juros e prazos são definidos de acordo com o nível de risco.

Essa análise é essencial para manter a confiança no mercado de crédito, equilibrando segurança para quem concede e oportunidade para quem precisa do dinheiro.

O que é e como funciona a gestão de risco de crédito?

Gestão de risco de crédito é o processo de avaliar e acompanhar a capacidade de um cliente pagar suas dívidas, evitando perdas para quem concede crédito.

Envolve analisar histórico, renda, garantias e até fatores externos antes da aprovação, além de monitorar os pagamentos depois.

De forma direta, é o equilíbrio entre conceder crédito para gerar negócios e se proteger de inadimplência que pode comprometer a saúde financeira da empresa.

– Desafios da gestão de risco de crédito

Os desafios da gestão de risco de crédito vão muito além de números e planilhas. O maior deles é lidar com a imprevisibilidade, por mais que se analise histórico, renda e perfil de um cliente, sempre existe a chance de algo fugir do controle, como uma demissão, uma crise econômica ou até um imprevisto pessoal que impacta o pagamento.

Outro ponto é o equilíbrio delicado entre dar crédito para crescer e, ao mesmo tempo, se proteger da inadimplência. Se a empresa for rígida demais, pode perder boas oportunidades de negócio; se for flexível demais, corre o risco de acumular prejuízos.

Além disso, há a necessidade de acompanhar mudanças rápidas no mercado, usar tecnologia para analisar dados em larga escala e, ainda assim, manter o olhar humano sobre cada decisão.

Em essência, o desafio é encontrar um ponto de equilíbrio entre confiança e cautela, sabendo que cada cliente é único e que o cenário nunca é totalmente previsível.

Como fazer a gestão de risco de crédito?

1. Conhecer bem o cliente

Antes de conceder crédito, é essencial entender quem está do outro lado. Isso envolve analisar histórico de pagamentos, renda, estabilidade financeira e até o comportamento no mercado. Quanto mais informações, mais segura será a decisão.

2. Definir critérios claros de concessão

Cada empresa precisa ter suas próprias regras sobre quem pode ou não receber crédito, quais limites oferecer e em quais condições. Esses critérios ajudam a evitar decisões impulsivas e garantem mais consistência.

3. Usar tecnologia e dados a favor

Softwares de análise, score de crédito e ferramentas de Big Data ajudam a enxergar riscos que, muitas vezes, passam despercebidos. Mas o ideal é combinar a tecnologia com a visão humana, para equilibrar números e sensibilidade.

4. Acompanhar de perto os clientes ativos

A gestão de risco não termina depois da aprovação do crédito. É importante monitorar constantemente se os pagamentos estão em dia, se houve mudanças no perfil financeiro do cliente e agir rápido em caso de atraso.

5. Diversificar a carteira de crédito

Concentrar crédito em poucos clientes ou setores pode ser arriscado. Espalhar as concessões em diferentes perfis ajuda a reduzir perdas caso algum grupo enfrente dificuldades.

6. Ter planos de ação para inadimplência

Por mais que haja cuidado, atrasos sempre podem acontecer. Por isso, é importante ter estratégias claras: negociação de prazos, cobrança humanizada e, em último caso, medidas legais. Isso ajuda a reduzir prejuízos e preservar relacionamentos.

7. Atualizar políticas de crédito constantemente

O mercado muda, as pessoas mudam e a economia também. Por isso, revisar as políticas e ajustar os critérios de tempo em tempo é fundamental para que a gestão continue eficaz.

– Consequências da má gestão de risco de crédito

Quando a gestão de risco de crédito não é bem feita, os impactos aparecem rápido e podem ser bem dolorosos. O aumento da inadimplência pesa no caixa, gera insegurança e pode até atrapalhar o pagamento de compromissos básicos do dia a dia da empresa.

Aos poucos, isso mina a confiança de clientes, parceiros e investidores, que passam a enxergar o negócio como frágil ou desorganizado.

Além disso, a falta de equilíbrio nas finanças pode levar a cortes de investimentos, paralisação de projetos e até demissões, afetando diretamente as pessoas que fazem a empresa acontecer.

No fundo, uma má gestão de crédito não prejudica só os números; ela corrói a confiança, trava o crescimento e coloca em risco a continuidade do negócio. É como dirigir sem freios — cedo ou tarde, a batida acontece.

Como avaliar o risco de crédito na carteira de investimentos?

Avaliar o risco de crédito na carteira de investimentos é, no fundo, medir o quão confiável é quem está do outro lado da operação. É se perguntar se essa empresa, banco ou governo realmente vai me devolver o que prometeu, com os juros combinados.

Para ter essa resposta, vale observar a saúde financeira do emissor, seu histórico de pagamento, a situação do setor em que ele atua e até o momento econômico do país.

As famosas notas de crédito, dadas por agências especializadas, ajudam bastante, mas não devem ser a única referência.

O investidor também precisa ter cuidado em não colocar todos os ovos na mesma cesta, diversificando entre diferentes emissores e prazos.

De forma direta, avaliar o risco de crédito é unir atenção e bom senso para evitar surpresas desagradáveis e garantir que a carteira cresça com segurança e tranquilidade.

Diferença entre risco de crédito e risco financeiro

O risco de crédito e o risco financeiro caminham juntos, mas não são a mesma coisa. O risco de crédito está ligado especificamente à chance de alguém não pagar uma dívida, seja uma pessoa, uma empresa ou até um governo.

É aquele receio de o credor não receber o que emprestou. Já o risco financeiro é mais amplo, envolve todos os tipos de incertezas que podem afetar o dinheiro de uma empresa ou de um investidor, como oscilações de mercado, mudanças na taxa de juros, variações cambiais ou até problemas de gestão interna.

Ou seja, o risco de crédito é um pedaço do risco financeiro. Enquanto um foca na confiança de receber o que foi emprestado, o outro olha para o todo, considerando tudo o que pode impactar a saúde financeira de um negócio ou investimento.

Fontes: Omie; Cora; Serasa; Vexpenses; Serasa Experian

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