30 de novembro de 2021 - por Reuters
Por Ludwig Burger e Emma Thomasson
FRANKFURT/BERLIM (Reuters) – O presidente-executivo da farmacêutica Moderna provocou novo alarme nos mercados financeiros nesta terça-feira ao alertar que as vacinas contra Covid-19 existentes não seriam tão eficazes contra a variante ômicron do coronavírus quanto são contra a delta.
Grandes mercados de ações europeus tiveram quedas de cerca de 1,5% no início do pregão, o índice Nikkei de Tóquio fechou em baixa de 1,6%, os futuros do petróleo bruto recuaram mais de 3% e o dólar australiano atingiu uma mínima em um ano depois que os comentários de Stéphane Bancel desencadearam o temor de que a resistência à vacina possa prolongar a pandemia.
“Não existe um mundo, acho, onde (a eficácia) é do mesmo nível… que tivemos com a delta”, disse Bancel em uma entrevista ao jornal Financial Times.
“Acho que será uma queda palpável. Só não sei o quanto, porque precisamos esperar pelos dados. Mas todos os cientistas com os quais converso… dizem coisas do tipo ‘isto não será nada bom’.”
Em contrapartida, Emer Cooke, diretor-executiva da Agência Europeia de Medicamento (EMA), disse ao Parlamento Europeu que, mesmo que a nova variante se torne mais generalizada, as vacinas atuais continuarão oferecendo proteção.
Andrea Ammon, que preside o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), disse que 42 casos da variante foram confirmados em 10 países da UE. Houve outros seis casos “possíveis”.
Ela disse que os casos vistos foram leves ou assintomáticos, embora em faixas etárias mais jovens.
A Moderna não respondeu a um pedido de comentário da Reuters, nem disse para quando espera dados sobre a eficácia de sua vacina contra a ômicron, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse representar um risco global “muito alto” de surtos de infecções.
Notícias do surgimento da nova variante retiraram cerca de 2 trilhões de dólares em valor das ações globais na sexta-feira, após a variante ser identificada no sul da África e anunciada no dia 25 de novembro.
A OMS e cientistas também dizem que podem ser necessárias semanas para se entender se a ômicron pode causar doenças graves ou escapar da proteção contra imunidade induzida pelas vacinas.
Cooke disse que testes de laboratório de “neutralização cruzada” levarão cerca de duas semanas. Se houver necessidade de alterar vacinas contra Covid-19, novas versões poderiam ser aprovadas dentro de três a quatro meses, acrescentou ela.
“A vacinação provavelmente ainda manterá vocês fora do hospital”, disse John Wherry, diretor do Instituto Penn de Imunologia da cidade norte-americana da Filadélfia.
A Moderna e as farmacêuticas BioNTech e Johnson & Johnson estão trabalhando em vacinas que visam especificamente a ômicron para o caso de seus imunizantes atuais não serem eficazes contra ela. A Moderna também tem testado uma dose mais alta de sua vacina existente.
(Por Marius Zaharia em Hong Kong, Renju Jose em Sydney, Tom Westbrook em Cingapura e redações da Reuters em todo o mundo)