Liquidação do Banco Master: o que aconteceu, quem paga a conta e como acionar o FGC

Liquidação do Banco Master: BC decreta fechamento após esquema de títulos sem lastro e prisão do controlador (novembro/2025). Saiba se seus investimentos estão protegidos pelo FGC, qual o limite por CPF e como acionar o ressarcimento nos próximos dias - quem não agir pode ficar anos na fila de credores.

18 de novembro de 2025 - por Wilker Fagundes


O Banco Master, instituição financeira de grande porte no Brasil, viveu nos últimos dias um desfecho que acabou chocando o mercado por sua magnitude e pelas implicações para investidores, depositantes e para o sistema financeiro como um todo.

Na terça-feira, 18 de novembro de 2025, o Banco Central do Brasil (BC) decretou sua liquidação extrajudicial, ou seja, determinou, após verificação de risco grave à viabilidade da instituição, que o banco pare de operar como sistema normal de intermediação e que se instaure um regime de liquidação com administrador especial encarregado de apurar ativos, passivos, credores e eventual uso dos bens para pagamento.

O que aconteceu com o Banco Master? A cronologia do colapso

Esse desfecho não apareceu do nada. O Banco Master vinha atraindo atenção regulatória por sua estratégia de crescimento agressiva, principalmente através de captações de CDBs de alto rendimento (acima da média de mercado) e de ativos de risco elevado ou de difícil mensuração. À medida que esse modelo se mostrava sustentável apenas enquanto a confiança dos investidores se mantivesse, surgiram alertas sobre a qualidade de crédito, lastro dos papéis emitidos e concentração de riscos.

No momento em que se anunciava uma possível venda da instituição ao Grupo Fictor (com aporte que seria de aproximadamente R$3 bilhões), menos de 24 horas depois veio a decisão do BC de liquidação.

Prisão do controlador: Operação Compliance Zero

Simultaneamente, o controlador do banco, Daniel Bueno Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos enquanto tentava deixar o país. A detenção faz parte da chamada Operação Compliance Zero, que investiga emissão de títulos com lastro duvidoso, gestão temerária e possíveis fraudes envolvendo o banco.

O que muda para o investidor após o Banco Central decretar a liquidação extrajudicial do Banco Master

Para o investidor comum, o que muda agora? Primeiro, há uma realidade objetiva: para muitos clientes do Banco Master, fundos ou depósitos que pensavam estarem seguros poderão não ter a tranquilidade esperada.

A liquidação extrajudicial remove automaticamente a instituição da operação normal, e somente após essa ação é que o ciclo de ressarcimento do FGC se inicia, e mesmo esse ressarcimento está limitado. O FGC já se manifestou dizendo que o pagamento das garantias será realizado conforme seu regulamento, e somente após receber a base de credores e valores do liquidante nomeado pelo BC. Ou seja: não é automático, não é imediato, e depende da entrega de informações por parte da liquidação.

Quanto dinheiro está em risco? Os números da liquidação do Banco Master

No caso específico do Banco Master, estimativas apontam que existiam perto de R$62,2 bilhões em depósitos que poderiam estar cobertos pela garantia do FGC. Apesar de esse volume ter sido divulgado, o FGC não garante todo valor para todos os clientes: a cobertura máxima é de R$250.000,00 por CPF, por instituição ou conglomerado financeiro, em operações elegíveis.

Qual o limite de cobertura do FGC?

Para o que ultrapassar esse limite, o investidor entra em uma “massa de credores” e seu pagamento vai depender da venda de ativos, ações judiciais ou outros processos de liquidação que tendem a levar anos, sem garantia de recuperar tudo.

Ou seja: se você tinha investimento no Banco Master e o valor por CPF e instituição está até R$250.000,00 sua situação está relativamente mais protegida, embora ainda exista trabalho para reivindicar o valor (como veremos abaixo). Se ultrapassa esse valor ou tem ativos que não são cobertos pelo FGC, é preciso compreender que está entrando em um processo de credor comum, com maior risco e prazo mais longo.

Passo a passo: como acionar o FGC e resgatar seu dinheiro

Para acionar o FGC, a seguir estão os passos que você, como investidor ou depositante, deve seguir, baseado nas informações públicas até o momento (vale dizer: ainda pode haver ajustes no processo conforme o liquidante avance):

  • Verifique se seu investimento no Banco Master era elegível à garantia do FGC, ou seja, se era depósito à vista, em conta corrente ou aplicação em CDB/RDB, LCI/LCA, letras de câmbio, etc., emitidas pelo banco ou por entidade do grupo que está sob liquidação. Ativos como títulos públicos, debêntures, CRI/CRA, fundos de investimento ou aplicações fora dessas categorias não têm cobertura do FGC. 
  • Dentro das modalidades elegíveis, verifique o montante por CPF e por instituição. O valor-limite de cobertura é de R$250.000,00. Caso seu saldo ultrapasse esse valor, identifique qual parte está acima da cobertura e prepare-se para ser credor comum da massa falida.
  • Acompanhe o processo de liquidação: o BC nomeou como liquidante a EFB Regimes Especiais de Empresas para o caso do Banco Master, que vai apurar os ativos, os valores devedores e vai estruturar a lista de credores que será enviada ao FGC.
  • Assim que for disponibilizado pelo liquidante, o credor-investidor deverá entrar com requerimento ao FGC. Esse requerimento envolverá cadastro no aplicativo ou sistema digital do FGC, fornecimento de documentos (CPF, comprovante de titularidade, valores a receber, etc.), e aguardar o processamento. O FGC informa que o pagamento será feito após recebimento da base de credores do liquidante e análise conforme regulamento.
  • Fique atento ao prazo: apesar de não haver prazo máximo fixado publicamente para todos os casos, o histórico indica que o pagamento pode ocorrer em 20 a 60 dias úteis após o envio da base pelo liquidante, mas considerando que este caso é de magnitude excepcional, o prazo pode se estender.
  • Para a parte que ultrapassa a cobertura do FGC ou não é elegível, assuma que você está na fila de credores da massa falida. Isso significa que deverá acompanhar os desdobramentos da liquidação, como a venda de ativos do banco, leilões, convocação de credores, e possivelmente intervenções judiciais. A recuperação desse valor pode levar anos e não há garantia de integralidade.

O alerta que todo investidor precisa ouvir sobre o caso Banco Master

Por fim, cabe reforçar um alerta e uma reflexão estratégica: casos como o do Banco Master reforçam que o risco em instituições financeiras, mesmo reguladas, podem assumir formatos inesperados, não basta olhar apenas para rentabilidade ou crescimento acelerado.

O processo de liquidação expôs que captações altas, ativos complexos e modelos de negócios agressivos exigem uma vigilância mais atenta. Para o investidor, isso significa que, ainda que a cobertura do FGC seja uma garantia importante, ela não elimina o risco e tampouco garante que você estará intacto no resultado final. O cenário de liquidação do Banco Master é um lembrete de que gestão de risco, diversificação entre instituições, e atenção à qualidade do emissor são fundamentais.



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