A estratégia simples que revolucionou a Bolsa de Valores (John Bogle)

Aqui no Brasil, temos os holders, seguidores de estratégias como a do Luiz Barsi, que defendem a compra e manutenção de ações de empresas sólidas a longo prazo. Já nos Estados Unidos, existe uma classe semelhante chamada boglehead, que segue os princípios de investimento criados por John Bogle, o fundador da Vanguard.

A estratégia dos bogleheads é focada na simplicidade e eficiência: Bogle acreditava que os investidores deveriam buscar fundos de índice de baixo custo e evitar tentar prever o mercado. Com isso, a ideia é concentrar o tempo e energia nas áreas mais produtivas da vida, enquanto os investimentos são organizados para crescer de forma simples e eficiente, sem complexidades desnecessárias.

Pioneirismo de John Bogle

John Bogle, fundador da Vanguard Group, é conhecido como o autor de Investidor de Bom Senso e o pioneiro na estratégia de investir por meio de índices, o que levou ao surgimento do famoso ETF. Em vez de selecionar ações específicas, Bogle acreditava que seria mais eficiente investir em um conjunto das maiores empresas, como as 500 maiores dos EUA, criando uma carteira mais sólida e menos arriscada. Essa estratégia tem se mostrado tão robusta que supera a performance de cerca de 90% dos investidores individuais.

No Brasil, essa estratégia ainda enfrenta dificuldades, já que temos uma variedade menor de ETFs disponíveis. Bogle defendia que tentar adivinhar quais empresas iriam se valorizar e o melhor momento para comprar ou vender ações traz um risco elevado e custos consideráveis. Em vez disso, ele recomendava algo como investir no IVV, um ETF que replica o S&P 500, permitindo que o investidor aproveite o crescimento da economia como um todo. O índice S&P 500, por exemplo, já se valorizou mais de 679% ao longo de sua existência.

Além disso, o fundo funciona com base no valor de mercado das empresas. Ou seja, quanto maior a empresa, maior a sua participação no ETF, o que reflete o crescimento econômico e reduz a necessidade de tentar ‘escolher’ ações vencedoras.

Minimização de custos

Para justificar sua estratégia, John Bogle faz uma comparação direta entre os custos de investir em fundos ativos e fundos de índice. Em fundos ativos, você paga pelo gestor, pelas movimentações realizadas e pela experiência de toda a equipe. Já em um fundo de índice, uma vez que a estratégia é definida, não há necessidade de arcar com esses custos extras.

Essa diferença se reflete nas taxas: enquanto ETFs de índice cobram cerca de 0,10% ao ano, os fundos ativos aqui no Brasil podem chegar a cobrar 2% ao ano de taxa de administração. Isso faz uma diferença significativa no bolso. Por exemplo, se você investisse R$100 mil em um ETF de índice, pagaria aproximadamente R$500 em taxa de administração ao ano. Em um fundo ativo com taxa de 2%, esse valor sobe para R$2 mil.

Além disso, ao optar por ETFs, você elimina também os custos de corretagem que existem em operações ativas, tornando a estratégia ainda mais econômica.

Diversificação

Outro ponto que John Bogle cita é a possibilidade de diversificação que os ETFs oferecem. Com isso, você reduz suas chances de perder dinheiro em determinado momento do ano. Porque se você tem um percentual da sua carteira em renda fixa e outro em ETFs, um compensa o outro.

Além disso, você também reduz seu risco geográfico, de default, de efeitos não-recorrentes, oscilações em setores específicos. Enfim, protege contra mudanças em praticamente qualquer fator.

Longo prazo

Outro ponto muito citado por Bogle no livro é a necessidade de investir no longo prazo. Ele era enfático ao dizer que não existe investimento de curto prazo.

Inclusive, atribuía a imprevisibilidade a esses investimentos de curto prazo. Por isso, a ideia dele é de sempre investir e reinvestir seus ganhos em ETFs. Inclusive, vários deles já fazem isso automaticamente.

Controle emocional

Outra vantagem de investir passivamente é o controle emocional que ele proporciona. Ao optar pelos ETFs, você não precisa se preocupar com as flutuações de uma única empresa. Sua estratégia se baseia em uma abordagem mais ampla, o que significa que as oscilações do mercado não o afetarão tanto.

Você não precisa se preocupar em saber qual bilionário está tendo o melhor desempenho; desde que as empresas em que você investe gerem lucro e retorno, você se beneficiará disso. As notícias pontuais do mercado se tornam menos relevantes, permitindo que você mantenha a calma.

Em resumo, John Bogle oferece uma visão clara e simplificada do que sempre enfatizamos: compre, aceite que o mercado oscila e diversifique.

Minha opinião

Se você não está disposto a se dedicar por pelo menos três meses para estudar o mercado e aprender a fazer uma boa escolha de ações, ou se já sabe como fazer, mas quer uma base mais sólida, essa estratégia pode ser uma excelente opção para você.

Se você ainda está começando e não tem muito dinheiro, John Bogle pode te ensinar muito. Gostou do tema e quer entender mais detalhadamente sobre o que ele explica no livro? Então, assista ao vídeo completo!

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