18 de dezembro de 2024 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Nas últimas semanas, muito tem se discutido sobre os rumos da economia brasileira, especialmente em meio a críticas de que o governo Lula estaria agravando os problemas econômicos. Entre os pontos mais mencionados estão a alta do dólar, da taxa Selic e da inflação. Apesar desses desafios, o cenário é de uma economia aquecida, o que deveria abrir espaço para ajustes fiscais. No entanto, o governo ainda não apresentou medidas robustas para reduzir os gastos, algo que preocupa o mercado.
Embora exista um consenso de que não há necessidade de injetar mais dinheiro na economia neste momento, decisões políticas parecem estar pesando mais. A busca por popularidade pode ser um dos fatores que impedem ações mais incisivas. Diferente de gestões anteriores, o atual governo enfrenta sua menor popularidade histórica, o que pressiona o presidente a tentar controlar a narrativa pública com declarações e medidas que nem sempre têm o efeito desejado.
Um exemplo disso foi o recente anúncio de um pacote de cortes de gastos. Apesar de representar um passo na direção certa, o plano não conseguiu convencer o mercado, especialmente porque sua votação foi adiada para o próximo ano, que coincide com o calendário eleitoral. Essa postergação diminui significativamente as chances de aprovação e deixa o mercado ainda mais desconfiado.
Com isso, o cenário econômico segue incerto, reforçando a necessidade de decisões firmes e de uma abordagem que priorize a responsabilidade fiscal.
Lula está agindo politicamente?
Discutir temas como corte de gastos, responsabilidade fiscal e finanças pode ser desafiador para a base de apoio do presidente Lula. De certa forma, é como se assuntos que contradizem os valores centrais de um governo fossem abordados — semelhante à dificuldade que o ex-presidente Bolsonaro teria para discutir projetos sociais de inclusão.
No entanto, a indicação de Lula para a presidência do Banco Central foi estratégica. Essa decisão mostra que Lula não pretende se afastar completamente de uma postura econômica responsável, pois sabe dos riscos que uma perda de controle fiscal pode trazer. Ele está ciente das lições deixadas por países como Argentina e Venezuela, onde políticas econômicas mal planejadas levaram a graves crises inflacionárias.
É equivocado subestimar a inteligência política de Lula, considerando que ele ocupa o cargo mais alto da nação. Mais do que ingenuidade, seu comportamento reflete cálculo político. O presidente parece estar “segurando a corda” o máximo possível, apostando que as decisões mais difíceis podem ser adiadas sem consequências imediatas graves.
Essa postura também está diretamente ligada às eleições que se aproximam. Caso Lula não dispute uma reeleição, será crucial construir um sucessor sólido dentro do PT, e o nome mais evidente até agora é o do ministro Fernando Haddad. Com isso, há um temor dentro do partido de que decisões impopulares, como cortes drásticos de gastos, possam comprometer essa sucessão e desestruturar o projeto político.
Do ponto de vista estratégico, faz sentido para Lula adiar medidas mais duras enquanto busca criar condições favoráveis para o fortalecimento do partido e de seus futuros candidatos. No entanto, essa escolha pode trazer riscos significativos, tanto econômicos quanto políticos, dependendo de como a situação evoluir.
Críticos fazem favor ao PT
Os críticos do governo e os liberais, de maneira involuntária, acabam favorecendo o PT e o presidente Lula. A principal razão para isso é que, ao invés de reconhecerem a aproximação do ministro Fernando Haddad com o mercado financeiro, eles optam por sustentar a narrativa de que o governo se opõe completamente à Faria Lima. Esse discurso, por sua vez, reforça a base histórica do PT: criar uma dicotomia em que o mercado financeiro é visto como o grande vilão, enquanto o governo se posiciona como o herói que protege a população.
Essa retórica é um clássico do partido há mais de duas décadas. O PT sempre conseguiu dividir a narrativa, culpando uma parcela da sociedade — no caso, o mercado financeiro e seus representantes — como responsáveis pelos problemas econômicos, enquanto se apresenta como a força que luta pelos interesses do povo.
Na prática, Lula e o PT não estão “acabando com nada”, mas repetindo estratégias políticas que já foram amplamente testadas no passado. Contudo, muitos ainda dão crédito excessivo ao que é dito publicamente por Lula, ignorando que suas ações visam principalmente sustentar os próprios interesses e atender àqueles que financiam o projeto político do partido.
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