27 de agosto de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)

Uma decisão do ministro Flávio Dino pegou muito de surpresa os bancos brasileiros. A medida tem relação direta com a Lei Magnitsky, legislação norte-americana que prevê sanções contra pessoas acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos.
O ministro determinou que qualquer bloqueio de ativos, cancelamento de contratos, transferências ou operações determinadas por Estados estrangeiros só poderão ocorrer mediante autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). Ou seja, isso impede que os bancos brasileiros bloqueiem contas de ministros do STF, para cumprir sanções impostas pelos EUA.
Ou seja, caso as instituições financeiras no Brasil decidam aplicar a Lei Magnitsky contra figuras como Alexandre de Moraes, poderão sofrer sanções em território nacional.
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O dilema dos bancos brasileiros
O problema é que os bancos ficam em uma situação de “dupla pressão”. Caso obedecem ao STF, podem enfrentar multas bilionárias nos EUA. Em contrapartida, se seguirem, se obedecerem às sanções americanas, podem sofrer penalidades aqui, no Brasil.
Alguns exemplos internacionais mostram a gravidade da situação. O BNP Paribas, da França, pagou US$ 8,9 bilhões em 2014 por transações ilegais com países sancionados. O HSBC foi multado em mais de US$ 1 bilhão em 2012 por falhas em compliance. Casos semelhantes também ocorreram com bancos da Alemanha, Reino Unido e Holanda.
Outro ponto de tensão é a possibilidade de os Estados Unidos considerarem grupos criminosos brasileiros, como PCC e Comando Vermelho, organizações terroristas. Ou seja, caso isso ocorra, bancos nacionais podem ser acusados de facilitar transações desses grupos, mesmo sem intenção. Essa interpretação ampliaria ainda mais os riscos de sanções internacionais.
Logo após a decisão de Flávio Dino, ações de grandes bancos listados em bolsa despencaram.
- Banco do Brasil (BBAS3): -6,35%
- BTG Pactual (BPAC11): -6,27%
- Itaú (ITUB3): -3,86%
- Bradesco (BBDC3): -3,84%
Essa queda reflete o receio de que as instituições fiquem vulneráveis à penalidades, o que afetaria diretamente sua lucratividade.
Brasil vai quebrar?
Essa situação coloca o país em uma posição delicada. Afinal, o sistema financeiro brasileiro não tem relevância suficiente para forçar uma negociação de igual para igual com os EUA.
Por isso, o mais provável é que o STF busque alternativas internas para evitar que o sistema bancário seja atingido em cheio.
Conversei com alguns especialistas e eles acreditam que, apesar do tom firme, dificilmente o STF sustentará uma escalada que possa desestabilizar o mercado financeiro.
Nos últimos anos, o Brasil tem passado por altos e baixos. Em 2012, o país parecia que ia decolar! Crescimento acelerado e um otimismo generalizado. No entanto, os escândalos de corrupção e a instabilidade política e crises econômicas frearam esse avanço.
No entanto, o Brasil nunca chegou ao “fundo do poço”. Sempre que os riscos aumentam, algum equilíbrio acaba prevalecendo.
O que o investidor deve fazer?
Diante desse cenário completamente caótico, acredito que devemos fazer investimentos tanto locais, quanto no exterior.
Mesmo com o dólar em trajetória de enfraquecimento global, continua sendo estratégico ter parte do patrimônio no exterior. Ou seja, para quem ainda não diversificou, um bom ponto de partida é destinar pelo menos 20% dos investimentos fora do Brasil. Ou seja, além de proteção cambial, o investidor se expõe a economias mais estáveis e a ativos dolarizados.
Investimentos internos
Apesar dos riscos locais, há setores e empresas que permanecem atrativos. O setor bancário, por exemplo, apresenta múltiplos descontados devido às recentes turbulências. Por isso, para os investidores que acreditam na recuperação de médio prazo, pode ser um momento de entrada.
Além disso, há outro fato que precisa ser observado. Se os grandes bancos e fundos continuam investindo no Brasil, é sinal de que ainda há confiança no mercado. Enquanto não houver fuga de capitais significativa, a leitura predominante é de que o país mantém fundamentos sólidos.
Quer entender melhor sobre o que pode acontecer com os bancos brasileiros e com a economia do nosos país? Então, assista ao vídeo em que explico melhor sobre!
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