20 de janeiro de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Muitas pessoas se perguntam se, com os recentes acontecimentos políticos e econômicos, os ricos realmente deixarão o Brasil. A discussão sobre impostos sobre grandes fortunas, taxação de dividendos e percentual de impostos sobre offshores tem alimentado essa ideia. Mas será que isso vai mesmo acontecer?
Há um equívoco em acreditar que “fugir do Brasil” significa literalmente fazer as malas e sair do país. Na verdade, o processo pode ser bem diferente. Por exemplo, uma pessoa pode obter a cidadania de outro país, como o Uruguai, e formalizar sua expatriação do Brasil. Assim, ela passa a ser tributada de acordo com as regras fiscais do novo país de cidadania, mas pode continuar vivendo no Brasil, trazendo apenas o valor necessário para suas despesas.
Quando olhamos para grandes fortunas, o custo mensal de vida é mínimo em comparação ao patrimônio total dessas pessoas. Ou seja, muitos podem manter sua rotina no Brasil enquanto transferem suas operações financeiras para fora.
Portanto, quando se fala que os ricos “vão fugir” ou “retirar dinheiro do Brasil”, não significa que as fábricas e empresas serão desativadas. A questão envolve o patrimônio financeiro já acumulado, que é transferido para o exterior. Esse movimento, na verdade, já é comum há muito tempo.
As medidas econômicas e fiscais atuais impactam diretamente os super-ricos que ainda mantêm parte de seu patrimônio no Brasil. No entanto, a maioria dos grandes empresários e milionários já diversificou seus investimentos globalmente. Raros são os que têm 100% de seu dinheiro alocado apenas aqui.
Assim, a tendência de retirar dinheiro do país pode crescer com o cenário econômico atual, mas a realidade é que boa parte dos ricos já adotava essa estratégia antes. Afinal, diversificar geograficamente é uma prática básica para proteger grandes fortunas.
Fuga de capital
A discussão sobre a fuga de capitais está mais ligada à forma como o governo administra a economia e utiliza o orçamento público do que a mudanças específicas na legislação, que, aliás, ainda nem foram aprovadas.
Um ponto interessante é que países como Argentina e França tentaram implementar medidas semelhantes recentemente, mas acabaram provocando o efeito contrário: uma intensa fuga de capital. Talvez por isso o governo brasileiro tenha adotado um tom mais cauteloso e diminuído as discussões públicas sobre o tema. Apesar disso, a preocupação com a fuga de capital continua sendo amplamente debatida.
E quanto à tão falada taxação dos ricos? No ano passado, houve um certo alvoroço sobre a taxação dos fundos exclusivos. Porém, o que parecia uma grande mudança foi, na realidade, algo benéfico para os super-ricos. Antes, sacar valores desses fundos era oneroso, já que implicava no pagamento de tributos. Com as alterações propostas, tornou-se possível retirar o dinheiro de forma mais acessível.
Assim, ao invés de representar uma maior tributação sobre os mais ricos, a medida acabou sendo uma solução que facilitou para eles.
Brasileiros estão investindo mais em dólar?
Os investimentos internacionais estão se popularizando cada vez mais aqui no Brasil. As pessoas tem investido mais lá fora, em dólar. Até porque houve uma flexibilização com relação a isso e tem surgido algumas startups que facilitaram o processo. E isso também faz com que o dinheiro seja transferido pra fora do país.
Fuga do Brasil
Os dados apontam que sim. Segundo um relatório da Henley & Partners, cerca de 800 milionários devem ter saído do Brasil em 2024. Apesar de o número final ainda não ter sido consolidado, as projeções indicam algo próximo disso. Além disso, o país registrou uma saída líquida de US$ 18,01 bilhões no mesmo ano — a maior desde 2020. Isso revela que não é apenas o dinheiro dos brasileiros que está saindo, mas também o capital estrangeiro injetado na economia nacional.
Outro fator preocupante é a relação do governo com mercados internacionais. A tensão entre o presidente Lula, Donald Trump e as big techs pode aumentar ainda mais essa tendência de fuga nos próximos anos. Quando somamos isso ao cenário global instável, é natural que investidores busquem alternativas em economias mais sólidas e previsíveis, afastando-se de mercados emergentes como o Brasil.
Brasil vai entrar em conflito com os EUA?
Há sinais de que podemos enfrentar uma crise diplomática com os Estados Unidos nos próximos anos. Um dos motivos é a crescente aliança entre Mark Zuckerberg e Donald Trump, que buscam influenciar outros países a seguirem legislações mais alinhadas aos interesses das empresas americanas.
Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) está investigando Elon Musk, uma figura-chave no governo americano e no setor tecnológico. Essa situação coloca o Brasil em uma posição delicada no cenário internacional, potencialmente gerando atritos com a maior economia do mundo.
O grande risco é o desgaste da imagem do Brasil em escala global, o que pode afetar investimentos e relações comerciais em um momento crucial para a economia do país.
Brasil tem cada vez mais bilionários
Apesar de um cenário econômico e político conturbado, um dado chama atenção: o número de bilionários no Brasil cresceu 33% em 2024. Essa foi a maior alta percentual tanto no aumento de novos bilionários quanto no crescimento de sua riqueza.
Hoje, o patrimônio total dos bilionários brasileiros alcança US$ 154,9 bilhões, representando um crescimento de 37% em suas fortunas no último ano. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos, o aumento no número de bilionários foi de apenas 11%.
Esses números confirmam uma tendência que já mencionei anteriormente: em tempos de crise, há grandes oportunidades para acumular riqueza. E para quem está atento, este pode ser o momento ideal para construir fortuna – talvez a melhor oportunidade da década!
Se ainda tem dúvidas sobre o tema da fuga de capital dos ricos, não deixe de conferir o vídeo onde explico isso em detalhes!
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