Liberalismo: o que é, o que defende, quais as características e tipos

O liberalismo é uma doutrina econômica, política e social. O seu ponto focal está na ideia da liberdade individual e mercantil. Dessa forma, o objetivo é que a população tenha direitos humanos iguais visando a garantia da livre concorrência de mercado.

27 de janeiro de 2021 - por Jaíne Jehniffer


O liberalismo é uma corrente política e moral baseada na liberdade individual, consentimento dos governados e igualdade perante a lei. Ele surgiu no século XVII como uma reação contra o absolutismo e o mercantilismo, ganhando força durante o Iluminismo.

Seus principais teóricos incluem John Locke, Adam Smith e Alexis de Tocqueville. Apesar de variações, o liberalismo defende fundamentalmente a liberdade individual acima de tudo.

Se quer saber mais sobre o liberalismo, continue a leitura!

Quais são as características do liberalismo?

O liberalismo é uma corrente de pensamento que valoriza a liberdade individual e a mínima intervenção do Estado. Uma de suas principais características é a defesa da propriedade privada. Os liberais enfatizam a importância dela como um direito fundamental. Acreditam que os indivíduos devem ter o direito de possuir, usar e dispor de seus bens livremente.

Essa filosofia também promove a liberdade econômica e o livre mercado. Os preços, produção e distribuição de bens e serviços devem ser regulados pela lei da oferta e da procura, sem excessiva intervenção estatal.

O liberalismo prega a mínima participação do Estado nos assuntos econômicos: Os liberais defendem um governo limitado, com o Estado se restringindo a funções essenciais, como defesa, justiça e proteção dos direitos individuais.

Os liberais priorizam as liberdades individuais sobre o coletivo. Em outras palavras, liberdade de expressão, religião, associação e escolha pessoal.

Em suma, o liberalismo busca um equilíbrio entre liberdade individual e responsabilidade social, com ênfase na autonomia dos cidadãos e na limitação do poder estatal.

Quais são os tipos de liberalismo?

Os tipos de liberalismo são:

Liberalismo Político

O liberalismo político se concentra na limitação dos poderes do Estado e na proteção dos direitos individuais. Sua principal característica é a defesa da liberdade individual e a oposição à monarquia absolutista.

Suas teses buscam estabelecer um governo limitado, com poderes claros e controlados, para evitar a opressão estatal.

Por definição, o liberalismo político visa a criação de um Estado de direito, onde os poderes do Estado são divididos e controlados para proteger a liberdade individual e evitar a opressão estatal.

Entre seus teóricos podemos citar John Locke. Sua teoria do contrato social e dos direitos naturais, como o direito à vida, à liberdade e à propriedade, influenciou o liberalismo político.

Charles de Montesquieu, com sua divisão dos poderes estatais em três frentes (legislativo, executivo e judiciário) foi um importante contributo para o liberalismo político.

Liberalismo Econômico

O liberalismo econômico se baseia na ideia de que a economia deve ser livre e autônoma, sem intervenção do Estado. Sua principal característica é a defesa da livre concorrência e da propriedade privada.

Definindo, o liberalismo econômico defende a não intervenção do Estado na economia, permitindo que o mercado regule-se por si mesmo através da lei da oferta e da demanda.

Entre seus principais proponentes estão Adam Smith. Sua teoria da mão invisível, que sugere que o mercado funciona melhor quando os indivíduos buscam seus próprios interesses, é um exemplo clássico do liberalismo econômico.

A Escola Austríaca de Economia, por sua vez, gerou teóricos como Ludwig von Mises e Friedrich Hayek, que desenvolveram o liberalismo econômico, adaptando-o às necessidades do mercado globalizado e do capitalismo moderno.

Esses dois tipos de liberalismo, político e econômico, são fundamentais para entender a ideologia liberal e suas aplicações em diferentes contextos políticos e econômicos.

Qual é a história do liberalismo?

O liberalismo, como um conjunto de ideias que valorizam a liberdade individual e a limitação do poder estatal, tem uma rica história que se entrelaça com diversos eventos e correntes de pensamento ao longo dos séculos.

Ele encontra raízes em movimentos como o Renascimento, a Reforma Protestante e a Revolução Científica, que questionaram as autoridades tradicionais e defenderam a razão, o individualismo e a tolerância.

Figuras como John Locke (Inglaterra), Jean-Jacques Rousseau (França) e Montesquieu (França) lançaram as bases do liberalismo, defendendo direitos naturais, contrato social, divisão de poderes e limitação do governo.

O Iluminismo foi um movimento intelectual que impulsionou as ideias liberais, defendendo a liberdade de expressão, o secularismo, o progresso e a crença no poder da razão para solucionar problemas sociais.

Adam Smith, com sua obra “A Riqueza das Nações” (1776), defendeu o livre mercado, a propriedade privada e a mínima intervenção estatal na economia, influenciando o desenvolvimento do capitalismo.

A Revolução Industrial impulsionou o liberalismo, com o crescimento da indústria, da classe média e da defesa da livre iniciativa.

O liberalismo político buscava limitar o poder dos monarcas absolutistas e defender governos representativos, constitucionais e baseados no consentimento dos governados.

Críticas

Por sua vez, o liberalismo clássico enfrentou críticas por gerar desigualdades sociais e desconsiderar as falhas do mercado. Movimentos como o socialismo e o anarquismo defenderam alternativas ao sistema liberal.

A Primeira Guerra Mundial e seus desdobramentos abalaram a fé no liberalismo clássico, levando ao surgimento de novas ideologias e à busca por soluções para os problemas sociais e econômicos da época.

O Keynesianismo, com John Maynard Keynes, propôs um papel mais ativo do Estado na economia para estabilizar o mercado, enquanto o Neoliberalismo, a partir da década de 1970, retomou princípios liberais clássicos com ênfase no livre mercado e na desregulamentação.

O liberalismo, hoje, apresenta diversas correntes, como o liberalismo social, que defende medidas sociais para reduzir desigualdades, e o libertarianismo, que defende a liberdade individual com pouquíssima ou nenhuma intervenção estatal.

O liberalismo enfrenta desafios como globalização, desigualdades, crises ambientais e ascensão de populismos e autoritarismos.

No Brasil

As ideias liberais influenciaram a formação da República brasileira em 1889, com a Constituição de 1891, que defendia princípios como federalismo, república, separação de poderes e direitos individuais.

Ao longo da história brasileira, o liberalismo coexistiu com outras correntes, como o nacionalismo, o populismo e o socialismo, em um debate constante sobre o papel do Estado e os rumos do país.

No Brasil contemporâneo, o debate sobre o liberalismo se concentra em temas como reformas econômicas, combate às desigualdades, defesa da democracia e papel do Estado na promoção do bem-estar social.

Principais nomes do liberalismo econômico

Adam Smith

Adam Smith (1723-1790), economista escocês, é considerado o pai do liberalismo econômico. Em sua obra mais famosa, “Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações” (1776), Smith defendeu a não intervenção do Estado na economia e a livre concorrência determinada pelas forças do mercado.

Suas principais ideias incluem:

  • Mão invisível do mercado: o mercado se autorregula naturalmente sem a necessidade de intervenção estatal;
  • Divisão do trabalho: quanto maior a divisão do trabalho, maior a produtividade;
  • Livre comércio internacional: os países devem se especializar na produção de bens que possuem vantagem comparativa.

David Ricardo

David Ricardo (1772-1823), economista inglês, foi um dos principais pensadores do liberalismo econômico junto com Adam Smith. Suas principais contribuições incluem:

  • Teoria das vantagens comparativas: os países devem se especializar na produção de bens que possuem menor custo de oportunidade;
  • Teoria do valor-trabalho: o valor de um bem é determinado pela quantidade de trabalho necessária para produzi-lo.

Suas obras mais conhecidas são “Princípios de Economia Política e Tributação” (1817) e “Ensaio sobre a Influência de um Baixo Preço do Cereal sobre os Lucros do Capital” (1815).

John Maynard Keynes

John Maynard Keynes (1883-1946), economista inglês, não pode ser considerado um liberal econômico propriamente dito. Ele foi o principal crítico do liberalismo e desenvolveu uma teoria econômica alternativa durante a Grande Depressão.

As principais ideias de Keynes incluem:

  • Intervenção estatal para estimular a demanda agregada: o Estado deve intervir para aumentar o emprego e a renda durante recessões;
  • Crítica ao laissez-faire: o mercado por si só não garante o pleno emprego e a estabilidade econômica.

Sua obra mais famosa é “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda” (1936), na qual Keynes propôs uma alternativa ao liberalismo econômico.

Quais as diferenças entre o liberalismo e o neoliberalismo?

As diferenças entre o liberalismo e o neoliberalismo são fundamentais e refletem diferentes abordagens filosóficas e práticas políticas e econômicas.

O liberalismo é uma filosofia política e econômica que se baseia na liberdade individual e na não intervenção do Estado na economia. Os principais pensadores do liberalismo incluem Adam Smith e David Ricardo, que defendiam a livre concorrência e a não intervenção do Estado na economia.

Já o neoliberalismo é uma prática política que se baseia em reformas econômicas e políticas para reduzir a intervenção do Estado na economia. Embora tenha origens no liberalismo, o neoliberalismo se distingue por sua ênfase em reformas práticas e imediatas. Os principais pensadores do neoliberalismo incluem Friedrich Hayek e Milton Friedman, que defendiam a privatização e a redução do Estado.

As principais diferenças entre liberalismo e neoliberalismo podem ser definidas como filosofia vs. prática: O liberalismo é uma filosofia que aborda questões teóricas de liberdade e democracia, enquanto o neoliberalismo é uma prática política que se concentra em reformas econômicas e políticas imediatas.

O liberalismo defende a não intervenção do Estado na economia, enquanto o neoliberalismo defende a redução da intervenção estatal, mas não necessariamente a ausência total de intervenção.

O neoliberalismo é mais favorável à globalização e à abertura do comércio internacional, enquanto o liberalismo pode ser mais cauteloso em relação a essas questões.

Agora que você conhece o que é liberalismo, aproveite para conhecer algumas crises que impactaram o mundo, como a crise de 1929 que resultou na quebra de vários bancos e a Crise de 2008, o que foi? Contexto histórico e efeitos no Brasil e no mundo.

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