17 de agosto de 2020 - por Sidemar Castro

Você já ouviu falar sobre a inflação e como isso causa impacto no mercado e na econômica. Por mais que seja o aumento dos produtos e serviços, a inflação não é de todo ruim e, se bem controlada, melhora o cenário como um todo. Mas, quando sai de controle, pode causar sérios danos.
Trouxemos uma explicação mais profunda sobre o assunto para que você fique atento. Confira conosco a seguir.
Leia também: Inflação subjacente: o que é, como se calcula e qual a importância?
O que é inflação?
Todo mundo já ouviu falar sobre inflação! Bom, esse é o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços. A inflação é calculada pelos índices de preços, o que chamamos de índices de inflação.
O IBGE é responsável pela produção de dois dos mais importantes índices de preço, que são o IPCA, considerado oficial pelo governo federal, e o INPC.
Embora pareça assustador falar sobre aumento, a inflação, quando bem controlada, faz a economia do país girar da melhor forma.
Causas da inflação
A inflação acontece por vários motivos que, no fim das contas, se refletem no nosso bolso. Uma das causas mais comuns é quando muita gente quer comprar e não tem produto suficiente. Aí os preços sobem, como numa feira lotada com poucos alimentos.
Também pode acontecer quando produzir ou transportar algo fica mais caro, e esse aumento acaba chegando até a gente.
Tem ainda aquela inflação que se alimenta sozinha, ou seja, todo mundo espera que os preços subam, e acaba reajustando salários e valores por conta disso, o que faz os preços realmente subirem.
E quando o governo coloca muito dinheiro em circulação sem que a produção acompanhe, o excesso de dinheiro faz tudo ficar mais caro. No fim, são vários caminhos diferentes que levam ao mesmo resultado: a gente paga mais e compra menos.
Índices de inflação
1. IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)
Esse é o índice mais famoso e usado para medir a inflação oficial. Ele mostra como os preços de uma lista de produtos e serviços que as famílias brasileiras costumam comprar estão variando.
O governo acompanha ele de perto para saber se a economia está indo bem ou mal.
2. INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)
O INPC é parecido com o IPCA, mas foca nas famílias que ganham menos, aquelas com renda mais baixa. Por isso, é muito usado para reajustar salários, aposentadorias e benefícios, ajudando a proteger quem mais sente a inflação no dia a dia.
3. IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado)
Esse índice é mais amplo e mede preços no atacado, na construção e no consumo. Ele é bastante conhecido porque é usado para reajustar contratos de aluguel, o que afeta muita gente.
4. IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna)
Esse é parecido com o IGP-M, mas olha para os preços durante o mês todo. Empresas e economistas usam ele para analisar melhor como os preços estão mudando no país.
5. IPC (Índice de Preços ao Consumidor)
O IPC também mede a variação dos preços que as famílias pagam, mas é calculado de forma um pouco diferente e considera uma cesta de produtos diferente, o que pode trazer números diferentes.
6. INCC (Índice Nacional de Custo da Construçã)
Esse índice é muito usado no setor da construção civil. Ele mostra como estão os custos de materiais, mão de obra e serviços ligados à construção.
É com base nele que os contratos de financiamento de imóveis, como o Minha Casa Minha Vida, por exemplo, costumam ser reajustados
7. IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo)
Esse índice mede o que acontece com os preços no atacado, ou seja, antes dos produtos chegarem até você. Ele antecipa as tendências da inflação para o consumidor, já que, se o preço no atacado sobe, é bem provável que logo mais suba nas prateleiras também.
Leia também: Entenda o que é inflação e aprenda como se proteger
Tipos de inflação
1. Inflação de deman
Esse tipo acontece quando as pessoas e as empresas estão comprando mais do que a economia consegue produzir. Imagina um supermercado cheio de clientes querendo o mesmo produto, assim a tendência é que o preço suba.
É como se houvesse mais dinheiro circulando do que produtos à venda. Isso costuma acontecer quando a economia está aquecida, com salários em alta, crédito fácil e consumo forte.
2. Inflação de custos
Aqui, o problema está nos custos de produção. Se o preço da energia, do combustível, dos salários ou das matérias-primas sobe, as empresas acabam repassando esse aumento para o consumidor.
Por exemplo, se o petróleo fica mais caro, o frete encarece e isso afeta o preço de tudo que é transportado. Esse tipo de inflação pode acontecer mesmo quando o consumo não está alto.
3. Inflação inercial
É uma inflação que se alimenta sozinha, baseada na expectativa de que os preços vão subir de qualquer jeito. Isso acontece muito em países que já passaram por períodos de inflação alta.
Empresas e trabalhadores se antecipam, os salários são reajustados com base em índices passados, e os preços são aumentados “por precaução”. Isso acaba criando um ciclo difícil de quebrar.
4. Inflação estrutural
Essa tem a ver com falhas na estrutura da economia, como falta de infraestrutura, baixa produtividade ou problemas logísticos.
Mesmo que a demanda não esteja tão alta, esses gargalos impedem que a oferta cresça, e aí os preços sobem.
É comum em países em desenvolvimento, onde nem sempre os produtos chegam onde deveriam ou são produzidos em quantidade suficiente.
5. Inflação monetária
Esse tipo aparece quando o governo emite dinheiro demais ou aumenta muito o crédito disponível. Com mais dinheiro circulando, a demanda aumenta e, como a produção não cresce na mesma velocidade, os preços sobem.
É como se o valor do dinheiro diminuísse. Você precisa de mais reais para comprar as mesmas coisas.
6. Inflação importada
Acontece quando os preços sobem por causa de aumentos no exterior, como a alta do dólar ou de produtos importados.
Se o petróleo ou o trigo ficam mais caros lá fora, por exemplo, isso afeta o preço dos combustíveis e dos alimentos aqui também. Além disso, se o real se desvaloriza, tudo que é importado fica mais caro.
Quais são as consequências da inflação?
A inflação reduz o nosso poder de compra e gera incertezas significativas na economia, o que acaba desestimulando o investimento e, consequentemente, prejudicando o crescimento econômico.
Os preços relativos ficam distorcidos, o que gera várias ineficiências em nossa economia.
Os cidadãos e as empresas perdem a noção dos preços relativos e, desta maneira, fica mais difícil avaliar se algo está no valor correto ou caro.
A inflação afeta particularmente as camadas menos fortalecidas da população geral, uma vez que essas têm menos acesso a instrumentos financeiros para se defender do cenário.
Inflação alta também aumenta o custo da dívida pública, já que as taxas de juris dessa dívida têm de compensar não apenas o efeito da inflação, mas também têm de incluir um prêmio de risco para compensar essas dúvidas associadas a inflação mais alta.
Como a inflação é calculada?
A inflação é medida observando quanto os preços das coisas que a gente usa e consome no dia a dia mudam ao longo do tempo.
O IBGE faz isso montando uma espécie de cesta básica do cotidiano, com alimentos, transporte, aluguel, luz, remédio, escola, roupa, e muito mais. Cada item tem um peso diferente, porque nem tudo tem o mesmo impacto no bolso. O preço do arroz, por exemplo, pesa mais do que o de um perfume.
Todo mês, os pesquisadores vão a campo, visitam comércios, mercados, postos, e registram os preços. Depois, comparam com os valores do mês anterior.
Se a maioria subiu, a inflação subiu. Se caiu, é deflação. No fim, eles fazem uma média, considerando o peso de cada item na vida das pessoas.
O número final, tipo “inflação de 0,40%”, mostra quanto, em média, o custo de vida aumentou naquele mês. Esses dados são super importantes, porque ajudam a definir reajustes de salários, aposentadorias, aluguéis, além de orientar as decisões do governo sobre juros e economia. É basicamente uma forma de medir o quanto nosso dinheiro está rendendo ou não com o passar do tempo.
Inflação do Brasil hoje
Hoje (junho de 2025), a inflação no Brasil continua acima do ideal, mas vem dando sinais de desaceleração. Em maio de 2025, o IPCA subiu 0,26%, uma alta menor do que a registrada em abril, que foi de 0,43%.
No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação chegou a 5,32%, acima da meta do Banco Central, que é de 3%, com limite de até 4,5%.
Na prática, isso significa que o custo de vida ainda está pesado, principalmente por causa de aumentos em moradia, combustíveis e alimentos.
Para tentar controlar isso, o Banco Central tem mantido os juros altos. A boa notícia é que, se esse ritmo de desaceleração continuar, a inflação pode voltar para dentro da meta nos próximos meses.
Mas, por enquanto, o bolso do consumidor ainda sente.
Efeitos positivos da inflação
Diferente do que muitos pensam, a inflação não é de todo ruim. Quando controlada, é um sinal de que a economia está aquecia e numa crescente saudável. Por esse motivo, é preciso ter inflação. Isso vale para todos os países!
O Brasil tem uma meta anual de inflação para dar uma segurança para a economia. Logo, é uma ótima maneira de garantir que a economia do país continue crescendo e os preços, controlados.
Ter o índice de inflação controlado é garantia de previsibilidade a longo prazo! Isso quer dizer que os investidores e empresários conseguem apostar e investir no país de forma mais tranquila, trazendo mais dinheiro para a economia.
Como falamos, a inflação se não for controlada, é ruim pro país, se tornando uma hiperinflação.
Controle da inflação
Controlar a inflação é tipo segurar a barra quando as coisas começam a ficar muito caras rápido demais. O Banco Central é quem toma conta disso, e o jeito principal que eles têm é mexendo na taxa de juros, pensa nisso como o preço para pegar dinheiro emprestado.
Quando a inflação sobe, eles aumentam os juros pra que as pessoas pensem duas vezes antes de sairem gastando ou pegando crédito, porque fica mais caro. Aí, as pessoas acabam comprando menos e isso ajuda os preços a não dispararem.
Além disso, o governo pode tentar controlar os gastos dele ou dar um jeito pra que tenha mais produtos disponíveis, assim não falta nada e os preços não sobem tanto.
No fundo, a ideia é deixar o preço das coisas mais estável pra gente não ficar sempre correndo atrás do prejuízo na hora de fazer a feira ou pagar as contas.
Mas não é simples! Se eles apertam demais, a economia dá uma desacelerada, pode faltar emprego e tudo fica meio devagar. Então, controlar a inflação é meio que um jogo de equilíbrio, onde tem que saber a hora de segurar e a hora de deixar fluir.
O que é deflação?
Deflação é quando as coisas ficam mais baratas, ou seja, os preços caem, ao invés de subir, que é o que acontece na inflação. Parece bom! Quem não gosta de pagar menos? Mas, na real, isso pode acabar complicando as coisas para todo mundo.
Quando os preços começam a cair, muita gente começa a segurar a grana. As lojas e as empresas acabam vendendo menos, porque todo mundo fica na espera. Com menos vendas, elas produzem menos, e, infelizmente, acabam cortando gente para não perder dinheiro.
Isso faz a economia dar uma desacelerada forte, e o problema é que quem mais sofre são os trabalhadores, que podem perder o emprego e ficar com o bolso mais vazio.
Então, apesar de parecer bom pagar menos, a deflação deixa o dinheiro meio travado, sem circular direito, e isso faz todo mundo acabar prejudicado no fim das contas.
O que a gente quer mesmo é um preço justo, estável, que dê para planejar a vida sem susto, para a economia girar e todo mundo sair ganhando.
O que é hiperinflação
Hiperinflação é quando os preços das coisas disparam de forma absurda e muito rápida. Tipo, você vai no mercado hoje e compra um pacote de arroz por R$ 10, e quando volta amanhã, já custa R$ 20.
Depois de uns dias, tá R$ 50. É como se o dinheiro simplesmente perdesse o valor diante dos seus olhos.
Nesse cenário, as pessoas correm pra gastar o que têm o mais rápido possível, porque sabem que, se esperarem, aquele dinheiro não vai valer quase nada.
Comprar o básico vira uma corrida contra o tempo. Salários não acompanham os aumentos, o dinheiro não dá pra quase nada, e tudo vira um caos, como o planejamento financeiro, poupança, salário. Tudo perde sentido.
O Brasil passou por isso nos anos 80 e começo dos 90. Era comum as lojas mudarem os preços várias vezes num mesmo dia, e muita gente recebia o salário e ia direto gastar, antes que o dinheiro virasse pó.
Só depois de muitos planos econômicos e a criação do Plano Real é que conseguimos colocar ordem na casa.
Fontes: IBGE; BCB; Info Money; ECB; Nubank