15 de janeiro de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Recentemente, a Receita Federal publicou uma portaria que determinou maior fiscalização sobre transações financeiras a partir de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas. É importante destacar que, em nenhum momento, o texto menciona a criação de novos impostos, tributos ou taxas. Ou seja, nenhum tributo novo foi implementado.
Apesar disso, a notícia gerou alarde. Muitos afirmaram que a medida poderia prejudicar pequenos comerciantes, como vendedores de brigadeiros ou frutas nas ruas. No entanto, a realidade é que a Receita Federal já fiscalizava essas movimentações financeiras nos grandes bancos. A mudança, de fato, foi a ampliação da fiscalização para outras instituições financeiras e bancos menores.
Essa atualização, que deveria ser um ajuste técnico, acabou gerando um “buzz” desproporcional. Diante da repercussão, a Receita se posicionou para esclarecer os pontos da nova portaria e minimizar os mal-entendidos sobre seu impacto real.
O que a Receita Federal diz a respeito
A Receita Federal respondeu às críticas sobre a nova portaria de fiscalização com um memorando. No documento, a instituição esclareceu que a medida tem como objetivo combater a evasão fiscal e a sonegação de impostos, além de focar em atividades suspeitas, como lavagem de dinheiro e movimentações relacionadas ao crime organizado. Ainda destacou que o trabalhador ou pequeno empresário não são os alvos da fiscalização.
Apesar da explicação, a reação negativa da população parece ter surpreendido a Receita. A expectativa era de uma recepção mais neutra, mas a insatisfação foi imediata. Isso reflete um contexto maior: nos últimos meses, medidas tributárias, como a discussão sobre a taxação das “blusinhas” e outros tributos menores, têm alimentado o estresse coletivo.
A população está esgotada com a constante pressão fiscal, o que torna qualquer menção a impostos um gatilho de insatisfação. Nesse cenário, uma mudança na fiscalização, mesmo sem criar novos tributos, acabou gerando um “buzz” inesperado.
A Receita Federal provavelmente subestimou o impacto dessa decisão, especialmente pela data de publicação, que sugeria a tentativa de uma abordagem discreta. Com a proximidade de um ano eleitoral, o governo recuou rapidamente, evitando desgastes que poderiam prejudicar a gestão Lula.
Impacto das novas regras
A Receita Federal divulgou argumentos para justificar as novas regras de fiscalização. Um dos pontos levantados foi o impacto positivo para a declaração pré-preenchida do Imposto de Renda. A ideia seria que o reforço na coleta de dados ajudaria a reduzir erros e diminuir a possibilidade de cair na malha fina. No entanto, essa explicação parece contraditória por natureza. Como informações bancárias mais detalhadas poderiam ser utilizadas na declaração sem desrespeitar o sigilo fiscal e bancário?
Outro ponto esclarecido foi a periodicidade do envio dessas informações. Transações realizadas entre janeiro e junho devem ser comunicadas até o último dia útil de agosto, enquanto as de julho a dezembro, até o final de fevereiro do ano seguinte.
Por fim, a Receita garantiu que o sigilo bancário seria respeitado, afirmando que os dados seriam utilizados em conformidade com as normas legais. Mas, novamente, isso levanta mais dúvidas do que esclarece. Se os dados são sigilosos, como podem ser integrados à declaração pré-preenchida? Essa incoerência reforça a percepção de que a medida carece de transparência e uma comunicação mais clara com a população.
O que acho a respeito disso tudo?
Mas enfim, depois de tudo isso, o que acho que a Receita Federal vai fazer? Porque isso aqui estourou completamente a bolha, chegou em toda a população. Por isso, acredito que a Receita não vai fazer nada por agora. Mas, não dá pra negar que nos próximos anos é muito provável que isso passe a ser utilizado para colocar as pessoas na malha fina. Não dá pra negar que em algum momento vão querer usar isso para aumentar esse tributo para as pessoas que sonegam.
E muitas vezes quando falam isso aqui, as pessoas pensam que isso vai afetar as grandes empresas. Mas, já falei isso aqui algumas vezes. O que as grandes empresas fazem não é sonegação fiscal, é elisão fiscal e tem uma diferença muito grande. Porque eles operam dentro da excessão do que diz a lei e por isso, eles não necessariamente estão infringindo a lei.
Não se engane
Agora, o que os autônomos fazem no geral? A grande maioria não faz a declaração de imposto, não imagina como fazer isso e, por isso, essas pessoas não pagam tributo. É inegável que no mínimo a Receita está tentando observar o tamanho desse mercado.
Simplesmente o governo quer saber o quanto você está movimentando? Ou em algum momento ele quer começar a te tributar? Obviamente, que é a segunda opção. Todas essas informações saíram da Receita e se você analisar de maneira crítica, vai perceber que eles estão tentando entender qual o tamanho dessa economia. Eles estão estudando, para ver o que eles podem fazer no futuro. A Receita não faz estudo para nada, obviamente existe um interesse por trás disso.
Mas, basicamente é isso. Ficou com alguma dúvida sobre? Então, assista ao vídeo em que explico melhor sobre!
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