5 de novembro de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Todos os anos, quando chega novembro, o Brasil entra no frenesi da Black Friday. Propagandas por todos os lados, lojas prometendo descontos imperdíveis e consumidores ansiosos por “grandes oportunidades”. Mas será que essa tradição faz sentido por aqui?
A verdade é que a Black Friday no Brasil virou uma grande distorção de uma data que, originalmente, tem outro propósito. Por isso hoje, vamos entender de onde veio essa tradição e como você pode se beneficiar dela sem cair em armadilhas.
Veja mais: Taxa de desconto: o que é, como calcular e exemplo
A origem da Black Friday
A Black Friday acontece sempre na sexta-feira seguinte ao feriado de Ação de Graças (Thanksgiving), um dos mais importantes dos Estados Unidos. O Thanksgiving é uma celebração de gratidão, com fortes raízes protestantes, por isso ele não faz parte da nossa cultura que é predominantemente católica.
Nos EUA, o feriado marca o início da temporada de compras de fim de ano. As famílias se reúnem, as pessoas tiram folga e as lojas aproveitam o momento para liquidar estoques e abrir espaço para os produtos de Natal.
Faz todo sentido dentro do calendário e do contexto americano.
Como a Black Friday chegou ao Brasil
No Brasil, o cenário é completamente diferente. Aqui, a Black Friday não tem nenhuma ligação com o Thanksgiving, ela foi importada apenas como uma oportunidade comercial.
O movimento começou por volta de 2010, quando redes como a Ricardo Eletro investiram em grandes campanhas publicitárias para criar a ideia de “Black Friday” na cabeça do consumidor. Outras lojas seguiram o mesmo caminho e o fenômeno cresceu rapidamente.
O problema é que, sem um contexto cultural, o comércio começou a adiantar cada vez mais a data.
Hoje, mal chega outubro e já ouvimos falar em “Black November”, “Black Week” e até “Black Outubro”.
Tudo para tentar capturar o dinheiro do 13º antes que o consumidor o gaste com outras coisas.
Por que a Black Friday não faz sentido no Brasil?
Nos EUA, a Black Friday é uma data lógica e funcional. No Brasil, é uma mistura de marketing agressivo, desorganização e falsos descontos.
A gente não tem o feriado, não tem o clima de fim de ano, e o comércio tenta esticar tanto o calendário que as datas perdem o sentido. Hoje já montamos árvore de Natal em outubro e quando o Natal chega de fato, ninguém sente mais o espírito natalino.
Além disso, há outros problemas bem práticos:
- Descontos falsos e remarcações de preço;
- Sites que caem e entregas que atrasam;
- Falta de transparência e confiança nas promoções.
O resultado é um consumidor cada vez mais desconfiado e uma data que virou meme nas redes sociais.
E os produtos digitais?
Nos últimos anos, até os infoprodutores e empresas de cursos online entraram na onda da Black Friday.
O que não faz nenhum sentido!
A lógica da Black Friday é queimar estoque físico, o que não se aplica a produtos digitais, como acessos, assinaturas e cursos online.
Quando uma empresa que vende educação financeira, por exemplo, faz uma promoção agressiva nessa data, acaba estimulando o consumo por impulso. O que é o oposto da mensagem que deveria ser transmitida.
Como se beneficiar da Black Friday (sem cair em armadilhas)
Apesar de tudo, ainda é possível aproveitar a Black Friday de forma inteligente. O segredo está no planejamento.
Compre apenas o que você já precisava. Se o produto que você deseja realmente está com preço menor, ótimo. Mas se o preço está igual ou até maior, não há vantagem alguma.
Além disso, é importante acompanhar o histórico de preços. Sites como Buscapé e Zoom mostram gráficos de variação de preço ao longo dos meses. Assim, você pode ver se o desconto é real ou apenas maquiagem de preço.
Evite o impulso! Não abra sites de compras se você não tem nada planejado para comprar. Antecipar faturas e “se preparar para gastar” é a receita perfeita para o arrependimento.
O perigo do consumismo
O maior problema da Black Friday no Brasil é que ela estimula o consumo vazio: comprar por comprar, sem necessidade, sem reflexão.
É uma data que perdeu qualquer ligação com o sentido original e se transformou em mais um símbolo do consumismo irracional.
Ensinar nossos filhos a enxergar isso com senso crítico é um passo importante. Afinal, o Natal não é sobre presentes caros e sim sobre conexão, fé e convivência.
E é por isso, que nós não vamos fazer nenhuma Black Friday esse ano. Quer entender melhor sobre e o porquê você deveria fugir? Então, assista ao vídeo em que comento sobre!
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