23 de outubro de 2025 - por Wilker Fagundes

O ouro voltou aos holofotes do mercado financeiro, e não é por acaso.
Em 2025, o metal precioso já acumula alta expressiva, impulsionado por juros reais baixos, compras de bancos centrais e um mundo mergulhado em tensões geopolíticas. Explicaremos o porquê essa alta é estrutural e como você deve interpretar o metal precioso na sua estratégia de diversificação.
Uma linha do tempo do ouro: de símbolo de poder a ativo global
1. Antiguidade: o brilho que simbolizava poder e credibilidade
Desde o Egito Antigo até Roma, o ouro foi visto como a linguagem material do poder. Por ser raro, durável e maleável, virou símbolo de autoridade política e religiosa.
Muito além de joias, o metal servia como representação tangível de confiança e status, o que pavimentou sua função como padrão de valor.
2. Da peça de luxo à moeda oficial
Na Grécia e em Roma, o ouro ganhou forma de moeda, como o aureus romano, usado para padronizar impostos e trocas comerciais. Com isso, o metal passou a ser:
• Moeda-mercadoria: tinha valor intrínseco e circulava globalmente.
• Instrumento de confiança: o Estado regulava pureza e peso, reduzindo fraudes e consolidando o ouro como unidade de conta.
3. Idade Média: o ouro como porto-seguro em tempos de incerteza
Guerras, crises e colapsos tornaram o futuro imprevisível. Nesse cenário, reis e nobres acumulavam ouro como seguro contra instabilidade política e monetária. Ele representava algo raro: um ativo sem risco de contraparte, não dependia da promessa de nenhum governo.
4. Grandes Navegações: quando o ouro muda o jogo econômico
Nos séculos XVI e XVII, o ouro das Américas inundou a Europa. Essa abundância aumentou a base monetária e impulsionou o comércio, mas também gerou inflação. Foi o primeiro grande “experimento histórico” sobre como a expansão da oferta monetária afeta os preços e o poder de compra.
5. Século XIX: o padrão-ouro e a era da disciplina
Durante o século XIX, diversas nações adotaram o padrão-ouro, ancorando suas moedas a uma quantia fixa do metal.
Isso trouxe estabilidade cambial e confiança, mas com um custo:
• Prós: previsibilidade nas transações internacionais.
No padrão-ouro as moedas tinham valor fixo em relação ao ouro, o que trazia estabilidade cambial. Isso facilitava o comércio entre países, pois todos sabiam exatamente quanto valia cada moeda, reduzindo riscos de variação cambial e aumentando a confiança nos contratos e trocas internacionais.
• Contras: pouca flexibilidade para lidar com crises e recessões.
Como a quantidade de moeda em circulação dependia das reservas de ouro, os governos não podiam expandir a base monetária facilmente. Em períodos de crise, isso limitava a capacidade de injetar liquidez na economia (como cortar juros ou aumentar gastos públicos), tornando a recuperação mais lenta e dolorosa.
6. Século XX: guerras e o fim do lastro
As guerras mundiais e a reconstrução exigiram flexibilidade fiscal e monetária. O padrão-ouro foi sendo abandonado gradualmente, até que nos anos 1970 o lastro foi definitivamente rompido.
Fim do pacto de Bretton Woods: nascia a era das moedas fiduciárias, sustentadas não por metal, mas por confiança nos governos e bancos centrais.
7. O ouro no mundo moderno: de moeda a ativo financeiro
Mesmo sem lastro oficial, o ouro manteve relevância agora como ativo financeiro global. Hoje, ele cumpre três papéis principais:
- 1. Reserva de valor: protege contra a perda do poder de compra.
- 2. Seguro de portfólio: atua como defesa em crises e choques inflacionários.
- 3. Proteção cambial: preserva patrimônio quando o dólar e outras moedas perdem força.
Quando os juros reais caem (juros nominais – inflação), o custo de manter ouro diminui, e sua demanda tende a subir. Por isso, em tempos de instabilidade, investidores buscam o metal como refúgio.
Por que o ouro está atingindo recordes em 2025?
A subida do preço do ouro não é acaso. É um reflexo da confluência de fatores macroeconômicos e geopolíticos que, sob a ótica fundamentalista, injetam um suporte de longo prazo ao metal. Em 2025, o ouro superou US$ 4.100 por onça, acumulando mais de 50% de valorização no ano até o momento.
Mas o movimento não é apenas especulativo, reflete mudanças estruturais no cenário global:
- 1. Juros reais baixo: com expectativas de cortes, ativos reais ganham atratividade.
- 2. Compras de bancos centrais: instituições ao redor do mundo têm aumentado as reservas em ouro.
- 3. Incertezas geopolíticas: guerras e tensões comerciais elevam a busca por proteção.
- 4. Desvalorização do dólar: investidores diversificam diante de um dólar mais fraco.
- 5. Oferta limitada e custo de produção crescente: as minas não conseguem expandir a oferta rapidamente. O ouro é um ativo finito.
O ouro como reserva de valor e instrumento de diversificação:
O ouro não gera juros ou dividendos, mas preserva poder de compra em qualquer época da história. Enquanto moedas perdem valor com inflação, o ouro se mantém escasso e amplamente aceito.
Além disso:
- Facilidade de acesso: hoje é possível investir em ouro via ETFs, fundos, derivativos ou mineradoras.
- Correlação baixa com ações: reduz a volatilidade da carteira.
- Resiste a crises: costuma se valorizar em períodos de estagflação, crises cambiais ou recessões.
De símbolo de poder no Egito ao refúgio moderno contra crises financeiras, o ouro nos ensina uma lição simples:
O metal é o termômetro da confiança. Quando há desconfiança nas moedas e nas políticas, ele se traduz em segurança. O ouro possui uma oferta limitada e é o seguro contra a erosão do poder de compra.
Moedas vêm e vão. O ouro permanece há milênios.
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