12 de junho de 2025 - por Diogo Silva
O Brasil está em situação ruim, com um grande déficit nominal. A realidade é que estamos entre os países com os maiores déficits do mundo, de acordo com um estudo do Banco BTG Pactual. Isso liga um alerta para os próximos anos, com previsões de agravamento da dívida pública e novos desafios à gestão fiscal.
Mas, você sabe o que, de fato, é o déficit nominal e como ele afeta os investimentos? Confira a seguir o texto que preparamos, com detalhes sobre o assunto.
O que é déficit nominal?
Déficit Nominal representa a diferença entre as receitas. Todas elas! Isso inclui aplicações financeiras e as despesas como um todo, que englobam os juros de determinada dívida. Quando as receitas são superiores as despesas, chamamos de superávit nominal.
Porém, o Brasil vem enfrentando um cenário diferente, onde as despesas superam amplamente as receitas, o que resulta em um déficit nominal extremamente elevado.
A nível de comparação, somente a Bolívia apresente um déficit nominal pior do que o do nosso país, quando listamos as principais economias emergentes e desenvolvidas.
Até mesmo os países como China e Estados Unidos, que possuem economias de dimensão muito maiores, apresentam resultados preocupantes.
Leia também: Superávit primário, o que é? Cálculo e diferenças entre déficit primário
Como ocorre o déficit nominal?
Como foi dito, o Déficit Nominal é provocado pelo aumento das despesas em comparação às receitas de um país ou por alguma movimentação que traga prejuízo.
Assim, ele tem por conceito ser aquele que expressa com mais fidelidade o cenário fiscal daquele país.
Se os juros da dívida estiverem sendo calculados, o país pode conseguir alcançar um superávit primário, mas ao mesmo tempo de reconhecer um Déficit Nominal. Isso aconteceria no Brasil por alguns anos, por exemplo.
Isso pode se tornar uma realidade por causa dos juros da dívida. Mesmo com dinheiro extra, sobrando, depois de pagar os gastos do governo, o valor dos juros pode ser extremamente alto, de forma que acaba gerando uma situação de Déficit Nominal.
Quais são as consequências do déficit nominal?
Nem sempre ter um Déficit Nominal significa que um país está em crise. Se ele ainda consegue arrecadar mais do que gasta, tirando os juros da dívida, isso já mostra que as contas públicas não estão totalmente fora de controle.
O problema começa quando os juros da dívida são altos demais e o governo não tem como pagá-los com o que arrecada. Aí a dívida vai crescendo sem parar, o que pode virar um grande risco a longo prazo.
Vale lembrar que muitos países, inclusive desenvolvidos, convivem com Déficit Nominal e nem por isso enfrentam desemprego em massa ou pobreza extrema.
Alguns até continuam crescendo normalmente. Isso acontece porque eles têm uma economia sólida, mais confiança do mercado e acesso mais fácil a crédito.
Agora, quando falamos de países em desenvolvimento, o cenário muda. Esses países precisam mostrar responsabilidade fiscal para atrair investimentos e manter a estabilidade.
Qualquer tipo de déficit, nesse caso, pode ser visto como sinal de desorganização, o que espanta investidores e dificulta o crescimento.
Por isso, é tão importante olhar não só para o valor do déficit, mas também para sua trajetória ao longo do tempo. Ver se ele está aumentando ou diminuindo ajuda a entender se o país está no caminho certo ou não.
E mais do que isso, permite identificar onde estão os maiores problemas: se é excesso de gasto, queda na arrecadação ou outro fator.
Leia também: Déficit, o que é? Conceito, tipos, como calcular e diferença entre superavit
Déficit nominal do Brasil
O Brasil enfrente sérios problemas na situação fiscal, com projeções indicando um déficit nominal de 8,6% do PIB em 2025, sendo o segundo maior do mundo, atrás somente da Bolívia.
Esse déficit reflete a diferença entre as receitas e despesas do governo. Isso inclui os pagamentos de juros da dívida pública.
Em 2024, os juros representaram 7,5% do PIB, sofrendo assim um aumento. As contas do governo, como o Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central, também apresentam resultados negativos, o que contribui para o aumento desse déficit.
Enquanto isso, países como México, Colômbia, Chile e Peru devem registrar déficits abaixo de 4% do PIB. O Brasil é o único país emergente com situação alarmante assim.
O Governo brasileiro implementou medidas a fim de controlar os gastos públicos, como o novo arcabouço fiscal, limitando o crescimento das despesas à inflação mais 70% do crescimento real das receitas. Porém, especialistas apontam que essas atitudes ainda não são suficientes para estabilizar a dívida pública.
Diferenças entre o déficit nominal e o déficit primário
Quando a gente ouve falar em “déficit primário” e “déficit nominal”, pode parecer complicado à primeira vista, mas a diferença entre eles é mais simples do que parece.
É só pensar que os dois mostram se o governo está gastando mais do que arrecada, só que cada um olha para uma parte diferente dessa conta.
O déficit primário é como se fosse uma fotografia da gestão do dinheiro público, sem os juros da dívida. Ele mostra se o governo está conseguindo pagar as contas do dia a dia, como saúde, educação, obras, salários, com o que arrecada em impostos e contribuições.
Se ele gasta mais do que entra, aí tem déficit primário. Se sobra, é superávit primário. É basicamente um: “estou conseguindo me manter com o que ganho, sem considerar dívidas antigas?”
Já o déficit nominal é a conta completa, que inclui também os juros da dívida pública, aquele valor que o governo precisa pagar só por dever.
Então mesmo que o governo esteja cuidando direitinho do caixa e gastando menos do que arrecada, se os juros da dívida forem muito altos, ele ainda pode terminar no vermelho. E é aí que entra o déficit nominal.
Fontes: Mais Retorno; Crecerto; Sincop; Info Money;