28 de outubro de 2025 - por Millena Santos
Em determinados mercados, a distribuição do poder de compra não ocorre de forma uniforme, o que influencia diretamente a formação de preços e as condições de negociação.
Nesse contexto, destacam-se o monopsônio, em que um único comprador concentra a demanda diante de vários vendedores, e o oligopsônio, caracterizado pela presença de poucos compradores com grande capacidade de decisão.
Neste texto, a gente te explica cada um desses conceitos. Vamos lá?
O que é monopsônio?
Monopsônio é uma situação de mercado em que apenas um comprador concentra a demanda por determinado produto ou serviço, enquanto vários vendedores competem para oferecer o que produzem.
Nesse tipo de mercado, o poder de negociação se desloca quase totalmente para o lado do comprador, que passa a influenciar diretamente os preços e as condições de troca.
Pense em regiões onde uma única empresa emprega quase toda a população. Quem precisa trabalhar acaba tendo essa empresa como principal (ou única) opção, o que faz com que ela tenha liberdade para definir salários e regras de contratação.
O mesmo pode ocorrer com agricultores que dependem de uma única indústria para escoar sua produção: ainda que existam muitos produtores, todos dependem do mesmo comprador.
Como funciona o monopsônio?
Em um mercado competitivo, vários compradores disputam a compra de um produto, o que tende a elevar preços e favorecer quem está vendendo.
No monopsônio, porém, essa lógica, como a gente viu, se inverte: existe apenas um comprador relevante, que concentra a demanda e passa a ditar grande parte das condições.
Nesse cenário, o lado comprador atua com um poder de negociação muito maior que o dos vendedores. Como muitas empresas ou produtores dependem daquele único cliente para continuar operando, acabam aceitando preços mais baixos ou termos menos vantajosos.
Diante disso, o resultado é uma relação de troca desigual, em que o comprador determina quanto está disposto a pagar, e os vendedores, por falta de alternativas, seguem essa referência.
Exemplo de monopsônio
Imagine uma cidade pequena cujo principal sustento econômico gira em torno da atividade mineradora. Ali, existe apenas uma grande empresa responsável por quase todas as vagas de trabalho disponíveis.
Pessoas que moram na região e precisam de emprego acabam se voltando, inevitavelmente, para essa mesma companhia.
Nesse contexto, a empresa se torna o único grande comprador de mão de obra. Há muitas pessoas dispostas a trabalhar (vários vendedores do serviço), mas apenas um contratante com capacidade real de absorver essa oferta.
Como não há alternativas locais de emprego que concorram com ela, a mineradora assume uma posição privilegiada para determinar salários e condições de trabalho.
Se decidir oferecer um salário mais baixo, por exemplo, grande parte da população ainda aceitará, pois a alternativa seria não ter renda. Assim, o poder de negociação se concentra quase totalmente nas mãos da empresa.
O que é oligopsônio?
O oligopsônio é um tipo de estrutura de mercado no qual poucas empresas ou compradores têm grande poder de compra diante de muitos vendedores.
Na prática, significa que um número reduzido de compradores consegue influenciar preços, condições de negociação e até a forma como os produtores organizam sua oferta.
Esse cenário costuma aparecer em setores onde a produção é ampla, mas a capacidade de compra é concentrada nas mãos de poucos.
Com isso, esses compradores conseguem negociar preços mais baixos ou impor condições, afinal eles já sabem que os vendedores dependem deles para escoar sua produção.
Diferente do monopsônio, em que existe apenas um comprador dominante, no oligopsônio há poucos compradores, mas o efeito ainda se aproxima: o poder de barganha fica concentrado e a competição se torna desigual.
Vale lembrar que esse tipo de estrutura é considerado uma forma de concorrência imperfeita, pois não há equilíbrio entre as forças de mercado.
Como funciona o oligopsônio?
No oligopsônio, o poder está concentrado do lado de quem compra. Como há poucos compradores e muitos vendedores, esses compradores acabam ditando grande parte das regras.
Os produtores, por sua vez, competem entre si para conseguir vender, o que pode levar à redução dos preços pagos pelo produto ou serviço.
Mas o domínio não se limita ao preço. Os oligopsonistas geralmente determinam vários detalhes da negociação, como a quantidade exata a ser entregue, o padrão de qualidade, o tipo de embalagem, o prazo de envio e até a forma de armazenamento.
Ou seja, os vendedores precisam se adaptar às exigências para permanecer naquele mercado.
Exemplo de oligopsônio
O oligopsônio pode ser observado em diversos setores onde há muitos produtores, mas poucos compradores com grande poder de decisão.
No mercado de cacau, por exemplo, milhares de agricultores cultivam a fruta, porém apenas algumas empresas multinacionais são responsáveis pela compra e processamento em grande escala, o que permite a elas negociar preços mais baixos e impor padrões de qualidade.
Algo semelhante acontece na indústria de aeronaves: há uma ampla cadeia de fornecedores de peças e componentes, mas poucos fabricantes de aviões comerciais, como Boeing e Airbus, concentram as compras e determinam especificações técnicas e prazos.
Em todos esses casos, o desequilíbrio entre o número de vendedores e compradores faz com que o poder de negociação se concentre nas mãos de quem compra.
Qual é a diferença entre monopsônio e oligopsônio?
A principal diferença está na quantidade de compradores que dominam o mercado. No oligopsônio, existe um número reduzido de compradores com poder de barganha sobre muitos vendedores. Já no monopsônio, esse poder fica concentrado nas mãos de apenas um único comprador.
No oligopsônio, poucos compradores disputam (entre si) a compra de produtos oferecidos por diversos vendedores. Um exemplo comum é o mercado de leite em algumas regiões, onde há muitos produtores rurais, mas poucas indústrias laticinistas.
Como são poucas empresas comprando de muitos produtores, elas têm força para estabelecer preços e padrões.
No monopsônio, por outro lado, existe apenas um comprador significativo, e isso coloca todos os vendedores na condição de dependência direta desse comprador.
Um exemplo clássico aparece em cidades pequenas onde a economia gira em torno de uma única fábrica: dezenas de fornecedores locais oferecem serviços e matérias-primas, mas apenas a fábrica compra.
Se ela decide reduzir compras, mudar preços ou alterar condições, todos os fornecedores são afetados, pois não há outra alternativa viável no mercado.
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Fonte: Trilhante, Mais Retorno, Jus Brasil.