14 de julho de 2022 - por Jaíne Jehniffer
A Europa volta a usar carvão mineral como uma alternativa ao uso do gás russo. Isso porque o continente está se preparando para a interrupção total do fornecimento de gás russo.
Retomada do uso de carvão mineral
Com a guerra na Ucrânia, a União Europeia está se preparando para a interrupção total do fornecimento de gás russo para o continente.
Com isso, os maiores importadores europeus do gás russo buscaram alternativas ao fornecimento de combustíveis.
Dentre as soluções encontradas, está a queima do carvão mineral, considerado um vilão na emissão de carbono.
Sendo assim, essa solução será usada para lidar com a redução do fornecimento de gás da Rússia, pois existe uma ameaça de crise energética para o inverno europeu, se não houver o reabastecimento.
Países como Alemanha, Itália, Áustria e os Países Baixos já deixaram claro que usinas movidas a carvão mineral poderiam ajudar a Europa a atravessar este período de preços elevados do gás.
Por exemplo, o governo holandês disse que iria remover uma cobertura sobre a produção em usinas movidas a carvão mineral. Além disso, ele afirmou que irá ativar a primeira fase de um plano de crise energética.
Mas a Holanda não foi a única a se pronunciar. A Dinamarca também já deu os primeiros passos no plano de gás emergencial para lidar com as incertezas do fornecimento russo.
A Bulgária já deixou de lado os planos para a construção de uma usina termelétrica a gás e está adaptando os planos para a geração a partir da queima de carvão.
Além disso, a Alemanha anunciou um plano de incentivar os níveis de armazenagem de gás. Ela afirmou que irá reativar as usinas movidas a carvão mineral que tinham sido desativadas.
De fato, o ministro da economia alemão, Robert Habeck declarou que “estamos montando uma reserva substituta de gás” e explicou que “isso é difícil, mas é quase necessário, nesta situação, reduzir o consumo de gás russo”.
Causas do fim do uso do gás russo
Europa volta a usar carvão mineral como uma forma de lidar com a interrupção total do fornecimento de gás russo para o continente.
Portanto, a causa do uso de carvão é a disrupção do fornecimento de petróleo e gás russo aos países europeus, sendo um dos efeitos da invasão de Moscou à Ucrânia.
Europa volta a usar carvão mineral: consequências
Vários países da Europa tinham planos de abandonar o carvão. Mas com a ameaça da crise energética, esses países tiveram que continuar queimando carvão no curto prazo.
Essa medida pode até ser necessária, mas tem as suas consequências e causará um grande prejuízo aos compromissos climáticos da UE nesta década.
Isso porque, o carvão é um vilão quando falamos sobre a emissão de carbono.
De acordo com uma análise feita pelo Global Energy Monitor (GEM) as emissões globais de metano causadas pela extração de carvão, podem subir em até 21,6% se entrarem em operação todos os novos projetos de mineração.
Ou seja, estamos falando da liberação de mais 11,3 milhões de toneladas de metano por ano. Sendo que hoje as minas de carvão em operação já emitem 51,3 milhões de toneladas de metano por ano.
Essa é uma emissão bem mais alta do que as 39 milhões de toneladas emitidas pela extração de petróleo e as 45 milhões de toneladas que são liberadas com a produção de gás.
Além das consequências para o meio ambiente, temos ainda as consequências financeiras. Isso porque, com tanta demanda pelo carvão, o seu preço já subiu.
Segundo o Quartz, a tonelada métrica de carvão passou de US$ 186 em 23 de fevereiro para US$ 420 em 10 de março, isso com base em números da consultoria Rystad Energy. Ou seja, o preço mais do que dobrou.
Por que as termoelétricas estavam desativadas
As termelétricas estavam desativadas pois a Europa pretendia encerrar o uso dessa fonte de energia em breve.
No entanto, com a guerra na Ucrânia e todos os seus desdobramentos, o continente teve que encontrar soluções para lidar com a falta do gás russo.
Em relação à volta da queima de carvão mineral, o professor e pesquisador da engenharia da UFRJ, Marcos Freitas, em entrevista à CNN Rádio, explica que: “vai se priorizar a segurança energética em detrimento da questão ambiental global e até mesmo local”.
Marcos Freitas salienta ainda que “a Alemanha é um caso simbólico de dependência do gás, e pode de fato usar o carvão para substituí-lo. Além do carvão mineral também têm a opção de retomar as usinas nucleares que foram desativadas”.
Além do carvão e das usinas nucleares, uma outra opção seria os navios metaneiros. Segundo o professor, essa seria a melhor solução, pois “injeta o gás na rede existente e distribui, isso é comum, mesmo nós usamos aqui no Brasil no momento que não temos água nas hidrelétricas”.
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Por exemplo, você pode gostar de conferir quais são as sanções econômicas adotadas contra a Rússia.
Fontes: Cnn Brasil, Poder 360, Irip e Clima info.
Bibliografia:
- Garcia, Amanda. Europa priorizará segurança energética ao invés de questão ambiental, diz professor. Cnn Brasil. Acesso em 13 de julho de 2022.
- Alemanha aumenta queima de carvão para evitar gás russo. Poder 360. Acesso em 13 de julho de 2022.