Tudo que você precisa saber sobre a alta do Dólar

18 de março de 2020, por Matheus Rau

Tempo de leitura médio: 7 min, 44 seg


Nos últimos tempos a moeda americana vem sendo largamente valorizada. A alta no dólar pode ser explicada dentro de um cenário macroeconômico e nacional.

Nós do investidor sardinha preparamos este artigo para você, que esta perdido mediante este cenário caótico de grande volatilidade.

Então, vamos lá?!

O que explica a alta do Dólar?

gráfico do valor do dólar

No cenário econômico atual a alta do dólar pode ter várias explicações, neste artigo compilamos as principais causas da moeda americana frente a moeda Brasileira estar se valorizando. Antes de tudo gostaríamos de fazer uma ressalva, que você precisa entender.

Vale o aviso

Antes de mais nada é importante lembrar que a valorização do Dólar não necessariamente implica um problema para o Brasil. Empresas, industriais, grupos econômicos não dependem de uma moeda forte pois este cenário não tem relação, única e exclusivamente, da comparação que estamos traçando.

A comparação da moeda norte americana nem se quer serve para medir como vai uma economia. Portanto é mais do que relevante ter isto bem claro em mente antes de entender o contexto da alta no dólar.

Motivos principais da alta do Dólar

Como dissemos anteriormente a alavancagem da moeda dos Estados Unidos da América (EUA) frente ao real, não depende somente de um fator. Em termos macroeconômicos explicar uma alta de uma moeda é algo complexo, mas de maneira simples e objetiva elencamos as maiores causas e os efeitos dela na nossa economia.

As principais razões são:

1- Oferta e demanda de dólar

imagem de chuva de dólar

Assim como qualquer outro tipo de coisa na economia o dólar possui características que determinam o seu valor e o seu preço. Um destes fatores é a maior regra dentro de uma economia capitalista, a oferta e a procura.

Deste modo explicar a alta na moeda americana é algo simples por trás desta lógica. A regra do jogo é a seguinte: quanto maior a quantidade de dólar no mercado brasileiro, menor o preço. A recíproca também é verdadeira, quanto menor a quantidade da moeda no Brasil maior o preço.

Quando o número de moedas americanas na nossa economia é alto, ou quando há pouca procura por ela, tanto os preços quanto a diferença entre Real e Dólar tendem a se atenuar. Este processo ocorre em qualquer outra moeda, não somente com o dólar. Obviamente a moeda que estamos analisando em questão é a mais forte na economia mundial, principalmente em cenários econômicos instáveis onde os investidores procuram proteger seus ativos criando um movimento de aversão ao risco.

Este é o principal motivo que leva as grandes economias a terem reservas de dólar. As medidas do Banco Central de vender dólar buscam amenizar os efeitos da oferta e demanda forçando o preço pra baixo consequentemente.

2- Balança comercial em dólar

imagem da balança comercial do dólar

A balança comercial tem um papel crucial dentro do raciocínio que estamos traçando. De maneira resumida a balança comercial é o termômetro que mede as importações e exportações de produtos frente a uma outra economia.

Uma vez que um país importa mais do que exporta, ou seja, trás de fora mais do que fornece para outros países, suas relações comerciais são traçadas com base em uma outra moeda. Tendo por base que o dólar é a maior moeda em termos de circulação, quanto maior o número de exportações de produtos, maior a necessidade de dólares de outros países. Este entendimento é básico pois é necessário usar dólares nas transações comerciais.

Este desempenho é medido pelo fluxo cambial. Através dele podemos tirar por base o desempenho de uma economia comparando a saída e entrada de uma moeda dentro do cenário econômico. Movimentos bruscos de  grandes investidores influenciam de maneira singular o fluxo cambial. Este é um dos motivos das oscilações no cotidiano.

Contudo a balança comercial tem relação direta com o sentimento do mercado e com a oferta e demanda da moeda no cenário econômico nacional, o que determina os preços do ativo dentro de um país.

3- Aversão a risco

imagem de bolsa caindo

Inegavelmente em momentos de incerteza os investidores ao redor do mundo buscam proteger os seus ativos. Nada melhor para diminuir o risco do que investir na maior economia mundial, não é mesmo?!

Os momentos de instabilidade, além de provocarem euforia nos investidores, cria um movimento de migração. A migração é medida pelo fluxo cambial, conceito que exerce grande força neste cenário.

O fluxo cambial consiste de maneira simplificada nas saídas e entradas de moeda estrangeira no país. A escalada do coronavírus provocou um aumento no fluxo cambial por conta do movimento de migração de investimentos. Este movimento enfraqueceu várias moedas, dentre as quais o real faz parte.

Não devemos ignorar que além do vírus, que abalou as economias ao redor do mundo o Brasil sangrou incessantemente com a guerra comercial travada entre China e EUA. Os momentos de instabilidade são fortes oportunidades para investidores, porém também faz crescer o distanciamento entre uma economia forte e uma economia em desenvolvimento.

Ademais devemos considerar que o Brasil é um país emergente. Em momentos de incerteza os investidores buscam por proteger o seu patrimônio, e as economias como a nossa tendem a sofrer este efeito. Analogamente, por se tratar de uma zona que está se desenvolvendo, é inevitável que o Brasil seja considerada como uma zona de risco para os investidores.

4- Taxa de juros

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Além do fluxo cambial, a aversão ao risco e a oferta e demanda, é importante considerar o cenário econômico nacional. Os juros no Brasil estão na mínima histórica, e a SELIC foi cortada a 3,75%. Contudo esta situação influencia fortemente os investimentos estrangeiros no país.

Uma vez que a taxa de juros é a régua da renda fixa, um dos ativos com menor risco, os investimentos em títulos públicos no Brasil caminham para uma menor atratividade para os investidores estrangeiros. Portanto, com este movimento, os investidores de fora irão buscar países com rendimentos maiores.

Juro nada mais é do que “quanto o empréstimo rende“. Com juros baixos os investimentos em renda fixa tendem a apresentar menor rentabilidade, e com isso a moeda acaba migrando para outros países.

Além da comparação de juros com rentabilidade, em cenário global, é importante lembrar um outro aspecto. Enquanto um cenário com juros baixos aumenta os investimentos nos ativos de renda variável, ele exerce um efeito de desalavancagem para as empresas.

Alavancagem é, de maneira simples, rentabilizar um dinheiro que não é seu. Com os juros na mínima histórica as empresas trocam dívidas externas, com outros países, para dívidas internas. Desta forma a quantidade de dólares diminui ainda mais e fomenta um cenário interno mais atrativo.

5- Política monetária

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Quando falamos de política monetária estamos nos referindo a duas coisas. Política monetária fiscal e cambial.

A política monetária cambial tem relação com os esforços do governo para lutar com a alta do dólar. Esta é uma das medidas mais perigosas, que levou o país a enfrentar maus bocados. Para forçar o dólar pra baixo a política monetária cambial, ao longo da história, aumentou os juros para atrair artificialmente investimentos estrangeiros. Com o aumento dos juros aumenta-se a inflação e os preços começam a subir em um efeito dominó, o que no longo prazo pode causar efeitos catastróficos em uma economia.

Acima de tudo, atualmente, a política cambial “deixa o mercado decidir” o preço do dólar. Isto acarreta longas altas no médio e curto prazo, mas tende a suavizar no longo prazo. O dólar que estávamos acostumados era artificial e os efeitos do longo prazo estão sendo sofridos agora com a troca das estratégias adotadas pelo governo.

imagem do banco central indicando a taxa de dolar

A política monetária fiscal tem relação com a meta fiscal estipulada pelo governo. Manter o orçamento nos trilhos é uma das maneiras mais eficientes de manter o dólar controlado. Isto ocorre pois com o déficit nas contas públicas uma nação pode ter de recorrer, além de um aumento na tributação, a contrair dívidas com bancos internacionais. Estas dívidas são contraídas em dólar, o que gera um efeito bola de neve.

Então é isso sardinhas, esperamos ter elucidado esta questão tão nebulosa e especulativa. Vale ressaltar que existem vários outros fatores que determinam a alta no dólar, porém os principais estão aqui.

Para os que querem se proteger da crise, temos um vídeo para você.

Abraços e bons investimentos. 🙂