Falar sobre renda fixa em poucas palavras não é tarefa fácil. A renda fixa é um dos investimentos mais importantes tanto no começo da sua jornada quanto investidor, quanto em estágios mais avançadas criando segurança na sua carteira.
Você certamente já ouvir falar sobre renda fixa, dentre as modalidades, principalmente sobre o tesouro direto. Mas você realmente sabe como funciona a renda fixa? Vamos tentar simplificar as coisas para que você aprenda o básico e o essencial sobre este investimento.
Então, bora lá?!
O que de fato é renda fixa?
Certamente você como investidor, seja iniciante ou não já se deparou com críticas aos investimentos de renda fixa. Quando taxas de juros caem e a inflação sobe estardalhaço começa, mas a maioria não sabe com propriedade do que se trata a renda fixa.
Contudo renda fixa nada mais é do que uma modalidade de investimento, aonde é possível se prever o rendimento. Ou seja, ao investir o seu dinheiro nessa modalidade de investimento a rentabilidade é previsível, porém não existe apenas um tipo de categoria de renda fixa.
As aplicações em renda fixa possuem diversos tipos, dentre eles:
Poupança (não faça isso com seu dinheiro), Certificado de depósito bancário (conhecido popularmente como CDB), Tesouro direto, Letra de crédito imobiliário e do Agronegócio (conhecidos como LCI e LCA), Letra de câmbio, Certificado de recebíveis imobiliário e do agronegócio (CRI e CRA).
No investimento de renda fixa existem de maneira sintética o emissor e você. Ao investir em renda fixa você está emprestando o seu dinheiro para o emissor a uma rentabilidade determinada. Inegavelmente você não emprestaria o seu dinheiro se isso não fosse algo atrativo não é mesmo?
E a idéia é justamente essa, em troca do seu empréstimo você recebe uma rentabilidade fixa que é definida no momento da compra.
Certo, você emprestou seu dinheiro pro emissor, e agora?!
Com o dinheiro que foi captado o emissor irá utilizá-lo para financiar projetos, desenvolvimento em áreas específicas da economia (como o setor imobiliário e o agronegócio) ou até mesmo para o pagamento de dividas. Daí a importância do investimento em renda fixa. Não somente para investidores individuais, mas para o desenvolvimento de todo o sistema econômico. Literalmente você ganha dinheiro e ainda auxilia o desenvolvimento de empresas e setores da economia.
Tipos de investimentos em renda fixa
Como já dissemos o investimento em renda fixa é muito maior do que apenas o popular tesouro direto que muitos de vocês já devem ter ouvido falar.
O Tesouro Direto é apenas uma modalidade dentro da renda fixa. Imagine da seguinte forma: Renda fixa é um gênero, do qual o tesouro direto é uma espécie.
Desta forma é necessário entender além da importância, quais os tipos de investimentos em renda fixa. Iremos explicar de maneira sintética cada um dos tipos de maneira sintética para que fique fácil e claro de se entender.
1- Poupança
A vilã do mundo dos investidores, aquela pela qual todos lutam para ensinar o quão ínfimo é o rendimento. Mas calma lá que não é por ai. Você realmente sabe o que é a caderneta de poupança e o motivo dela ser tão popular no Brasil?
Embora muitos conheçam a poupança não são todos que sabem como ela realmente funciona. Um banco para funcionar ele precisa de dinheiro. E é esse o motivo que faz da poupança um investimento de renda fixa. Contudo dissemos que investir em renda fixa é empresar dinheiro para o emissor certo? Neste caso você esta emprestando dinheiro para que o banco opere em suas funções diárias.
Ao abrir uma conta em um banco, de maneira genérica, é como você estivesse emprestando dinheiro a ele. O valor que ele te paga por isso é o chamado juros da poupança. Os juros da poupança funcionam atrelados a SELIC e taxa referencial de juros.
A regra do jogo é a seguinte: a poupança paga 0,5% ao mês mais a taxa referencial de juros quando a SELIC está maior que 8,5%. Contudo quando a taxa de juros SELIC está igual ou abaixo da a 8,5% ao ano, a poupança paga uma parte da SELIC (70%) mais a taxa referencial.
Juros, SELIC e taxa referencial.
Pra você entender o que eu disse é preciso ter alguns conceitos bem claros. O primeiro é a definição de juros neste contexto. Juros nada mais são do que a remuneração cobrada pelo financiamento.
Em segundo lugar é preciso saber o que é SELIC. O termo é uma sigla, e significa Sistema Especial de Liquidação de Custódia. Ela é um sistema do Banco Central que registra todas as operações relacionadas aos títulos escriturais do Tesouro Nacional. Por lei os bancos são obrigados a deixar uma parte de seus depósitos em uma conta no BC, para que ocorra o “fechamento” do caixa. Resumidamente o objetivo é segurar a quantidade de dinheiro no mercado, e para isso as instituições fazem empréstimo umas para as outras, deste modo, a SELIC nada mais é do que o parâmetro utilizado pelos bancos para determinar a taxa de juros dos empréstimos diários que eles fazem uns aos outros.
Em terceiro lugar, taxa referencial é a SELIC das antigas, basicamente ela foi criada para vencer o monstro da inflação na década de 90. É a taxa de juros referência para a nação naquela época. Hoje a sua existência está mais atrelada para alguns tipos de aplicações financeiras, como a poupança.
Quanto a poupança rende?
O rendimento da poupança muda de acordo com o cenário econômico e as regras que passamos anteriormente, mas para que fique fácil e prático a SELIC está a 4,25% ao ano, com isso cai naquela área que falamos de menor ou igual a 8,5%. Com base nisto a poupança está rendendo 2,975% ao ano, mais a Taxa Referencial. O que no mundo dos investimentos é quase a mesma coisa que nada ao se considerar a inflação.
Agora você já pode falar com propriedade o motivo pelo qual não vale a pena investir na poupança.
2-CDB
O CDB nada mais é do que um empréstimo feito para uma instituição bancária, ou seja, é um investimento de renda fixa emitido pelos bancos. A sigla é uma abreviação para Certificado de depósito bancário. Pela lógica um CDB de bancos menores conta com mais risco e para isso a rentabilidade é maior. Assim como o banco quer manter o seu dinheiro lá por maior tempo possível, então contratos com vencimentos longos tendem a pagar melhor.
Este investimento de renda fixa possui três tipos: pré, pós fixados e híbridos. De maneira resumida no pós-fixado o emissor paga uma porcentagem de índice de referência usado, por exemplo o CDI, o IPCA indexadores do mercado que podem variar.
No pré-fixado a regra já é outra, a rentabilidade consiste em uma remuneração fixada, a exemplo, 4% ao ano.
Os híbridos é a mistura de ambos, ou seja, 4% mais 100% do IPCA.
3- Tesouro direto
A estrela do show, o mais conhecido perante aqueles que já ouviram algo sobre investimentos. O tesouro direto nada mais é do que um título público de renda fixa onde o emissor é o Governo na figura do Tesouro Nacional (daí o nome tesouro direto).
Como já dissemos ao investir em renda fixa você está emprestando dinheiro, e neste caso você está emprestando dinheiro para o governo. Os recursos captados pelo tesouro direto, na figura do tesouro nacional, são utilizados para investimentos em áreas como infraestrutura, educação, saúde pública, saneamento entre outros.
Os títulos de tesouro direto funcionam de “maneira igual só que diferente” aos de CDB. Ele possui três tipos, o prefixado (que se divide em prefixado e prefixado semestral), Tesouro atrelado a inflação e Tesouro SELIC.
Tesouro prefixado
O tesouro prefixado é aquele que tem o vencimento ao ano ou em 6 meses. No primeiro caso na data do vencimento você receberá a rentabilidade de acordo com o que foi acordado, vamos supor 5% ao ano. No segundo caso o Tesouro prefixado com Juros semestrais você recebe o rendimento do período a cada seis meses.
Tesouro atrelado a inflação
Neste caso funciona da mesma maneira como os CBD’s híbridos, no qual o rendimento está atrelado a uma parte fixa e uma variável. Neste momento é necessário entender o que é inflação é, nada mais nada menos, que o aumento generalizado nos preços. No tesouro atrelado a inflação você recebe por exemplo 3% mais o IPCA (Indíce de Preços do Consumidor Amplo).
Tesouro SELIC
Este é a modalidade de tesouro direto na qual a rentabilidade está atrelada a taxa SELIC, e é um dos mais populares dentre os investidores de renda fixa em especial do tesouro direto.
4- LCI e LCA
As letras de crédito imobiliárias e do agronegócio andam juntas por um motivo muito simples, para o investidor nada muda de maneira prática em termos de rentabilidade termos e condições. Tanto a LCI quanto a LCA possuem as mesmas características e o mesmo emissor, o que muda neste caso é a área onde se irá utilizar os recursos captados.
Quanto ao rendimento o funcionamento é o mesmo do CDB, com exceção dos híbridos que não existem aqui. Nestas modalidades o emissor irá pagar um rendimento fixo de uma porcentagem ao ano, ou um rendimento atrelado a um indexador da economia.
As letras de crédito imobiliário e do agronegócio servem para arrecadar fundos no mesmo sentido das CDB’s com o diferencial é que aqui a área de atuação dos recursos são delimitadas, sendo no setor imobiliário ou do agronegócio.
5- Letra de câmbio
A Letra de câmbio funciona basicamente da mesma forma como funcionam as CDB’s, LCI e LCA. O teor é o mesmo, e as características também. Na letra de câmbio assim como no CDB existem os híbridos.
A única diferença é a emissão que ao invés de ser feita por um Banco é realizada por uma financeira. Ela existe por motivos de diversificação uma vez que o investidor pode encontrar Letras de câmbio em um vencimento e uma rentabilidade mais atrativa no mercado, em comparação com as CDB’s.
6- CRI e CRA
Assim como ocorre na LCI em comparação ao LCA a diferença entre ambos é mais de segmentação, porém aqui existe também outros quesitos. A maior diferença além da segmentação é o volume de aporte, uma vez que os Certificados de Recebíveis do Agronegócio possuem um valor inicial bem maior do que à maioria dos Cerridicados de Recebíveis Imobiliários.
A diferença para as CRI’s/CRA’s para com as LCI’s/LCA’s é o emissor, aqui nos certificados de recebíveis quem emite são as instituições securitizadoras. Comparando ambas há também o vencimento como questão, nos certificados de recebíveis o vencimento é maior, ou seja, a liquidez (quando você pode tirar o seu dinheiro) é menor do que nas Letras de Crédito.
Vantagens e desvantagens da renda fixa
Contudo é possível perceber que a renda fixa é composta por uma estrutura que se assemelha entre os tipos de ativos, mas os detalhes não só aqui fazem toda diferença.
Investir em renda fixa depende muito do que cada investidor busca com seus investimentos bem como o seu perfil de investidor. Portanto vamos elencar as principais vantagens e desvantagens da renda fixa.
Vantagens
Investir em renda fixa pode ser muito atrativo para quem busca um rendimento seguro e atrativo e que não possua tanta afinidade com o risco. As maiores vantagens do investimento em renda fixa são:
Rendimento
O rendimento em renda fixa é fixo e determinado, o que da mais segurança para aqueles que buscam investir com a certeza do rendimento futuro. O retorno nas aplicações de renda fixa é estável além de ser recorrente na maioria dos casos.
Acessibilidade
Os investimentos em renda fixa possuem valores extremamente baixos, em alguns casos, para quem busca investir em tesouro SELIC por exemplo, é possível começar a investir com menos de R$ 100,00. Desta forma esta claro que realmente é possível investir com pouco dinheiro
Desvantagens
Os investimentos em renda fixa apesar de possuírem vantagens atrativas ao investidor possuem também algumas desvantagens que devem ser consideradas na hora de se tomar a decisão.
A renda fixa é criticada por muitos por causa de suas desvantagens, dentre elas podemos citar:
Carência
Alguns investimentos em renda fixa contam com um prazo de carência, o que significa que, você não poderá solicitar o regate antes do tempo determinado na hora do investimento. Querendo ou não é impossível prever a necessidade de um recurso em específico, e a barreira da carência pode levar muitos investidores a escolherem outras formas de investimento.
Apesar do fator carência alguns títulos de renda fixa possuem liquidez diária, por isso é mais do importante conhecer seu investimento.
Limite de rentabilidade
O limite de rentabilidade é justamente a dor e a delícia de investir em renda fixa. Por um lado pode-se contar com a certeza de um rendimento mínimo, por outro lado a certeza também está atrelada ao rendimento máximo.
Mesmo nos casos dos investimentos indexados por um índice da economia a variação deste índice tende a ser gradual e não abrupta como ocorre em alguns investimentos de contratos futuros por exemplo.
Então é isso sardinhada. Espero que entendam mais um pouco sobre renda fixa a partir de agora e que continuem a aprender sobre essa incrível maneira de proteger o seu patrimônio, diversificar os seus aportes e se proteger de riscos.
Abraços e bons investimentos. 🙂