Vale tem queda de 20% após baixa nos preços do minério de ferro na China

27 de setembro de 2021, por Pedro Martoly

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As ações da Vale sofreram uma grande queda de 20% entre agosto deste ano e esse mês. A redução impactou de forma negativa a Bolsa de Valores do Brasil. Um dos motivos da diminuição foi a baixa nos preços do minério de ferro durante as negociações em Qingdao, na China. No mês passado e setembro, a commodity passou 34,7% e saiu de US$181,2 para US$118,3 que é o valor atual.

Além disso, bancos internacionais como, por exemplo, BofA, HSBC e UBS reduziram as ações da Vale de compra para venda ou neutra. De acordo com informações da Economatica Brasil, os papéis da empresa valiam R$98,6 e chegaram a R$77,6. Ou seja, uma baixa de 21,7%.

Vale lembrar que a empresa teve recordes históricos esse ano de avanço em maio deste ano. A tonelada do minério de ferro chegou a US$220. No ano anterior, houve uma alta também na valorização que superou os 50% no quarto trimestre. Porém, um novo ajuste foi realizado alguns dias depois e não agradou aos investidores.

Preocupações

Para tentar impedir o efeito negativo no meio ambiente do aço e conter a inflação, o governo da China colocou rigorosas limitações referentes à fabricação do metal no País. Algumas das restrições são o fechamento de plantas de produção e tarifas sobre a exportação de aço que tiveram como resultado uma queda significativa na demanda no minério de ferro.

Por ser uma das maiores importadoras de minério e exportadora de aço do Planeta, a China provoca preocupações e inseguranças por ter um grande poder de influência nos valores. Além disso, ao mesmo tempo surgiu a crise da Evergrande, a segunda maior incorporadora imobiliária do País chinês. Portanto, a incerteza da durabilidade do padrão econômico realizado pela China é estável.

O mercado imobiliário da China foi um dos modelos de destaque por vários anos no movimento da economia chinesa e com o combo do setor do minério de ferro em planejamentos de infraestrutura ficou imbatível por muitas décadas. 

No entanto, com o plano financeiro pós-coronavírus as empresas somaram dívidas superiores a US$300 bilhões. Com a queda no ramo imobiliário, as chances de reduzir ainda mais a demanda pelo minério de ferro são ainda maiores. Reflexo disso, são os papéis da Vale que também sofrem impactos.

Vale e China

Radio UAU

Segundo o analista de research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, o impasse das empresas chinesas não está na performance econômica interna ou na administração corporativa e sim na influência do cenário macro.

Ainda de acordo com o especialista, a Vale não decepcionou em dividendos com o pagamento de R$8,10 aos acionistas. Também apresentou fortes poderes lucrativos com um movimento econômico satisfatório no decorrer deste ano.

Porém, o impacto causado pela China afetou a Vale de uma maneira gritante. Sendo assim, a projeção é que o fim da emissão de carbono aconteça até 2060 e isso deve interferir nas empresas de mineração, que são responsáveis por aproximadamente 20% da emissão do gás poluidor.

Previsões positivas

Apesar dos problemas constantes, a previsão, de acordo com o analista da Terra Investimentos, Regis Chinchila, é que a estabilidade financeira seja retomada devido ao incentivo de crédito.

Em contrapartida, o analista da Ohmresearch, Roberto Nemr, vê barreiras na possibilidade de acontecer uma reviravolta extrema como aconteceu entre o ano passado e 2021. A estabilidade econômica deve ocorrer somente a longo prazo.

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Imagens: O Globo, Radio UAU