4 de dezembro de 2024 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Esse é um tema polêmico, mas senti que precisava abordá-lo, pois sei que muitas pessoas podem se beneficiar do que vou compartilhar. Como vocês sabem, não sou alguém que frequenta igrejas regularmente, embora acredite em Deus e leia a Bíblia com frequência.
Ao longo da minha vida, especialmente quando ainda era ateu, antes da morte da minha mãe, me dediquei bastante à leitura das Escrituras. Mesmo assim, evito frequentar igrejas, principalmente por conta do que, em minha visão, foi feito com a palavra de Deus.
Hoje, quero explorar algumas passagens bíblicas sobre dinheiro. Percebo que muitas pessoas se sentem culpadas por trabalhar duro, alcançar resultados financeiros ou até por definir metas financeiras importantes. Nessas situações, quem melhor do que Deus para nos orientar? Compartilharei algumas interpretações pessoais de passagens bíblicas que abordam o tema.
Mesmo que você seja ateu ou siga outra religião, acredito que pode extrair valiosos ensinamentos daqui. A Bíblia contém princípios que moldaram a história e guiaram boa parte da sociedade. Mesmo que não creia nela, você vive sob influências desses ensinamentos. Muitas das leis e normas que regem nossas vidas foram fundamentadas em valores bíblicos. Por isso, este conteúdo pode ser relevante para todos, independentemente de crença.
Mordomia e responsabilidade
A Bíblia aborda com profundidade os temas de mordomia e responsabilidade, ressaltando que tudo o que temos pertence a Deus. Somos apenas administradores das bênçãos e recursos que Ele nos confiou. Em passagens como 1 Coríntios 4:2 e Mateus 25:14-30, fica claro que Deus espera que administremos esses recursos com sabedoria e diligência — e isso inclui o uso do dinheiro.
Essas escrituras nos ensinam que ser um bom mordomo significa cuidar bem do que nos foi dado. Isso implica evitar gastos irresponsáveis e não permitir que nossos bens se transformem em dívidas. O objetivo é garantir que os recursos confiados a nós sejam multiplicados e utilizados de maneira a honrar a Deus e beneficiar nossas vidas e a de outros.
Trabalho honesto
A Bíblia enfatiza a importância do trabalho árduo e honesto como um meio digno de sustento. Em Provérbios 13:11, aprendemos que “os bens obtidos com desonestidade diminuem, mas quem os ajunta aos poucos terá cada vez mais.” Já em Efésios 4:28, é encorajado que cada um trabalhe “fazendo algo útil com as mãos, para que tenha o que repartir com quem estiver em necessidade.”
Essas passagens deixam claro que a preguiça e a busca por ganhos fáceis são condenadas. Embora eu não esteja dizendo que você deva evitar apostas ou práticas semelhantes, é importante lembrar que tentar obter dinheiro de maneira desonesta ou sem esforço vai contra esses princípios. Além disso, as consequências negativas desse tipo de escolha geralmente não demoram a aparecer.
Na prática, pessoas que buscam atalhos raramente constroem um patrimônio sólido ou alcançam uma vida de felicidade e estabilidade. A Bíblia nos ensina que a verdadeira prosperidade vem do trabalho honesto, da disciplina e do propósito bem fundamentado.
Não amar o dinheiro
A Bíblia contém diversas passagens que alertam sobre os perigos da ganância e da busca desenfreada por riqueza. Um exemplo claro está em 1 Timóteo 6:10, que afirma: “Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.” Note que o foco está no amor ao dinheiro, e não no dinheiro em si. O problema não é possuir bens, mas sim colocar o dinheiro acima de tudo, ao ponto de comprometer valores e relacionamentos.
Esse apego excessivo pode levar à corrupção, onde pessoas começam a usar os outros como meio para seus próprios fins. Elas trocam integridade por ganhos imediatos, mas isso tem um custo alto. O dinheiro obtido de forma desonesta não traz paz. Como dizem, “não há descanso no travesseiro de quem vive de maneira injusta.”
Por isso, é essencial refletir sobre a ganância e evitar cair nesse ciclo. Quando começamos a acumular riqueza, a tentação de buscar atalhos cresce, mas é aí que precisamos ser ainda mais vigilantes. Manter-se fiel aos próprios princípios é o caminho para uma vida de sucesso com propósito e tranquilidade.
Generosidade
A generosidade é um dos valores centrais ensinados na Bíblia, mas muitas vezes passa despercebido ou é praticado de forma condicionada. Em 2 Coríntios 9:6-7, está escrito: “Quem semeia pouco, também colherá pouco; e quem semeia com fartura, também colherá com fartura. Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.” A passagem reforça que a verdadeira generosidade vem do coração, sem esperar recompensas ou reconhecimento.
Em Lucas 12:33-34, Jesus nos chama a vender nossos bens e dar aos necessitados, acumulando tesouros no céu, onde “nem ladrão chega perto, nem a traça destrói.” O foco está em valores eternos, não em bens materiais.
Infelizmente, é comum ver até mesmo dentro de igrejas a prática de julgar quem merece ou não ajuda, o que vai contra o próprio ensinamento bíblico de não julgar (Mateus 7:1). A generosidade não deve ser seletiva. Ajudar sem esperar nada em troca é uma demonstração prática de fé e compaixão.
Esse princípio nos lembra que a verdadeira riqueza não está no que acumulamos, mas no que somos capazes de compartilhar.
Ser rico é pecado?
Em Deuteronômio 8:17-18, a mensagem é clara: a capacidade de adquirir riquezas não vem exclusivamente do esforço humano, mas é uma bênção e uma provisão de Deus. O texto nos lembra que, mesmo em momentos de prosperidade, devemos manter a humildade e reconhecer a origem divina de nossos recursos: “Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas.”
Essa passagem também destaca a importância de não perdermos de vista o propósito maior das bênçãos que recebemos. Deus concede riquezas como forma de confirmar sua aliança e cumprir suas promessas. Isso significa que a prosperidade não é apenas um fim em si mesma, mas um meio de cumprir a vontade divina.
Ao ver alguém próspero, é importante não julgar ou atribuir unicamente ao mérito pessoal. Cada um recebe conforme os planos de Deus, e esses planos nem sempre são compreensíveis para nós. No entanto, a lição principal é a gratidão e o reconhecimento de que tudo o que temos vem d’Ele, seja pouco ou muito. A riqueza, portanto, deve ser encarada como uma oportunidade de cumprir propósitos maiores e servir aos outros, alinhados com os valores divinos.
Servir a Deus e não ao dinheiro
Mateus 6:24 nos oferece uma lição atemporal: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e às riquezas.” Essa passagem destaca a incompatibilidade entre a devoção plena a Deus e a obsessão pelas riquezas.
Embora frequentemente usada para criticar aqueles que acumulam grandes fortunas, o verdadeiro ponto dessa mensagem vai além da posse de dinheiro. Ela alerta sobre o perigo de deixar o dinheiro se tornar o centro da vida, transformando-se no objetivo principal e, consequentemente, no mestre.
Quando nos tornamos servos do dinheiro, perdemos nossa liberdade. As decisões começam a ser guiadas unicamente por interesses financeiros, e outros aspectos importantes da vida — como valores, relacionamentos e propósito — ficam em segundo plano.
Como o ditado sugere, “o dinheiro é um bom escravo, mas um péssimo mestre.” Usado de forma consciente, ele pode ser uma ferramenta poderosa para realizar sonhos, ajudar outras pessoas e promover o bem. No entanto, quando o colocamos acima de tudo, ele nos escraviza.
Essa reflexão é relevante não apenas para os religiosos, mas para qualquer um que busca equilíbrio e liberdade. Viver para o dinheiro não leva à verdadeira satisfação; em vez disso, ele deve ser um meio para alcançar objetivos maiores e contribuir positivamente para o mundo.
Cuidado com a ganância
A Bíblia traz um importante alerta sobre a ganância em Eclesiastes 5:10: “Quem ama o dinheiro nunca se satisfaz com o que tem; quem ama a riqueza jamais fica satisfeito com seus rendimentos. Isso também é vaidade.” Esse versículo nos lembra de um aspecto universal da natureza humana: a insatisfação contínua.
Muitas pessoas alcançam grandes objetivos financeiros, mas, em vez de apreciarem suas conquistas, focam no que ainda não têm ou no que outros possuem. Esse comportamento gera um ciclo vicioso, onde a busca por mais nunca cessa, resultando em uma constante sensação de vazio e insatisfação.
A mensagem é clara: a verdadeira felicidade não está no acúmulo de bens materiais, mas na maneira como lidamos com eles. Deus não condena a riqueza em si, mas adverte contra a obsessão por ela. A ganância desvia o foco do que realmente importa e pode impedir que vivamos uma vida plena, rica em significado e propósito.
Refletir sobre o modo como administramos nossos recursos e valores pode nos ajudar a encontrar equilíbrio. O segredo está em usar o dinheiro como uma ferramenta, e não como um objetivo final.
Não faça tudo por dinheiro
Em Provérbios 15:16, encontramos uma valiosa lição: “É melhor ter pouco com o temor do Senhor do que grande riqueza com inquietação.” Esse versículo destaca uma verdade universal: a paz de espírito vale mais do que qualquer fortuna.
Quando alguém busca dinheiro de maneira desonesta, seja mentindo ou enganando, inevitavelmente paga um preço emocional. A tranquilidade se esvai, e a consciência pesada torna-se um fardo constante. O dinheiro, nesse contexto, perde seu valor real.
Pense nos casos de políticos ou empresários envolvidos em escândalos de corrupção. Muitos acumulam grandes fortunas, mas vivem atormentados, sem conseguir sequer dormir tranquilamente. A angústia de serem descobertos, a vergonha pública e a culpa os acompanham diariamente.
Em contraste, até mesmo alguém em situação de extrema pobreza pode desfrutar de paz interior, algo que o dinheiro sujo jamais pode comprar. A lição aqui é clara: riquezas materiais sem integridade e serenidade são vazias e incapazes de proporcionar felicidade duradoura.
Não confie apenas no dinheiro
Outra passagem também diz sobre o quanto o dinheiro é instável e que não devemos confiar nele. Você pode ser rico hoje e perder tudo amanhã. Portanto, confiar apenas na riqueza é um erro.
A Bíblia nos ensina que devemos depositar nossa confiança em Deus, que sempre proverá o que precisamos, independente de termos dinheiro ou não. O dinheiro pode ser uma bênção, mas nunca deve ser nossa fonte de segurança.
Hoje em dia, muitas igrejas pregam a teologia da prosperidade, ensinando que seguir a Deus é um caminho para alcançar grandes riquezas. E muitas pessoas vão para igreja, começam a “seguir a Deus” para ficarem ricas. Mas, na minha opinião, essas pessoas estão apenas usando o nome de Deus para fazer dinheiro e ganhar dinheiro dessas pessoas de forma desonesta. Inclusive, não acredito que essas pessoas estejam inspiradas por Deus.
Em momento nenhum na Bíblia, Deus promete que alguém vai ser rico ou que vai ganhar milhões, caso faça isso ou aquilo. Muito pelo contrário, ele fala que você não deve amar o dinheiro acima Dele e muito menos buscar a igreja com o objetivo de enriquecer.
Enfim, é isso, espero ter contribuído às pessoas que tem dúvidas sobre esse assunto.
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