8 de agosto de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)

Nos últimos tempos, tem se tornado comum ver pessoas, especialmente da classe média, questionando se vale a pena trabalhar sob o regime CLT. Em alguns círculos, há até quem diga que trabalhar com carteira assinada é uma “burrice”. Mas será que é mesmo? PJ ou CLT, qual o melhor? Vamos analisar o contexto e entender os prós e contras de cada modelo de contratação.
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Previdência Social: INSS vai quebrar?
Um dos principais argumentos contra o regime CLT está na contribuição obrigatória ao INSS, sistema previdenciário brasileiro. Esse sistema foi criado com a ideia de que os trabalhadores ativos contribuiriam para custear a aposentadoria dos inativos. Ou seja, a fórmula funcionava bem quando a população era majoritariamente jovem e com altas taxas de natalidade.
Mas hoje o cenário mudou. A expectativa de vida aumentou e o número de filhos por mulher caiu drasticamente. A urbanização também teve um papel importante nessa mudança. Se antes os filhos eram vistos como mão de obra na zona rural, nas cidades eles passaram a representar um custo. Afinal, os pais precisam arcar com todos os custos devido a dependência financeira que, muitas vezes, vai até os 30 anos.
O resultado? Uma população cada vez mais envelhecida e um número insuficiente de jovens trabalhadores para manter o sistema funcionando.
Estudos apontam que em 2050 o Brasil já terá um declínio populacional. Ou seja, isso significa que quem está contribuindo hoje, talvez não tenha quem sustente sua aposentadoria amanhã.
Vale a pena ser CLT?
Além da incerteza sobre o futuro da aposentadoria, há outra crítica forte ao regime CLT: os encargos trabalhistas. Um trabalhador pode passar até cinco meses do ano apenas para pagar tributos e encargos que ele nem usufrui diretamente. FGTS, INSS, férias, 13º… Tudo isso parece pesar mais no bolso do empregador do que beneficiar o empregado, de fato.
O FGTS, por exemplo, é corrigido apenas pela inflação. Em um país onde investimentos podem render 15% ao ano, o trabalhador que deixa seu dinheiro no fundo de garantia está, na prática, perdendo dinheiro.
Essa percepção de que “o governo se beneficia mais do que o trabalhador” tem feito muita gente jovem preferir contratos como PJ. Afinal, dessa forma, eles tem acesso a um salário líquido maior e o dinheiro está mais diretamente sob seu controle.
Por outro lado, atuar como PJ exige cuidados. Para o trabalhador atuar como PJ, precisa uma empresa, emitir notas fiscais, cuidar da própria contabilidade e arcar com seus próprios benefícios. Entretanto, em compensação, há maior liberdade de horários, possibilidade de atender vários clientes e ganhos potencialmente maiores.
CLT x PJ: qual compensa mais?
A resposta depende de uma série de fatores. Felizmente, existem calculadoras gratuitas na internet que ajudam a comparar os dois regimes com base na sua realidade, clique aqui para acessar a nossa calculadora.
Ao simular um salário bruto de R$ 5 mil, com benefícios como vale alimentação, transporte e plano de saúde, considerando dependentes, etc. A ferramenta mostra quanto você precisaria ganhar como PJ para compensar o que deixaria de receber como CLT.
Na simulação, por exemplo, o salário como PJ precisaria superar R$ 6.500 por mês, para valer mais a pena. Ou seja, a CLT nesse caso, ainda oferecia vantagens se o PJ não tivesse uma remuneração suficientemente maior para cobrir todos os custos extras.
Quando vale a pena ser PJ?
Se a empresa estiver disposta a “jogar junto” com você, ou seja, compensar financeiramente a ausência dos encargos da CLT, o regime PJ pode ser vantajoso. Mas é importante que essa negociação seja transparente e justa.
No entanto, se a empresa simplesmente quer cortar custos, oferecendo uma remuneração um pouco maior sem discutir os riscos e sem oferecer benefícios, talvez não valha a pena abrir mão da proteção que o regime CLT oferece.
Por isso, é preciso ter muito cuidado antes de fazer qualquer mudança nesse sentido. Por isso, faça as contas e pense bem, antes de tomar qualquer decisão.
Quer entender melhor como fiz toda essa simulação para entender se vale a pena ser PJ ou CLT e como você pode analisar caso a casa? Então, assista ao vídeo completo!
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