8 de setembro de 2021 - por Pedro Martoly
O Brasil está na terceira posição do ranking de maior inflação registrada na América Latina com 9% de aumento. O primeiro lugar foi ocupado pela Argentina, que passa por uma difícil e duradoura crise econômica. Cresceu 51,8% a inflação no país. Na segunda posição, com aumento de 17,9%, está o Haiti, com a política e comunidade atingidas por desastres naturais.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, alguns dos motivos do avanço no aumento da inflação no Brasil são a desvalorização do câmbio e a crise hídrica no país. Além disso, especialistas do mercado financeiro já esperam o crescimento exagerado de preços em diversos setores.
Ademais, a pesquisa realizada pelo Ibre da Fundação Getúlio Vargas, não considerou a performance da Venezuela. A razão disso é que o país está em uma debilidade econômica. Ademais, os indicadores estão desvirtuados. Ou seja, impossibilitando um confronto de comparações com outros países.
Ranking de maiores inflações na América Latina
Os dados são o acúmulo de julho do ano passado até julho de 2021.
- 1º – Argentina: 51,8%
- 2º – Haiti: 17,9%
- 3º – Brasil: 9,0%
- 4º – Republica Dominicana: 7,9%
- 5º – Uruguai: 7,3%
- 6º – México: 5,8%
- 7º – Chile: 4,5%
- 8º – Honduras: 4,3%
- 9º – Nicarágua: 4,1%
- 10º – Colômbia: 4,0%
- 11º – Guatemala: 3,8%
- 12º – El Salvador: 3,4%
- 13º – Peru: 2,7%
- 14º – Panamá: 2,4%
- 15º – Costa Rica: 1,4%
- 16º – Paraguai: 1,2%
- 17º – Equador: 0,5%
- 18º – Bolívia: 0,2%
Depois do impacto pandêmico
A inflação virou um problema ainda maior no mundo depois do choque da pandemia. Sendo assim, um aumento dos preços das commodities somados à desordem nas cadeias de produção, ou seja, com a crise sanitária, a produtividade em muitas áreas industriais parou totalmente ou diminuiu. Por isso, houve uma carência de produtos. Portanto, os custos foram inflados.
Segundo a economista chefe do banco Credit Suisse, Solange Srour, era previsto, que no mundo todo, essas cadeias voltassem em 2021. Contudo, isso não está acontecendo. Um dos motivos, ainda segundo a economista, seria a variante delta do novo coronavírus.
Crise Hídrica
A crise hídrica é outro fator para o aumento da inflação. Um relatório feito pela XP revelou que as chances de racionamento nos próximos 12 meses cresceram consideravelmente. Com um aumento de 5,5% para 17,2%. Segundo o diretor de pesquisas para América Latina do BNP Paribas, Gustavo Arruda, há a possibilidade de complicações por causa de um racionamento até o fim de 2021.
Resultado disso, a alta prevista para o ano que vem de 2% reduziria para 0%. A economista-chefe da Grimper, Miriam Dayoub, ressaltou que a projeção de riscos para 2022 deve subir 1,8% e esse ano saiu de 5% para 4,8%.
Há também preocupação com a crise hídrica depois da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Ministério de Minas e Energia anunciarem na véspera a criação de uma nova bandeira tarifária, chamada de bandeira de escassez hídrica.
Por conta da crise hídrica, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou que a conta de luz dos brasileiros deve continuar com a bandeira tarifária vermelha 2 no próximo mês. Vale lembrar que esse é o nível mais alto de custos extras.
A Aneel acrescentou ainda que o custo está sendo analisado, mas os valores devem ser divulgados em breve. Atualmente, o preço é de R$9,492 para cada 100 kilowatts-hora consumidos. A alta é de 49%,63% nas cobranças.
Aumento da taxa Selic
Subiu para 7,63% a projeção para a taxa Selic em 2021 quanto para o próximo ano. Ou seja, superou as expectativas de 7%. Essa alteração é para que as projeções da inflação atinjam a meta. Portanto, os juros irão deixar a Selic acima do neutro.
Vale ressaltar que essa é quarta vez consecutiva para um aumento. Antes era esperado o aumento de 7,50%. Além disso, a previsão da Selic para 2022 também avançou de 7,50% para 7,75%. Já para o Produto Interno Bruto (PIB), apesar de o valor ter aumentado, houve um reajuste que reduziu de 2,00% para 1,93%.
Segundo informações do Boletim Focus, do Banco Central (BC), a projeção da Selic para 2023 se manteve em 6,50%, como já era previsto. A mesma porcentagem continuou para o ano de 2024, ou seja, também não houve alteração. Esses dados foram divulgados no início desta semana (06).
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Fontes: G1, TN Online, Valor Investe
Imagens: López Dóriga, Fundação Edson Queiroz Universidade de Fortaleza, Nós, Imobi Sales, TCA