29 de julho de 2022 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Que história é essa de recessão econômica no mundo? Que história é essa de inflação, que pode cair nesse primeiro momento, agora por conta do ICMS? A gente vai conversar sobre tudo isso de maneira bem transparente.
A única coisa que vou pedir, é que não levem minhas opiniões para o lado político, porque não é.
O que vou falar aqui é estritamente do lado econômico, não importa se você vota num rapazinho ou em outro rapazinho.
O que quero saber é como você pode encarar esse momento do Brasil para investir e ganhar mais dinheiro com seus investimentos.
O começo de tudo
Entramos num cenário, desde 2020, onde o Brasil já não estava sendo uma “mega potência”, nem nada perto disso. Mas veio uma pandemia que deixou as coisas um pouco piores, e o Brasil começou a ter que fazer uma injeção de dinheiro na economia.
E não importa se você acha que isso foi ou não correto, mas foi o que a maioria dos países fizeram: distribuição de auxílio; congelamento do trabalho; quarentena.
E com isso tivemos uma queda muito forte da produção. Assim, alguns setores da economia até agora não voltaram ao normal.
Ainda vê carros pedindo de seis a oito meses para entregar, pela ausência completa dos chips. Observamos carros aumentando de preço, mesmo os velhos.
Um completo congelamento das principais cadeias de produção do nosso país, as pessoas ficaram em suas casas para se proteger do vírus, com isso tivemos essa paralisação desses setores produtivos da economia.
Lembrando, que a economia não tem um cenário de “start-stop”, do estilo: “gente, vamos parar tudo e mês que vem a gente volta!”
Não funciona assim! As empresas, com medo de o que poderia acontecer com uma recessão econômica começaram a fazer demissões e deixaram de produzir na mesma quantidade que produziam.
Uma soma da diminuição de produção com a distribuição de capital para a sociedade, seja por meio de uma taxa de juros muito baixa (taxa selic a 2% no período) ou uma distribuição de renda para as classes C e D, causou um efeito de despencamento nos valores acionários, seguido de uma retomada absurda.
Naquele momento as empresas estavam apresentando resultados muito acima do que era esperado, inclusive em períodos normais, já que essas ações para conter a crise geram esse estímulo na economia.
No entanto, uma demanda acima da oferta alinhada com uma inflação forte impulsionou o preço dos produtos em geral.
Uma guerra em pleno século XXI
Para acabar de ferrar com tudo, uma guerra em pleno 2022 se inicia. E uma guerra, justamente contra um dos países que mais exportam petróleo no mundo, a Rússia.
O petróleo é tão importante que fica difícil explicar a importância do mesmo, mas vamos falar só do Brasil para entendermos.
Tudo que chega na sua casa vem de transporte rodoviário. Se tem um aumento muito forte nos produtos a base de petróleo, o diesel, consequentemente, também aumenta.
Observando nesse escopo parece que se trata de um problema isolado, mas se o diesel aumentar, o preço da cenoura também aumenta, da batata, do arroz, de basicamente tudo.
Soma isso ao fato dos preços já estarem aumentando porque as pessoas já tinham produzido menos, e o consumo alto cria-se uma inflação altíssima.
O Brasil na inflação
No entanto, o Brasil, entre outros países da América Latina já estão mais espertos com esse papo de inflação.
Sendo assim, já temos uma boa noção de como funciona estar sob a pressão inflacionária.
Os outros países do mundo ficam sem uma boa noção de como resolver o problema da inflação por não terem experiência com essa infeliz condição.
Imagina aqui, Estados Unidos nos últimos 40 anos tem uma inflação média de quanto? 1%, 2%? Os últimos caras que lidaram com a inflação já estão velhos, e são assim solicitados para tentar resolver esse problema inflacionário.
Afinal, imagina um economista novo, recém formado num país que nunca te fez ver um cenário forte de inflação.
Deixaram o perigo inflacionário chegar sem nenhuma reação imediata, e quando perceberam o risco, logo reagiram com um aumento nos juros.
Pode-se ver a inflação americana e acreditar que esses percentuais da inflação está menor que a do Brasil. Mas lembre-se, o Brasil tem este costume, está uns 2x maior do que o normal.
A taxa de inflação nos Estados Unidos, no entanto, chega a ser até 10x maior do que o normal.
A diferença é que com esse aumento forte da inflação americana causou uma confusão generalizada no país. Não sabiam nem por onde começar a resolver esse “BO”.
O Brasil começou a subir sua taxa de juros bem antes, conseguiu levar a taxa para o menor patamar lá no começo da crise, chegando nos atuais 13%.
Assim, estes 13% desestimulam a economia de modo geral. Seguramos o dinheiro e com isso deveríamos ver a inflação começar a cair, mas ainda não vimos ela CAIR. Vimos ela DESACELERAR.
Estamos numa deflação?
O que é diferente. Vejo pessoas falando sobre uma “deflação” por conta dessa queda inflacionária, mas não é. Podemos chamar de “desinflação” talvez, mas o termo “deflação” seria basicamente se o Brasil estivesse com uma inflação negativa, e estamos longe disso.
Zerar o ICMS do combustível fez a inflação abaixar bastante, mas ainda não chegamos num ponto de deflação. Mas pode chegar!
O Brasil começou a se recuperar, mas aí chega o período eleitoral. E temos um costume SIM de termos medidas muito populistas próximas a esses períodos.
E aqui, quero explicar que a Dilma segurou o preço de energia de combustíveis e de energia ao chegar perto da eleição dela (inclusive foi um grande ponto de rejeição para ela).
Se observar os mandatos do Lula, ele fez a mesma coisa, inclusive, tentou pressionar o aumento da bolsa família próximo ao período eleitoral.
Numa manchete encontrei: “A 90 dias da eleição, Lula dá Bolsa-Família a 1,8 milhão.”
Medidas populistas e inflação vão fazer o Brasil quebrar
Então basta pesquisar que encontramos várias recorrências dessas medidas populistas.
Este é um erro do nosso sistema de eleição, por premiar o populismo.
Neste exato momento estamos oferecendo distribuição aos caminhoneiros, estamos distribuindo auxílio ainda, este auxílio, inclusive, recebeu um aumento etc.
Aqui perguntam, “Raul, mas quando passar esse período eleitoral, não vamos ter que pagar a conta?” Sim. Teremos que pagar.
Mas é preciso entender o que o nosso ministério da economia planejou para que este processo não seja tão “zoado”.
Fizeram um plano. Aumentaram a taxa de juros muito fortemente, assim cria uma pressão para evitar a inflação.
Pegaram o dinheiro da venda de uma estatal e jogaram para zerar o imposto de uma gasolina durante um período específico (também) e ressarcir os estados.
Estes dois fatores juntos já são suficientes para empurrar a inflação bastante para baixo, por conta de tudo ser rodoviário etc.
Do outro lado, estão distribuindo auxílio, vão fazer isso durante um período específico. Que está bem na janela do tempo da eleição. Isso deve durar uns três meses: agosto, setembro e outubro.
A impressão de dinheiro na economia está, de fato, exagerada. Só que ao mesmo tempo, essas duas pressões desinflacionárias tentam puxar e controlar essas medidas.
E depois das eleições?
Acredito que, na cabeça do ministério da economia, vai haver um equilíbrio entre estes dois fatores. Assim, em Janeiro do ano que vem, assumem a responsabilidade de lidar com o prejuízo gerado.
Ou, ainda, simplesmente não precisarem lidar com nada. Já que o ministério da economia pode ter acertado um cálculo para que essa distribuição de renda não seja tão agressiva quanto seria, por exemplo, se precisassem bancar esse ICMS com um dinheiro direto sem a venda da estatal.
Mas aí, o que você precisa pensar? Já que começa aqueles papos de fim do mundo…
… Esses papo de tirar a grana investida, nada mais é, que mão de alface.
Os melhores períodos do Brasil para você estar comprando ações, para você estar investindo, é exatamente nesses momentos mais delicados.
Pega a história do Brasil, e você não encontra um momento em que ele não estivesse em crise. O Brasil está em crise desde 1500, entre as mais variadas, mas ainda em crise.
É um país que teve 9 moedas, é um país que sempre teve políticos populistas, um que já esteve sob a mão dos piores gestores do mundo e nunca deu em nada. As empresas conseguem sobreviver, estão acostumadas com esse cenário.
Veja aqui uma medida de investimento ótima para você que está se convencendo de que o Brasil pode sempre resistir! Commodities brasileiras: quais são as principais e como investir?
O que fazer durante esse período?
O que você precisa se acostumar é em conseguir continuar aportando. Se você continuar podendo aportar, a crise passa e você será o cara que comprou no momento caótico.
Você consegue pegar preços que outras pessoas pegaram lá atrás. Quando seu amigo falava que estava ganhando dinheiro, aquele era o pior cenário! Era um ciclo de alta, agora caiu e aqui sim você está no melhor cenário possível.
Quando todos estão desesperados, significa que chegou um bom momento. Não se deixe levar pelos boatos.
“Raul, eu vi que tem muita renda fixa boa!” Pois então, a taxa Selic quando está alta do jeito que está, você pode encontrar ótimas oportunidades no pré-fixado, em IPCA e até em título público, são riscos baixíssimos.
Essa crise gera um cenário em que os investidores deveriam soltar foguetes, e não ficar falando de como você vendeu suas ações para esperar o mercado melhorar. Isso é burrice! Recebo algumas mensagens que me deixam desesperado!
Se você vende suas ações para o mercado melhorar, então ele nunca vai ficar bom. Porque você é burro! Você vende quando estão baratas e compra quando estão caras, poxa… que hora vai ganhar dinheiro assim?
Para com essa mania. Concentra no seu trabalho, foca em ganhar sua grana, empreender, tente se manter estável para colocar seus aportes. Se conseguir fazer só isso… Vai acelerar o plano que você tinha para daqui a 20~30 anos.
A economia se move em momentos muito lentos, mas muito programados. É um método! Não adianta ficar procurando a novidade de investimento.
Gostou do conteúdo? Então, não deixe de assistir ao vídeo acima (do canal Investidor Sardinha) em que detalho mais sobre essa questão de o Brasil quebrar ou não.
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