21 de setembro de 2023 - por Sidemar Castro
Vamos falar sobre a doença holandesa? E acredite, este não é um tema de saúde, mas sim de economia!
Trata-se de um termo econômico usado para explicar situações em que o aumento da receita com a exportação de recursos naturais valoriza demais a moeda local e leva à desindustrialização do setor manufatureiro, que fica menos competitivo em relação aos produtos externos.
O que é a doença holandesa?
A doença holandesa é um fenômeno econômico que ocorre quando a economia de um país se torna muito dependente da exportação de recursos naturais, como petróleo, gás, minerais ou produtos agrícolas, o que leva a um declínio no setor manufatureiro e na diversificação econômica.
O termo foi inspirado nos eventos dos anos 1960, quando os Países Baixos experimentaram um aumento substancial das receitas de exportação de gás, o que resultou na valorização de sua moeda, o florim, e na queda das exportações de outros produtos neerlandeses.
A doença holandesa pode ser causada por vários fatores, incluindo:
- Efeito renda: a renda adicional gerada pela exportação de recursos naturais beneficia vários agentes econômicos, o que pode levar a um aumento dos preços dos recursos naturais e à sobrevalorização da moeda.
- Especialização na produção de bens: a abundância de recursos naturais gera vantagens comparativas para o país que os possui, levando-o a se especializar na produção desses bens e a não se industrializar ou mesmo a se desindustrializar.
- Falta de investimento em outros setores: a dependência excessiva dos recursos naturais pode levar a um subinvestimento em outros setores, como a indústria, o que prejudica a diversificação econômica.
A doença holandesa pode ter efeitos negativos a longo prazo, como a vulnerabilidade a flutuações nos preços dos recursos naturais, a falta de diversificação econômica e a desindustrialização.
Alguns países que enfrentaram ou estão enfrentando a doença holandesa incluem os Países Baixos, a Venezuela, o Canadá e a Rússia.
No entanto, não há consenso sobre a existência da doença holandesa em todos os casos, e alguns economistas argumentam que ela pode ser evitada por meio de políticas adequadas de gestão de recursos naturais e diversificação econômica.
Como esse fenômenos funciona?
A doença holandesa é um fenômeno econômico que ocorre quando um país se torna muito dependente da exportação de recursos naturais, como petróleo, gás, minerais ou produtos agrícolas. Isso leva a um declínio no setor manufatureiro e na diversificação econômica.
Esse fenômeno econômico pode ser causado por vários fatores, incluindo o efeito renda, a especialização na produção de bens e a falta de investimento em outros setores. A renda adicional gerada pela exportação de recursos naturais beneficia vários agentes econômicos, o que pode levar a um aumento dos preços dos recursos naturais e à sobrevalorização da moeda.
A abundância de recursos naturais gera vantagens comparativas para o país que os possui, levando-o a se especializar na produção desses bens e a não se industrializar ou mesmo a se desindustrializar. A dependência excessiva dos recursos naturais pode levar a um subinvestimento em outros setores, como a indústria, o que prejudica a diversificação econômica.
Por que a doença holandesa pode ser prejudicial para a economia?
A doença holandesa pode ser prejudicial para a economia por várias razões:
- Desindustrialização: O aumento da receita de exportação de matérias-primas pode levar à apreciação da moeda local, tornando as exportações de outros bens manufaturados menos competitivas. Isso pode resultar em um declínio da indústria manufatureira.
- Dependência de commodities: A economia pode se tornar excessivamente dependente da exportação de uma única commodity ou de um pequeno conjunto de commodities. Isso pode tornar a economia vulnerável a flutuações nos preços dessas commodities.
- Volatilidade econômica: Os preços das commodities tendem a ser voláteis, o que pode levar a instabilidade econômica. Se o preço da commodity cair, a economia pode entrar em recessão.
- Inflação: O influxo de moeda estrangeira pode levar à inflação, o que pode erodir o poder de compra dos cidadãos e aumentar o custo de vida.
- Desigualdade de renda: A riqueza gerada pela exportação de commodities pode não ser distribuída de maneira equitativa, levando a altos níveis de desigualdade de renda.
Portanto, embora a exportação de recursos naturais possa trazer benefícios econômicos a curto prazo, a doença holandesa pode ter efeitos prejudiciais a longo prazo para a economia de um país.
Qual é a origem do termo “doença holandesa”?
Está relacionada à descoberta de grandes reservas de gás natural nos Países Baixos durante os anos 1960. Esse evento resultou em um aumento substancial das receitas de exportação e na valorização do florim, a moeda da época. A valorização cambial acabou por prejudicar as exportações de outros produtos neerlandeses, cujos preços se tornaram menos competitivos internacionalmente na década seguinte.
Embora o termo seja mais comumente usado em referência à descoberta de recursos naturais, como petróleo e gás natural, a doença holandesa também pode se referir a qualquer desenvolvimento que resulte em um grande fluxo de entrada de moeda estrangeira, incluindo aumentos repentinos de preços dos recursos naturais, ajuda externa ou volumosos investimentos estrangeiros.
Outros episódios de doença holandesa pelo mundo
A Doença Holandesa é um fenómeno que pode afetar países com abundância de recursos naturais, levando à falta de industrialização e diversificação econômica. Aqui estão alguns exemplos de países que experimentaram a doença holandesa:
- Países do Golfo: Um estudo avaliou a doença holandesa como resultado da globalização e outros fatores explicativos para as economias dos países do Golfo pertencentes à OPEP.
- Indonésia: Apesar de ter recursos naturais abundantes, como petróleo, borracha e madeira, a Indonésia era um dos países mais pobres e populosos do mundo no início da década de 1970. O país sofreu com o fenômeno na década de 1980 devido às altas reservas de petróleo, o que levou ao declínio da competitividade de outras exportações.
- Nigéria: A Nigéria é outro país que sofreu a doença holandesa devido às suas reservas de petróleo. A economia do país tornou-se fortemente dependente das exportações de petróleo, levando à falta de diversificação e industrialização.
- Noruega: A Noruega é um exemplo de país que conseguiu evitar os efeitos negativos do processo. O país tem uma grande indústria petrolífera, mas também tem investido fortemente noutros setores, como as pescas e a tecnologia, para diversificar a sua economia.
- Grã Bretanha: Durante a década de 1970, a Grã-Bretanha também foi afetada, quando o país começou a extrair petróleo da costa da Escócia e a exportar o excedente. O valor da libra esterlina disparou e os seus outros produtos de exportação perderam competitividade, levando a uma recessão.
Há também um debate sobre se o Brasil experimentou a doença holandesa. Alguns especialistas defendem que o país a enfrentou no início da década de 2010 devido ao crescimento das exportações de commodities, o que levou ao aumento dos salários e prejudicou o setor manufatureiro.
A doença holandesa chegou ao Brasil?
Não há um consenso entre os estudiosos sobre a presença da doença holandesa no Brasil. Alguns especialistas, como Edmar Bacha, defendem que o país enfrentou a o fenômeno no início dos anos 2010, devido ao crescimento da exportação de commodities naquele período.
No entanto, um estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) sugere que o fenômeno ainda não estaria presente na economia brasileira, pois não houve alteração significativa na participação do setor industrial no PIB brasileiro, apesar do acentuado processo de reprimarização da pauta exportadora do país.
Portanto, a questão da doença holandesa no Brasil é um tema de debate e análise contínua entre os economistas. É importante lembrar que a presença da doença holandesa depende de uma série de fatores econômicos e pode variar ao longo do tempo.
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- Fontes: Suno, Mais retorno, Yubb