Com o avanço da eletrificação, muitas pessoas tem se perguntado se vale a pena investir na Petrobrás e em empresas do segmento. Vou explicar!
12 de agosto de 2024 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Há alguns dias eu recebi uma pergunta muito interessante e eu decidi responder aqui. Faz sentido investir na Petrobrás e em outras empresas que tem o petróleo como matéria prima? É isso que eu vou explicar na matéria especial de hoje!
O mundo está mudando
O motores movidos a combustão estão, aos poucos, sendo substituídos por motores movidos por energia elétrica gerada por fontes limpas.
Isso é um fato: a gasolina, o diesel e a querosene estão sendo substituídos. O mundo está mudando, estamos nesse processo de transição e, por conta disso, muitas pessoas começaram a me indagar se o petróleo é um setor perene. Se no futuro ele não estará mais presente em nossa história.
Analisando a situação
Analisando a demanda por petróleo no mundo, em 2005 eram consumidos por dia 83,65 milhões de barris. Desde então, o gráfico variou um pouco, mas nunca caiu vertiginosamente, exceto no ano da pandemia em 2020. Muito pelo contrário, o consumo chegou a subir, tanto que no ano de 2023 foram utilizados 102,21 milhões de barris por dia e a previsão para esse ano é de 103,46 milhões de barris por dia.
Ou seja, a demanda por petróleo tem aumentado ano após ano, mesmo com a eletrificação. Mas por qual motivo isso ocorre?
A primeira coisa que precisamos entender é que os carros elétricos ainda não alcançaram números relevantes e ainda tem muitos desafios que precisam ser superados até que se popularizem. Outro ponto é que, para a aviação e transportes feitos com caminhões, essa eletrificação não é possível.
Com relação as aeronaves, é ainda mais complicado. Porque elas praticamente não param, o tempo que esperam é apenas para que possam reabastecer e esfriar. Por isso, seria quase impossível que essas máquinas ficassem carregando por algum tempo.
Quando olhamos o consumo dos países também, podemos notar que quanto mais industrializado for, maior é o consumo de petróleo.
Dito isso, posso afirmar com segurança que estamos longe, muito longe de uma redução drástica no uso do petróleo. Inclusive, isso é uma preocupação, porque essa não é uma matéria-prima infinita. A previsão é de que nossos estoques de petróleo se esgotem em no máximo 50 anos.
Então, na realidade a preocupação é outra, é com relação ao fim do petróleo.
O petróleo vai ser substituído?
Quando vamos analisar o consumo de petróleo nos EUA, por exemplo, 63% está atrelado a produção de gasolina e diesel. Enquanto que 12,2% está atrelado ao gás líquido, 7,7% ao combustível de aeronaves e 6,3% a outros produtos.
Entre esses produtos estão: plástico, pvc, acrílico, nylon, borracha sintética, cera, detergente, produto de limpeza, lubrificante… A lista é imensa. Então, mesmo que deixássemos de usar o petróleo pra abastecer os carros e produzir sacolas plásticas, ainda haveria uma infinidade de produtos feitos com a matéria-prima.
Chega a ser absurdo cogitarmos que o petróleo vai deixar de ser utilizado em massa. Praticamente tudo é feito de petróleo.
Ainda vale a pena investir na Petrobrás?
Dito tudo isso, eu consigo imaginar o fim do mundo, mas não consigo imaginar o que faríamos sem petróleo.
Inclusive, espero que a gente consiga deixar de depender do petróleo para a produção de combustíveis, pra que a consigamos utilizá-lo por mais tempo, para produzir todas essas outras coisas que eu citei.
Empresas de petróleo são boas?
Quando vamos analisar as empresas de petróleo, elas são boas? É isso que vamos analisar a seguir!
Petrobrás (PETR3)
Antes de tudo, é importante lembrar que a Petrobrás é uma estatal, e portanto a política de pagamentos pode mudar, a diretoria por mudar… Ou seja, é um cenário complicado que você precisa estar ciente.
Mas com relação aos números, a empresa está sendo negociada atualmente com um P/L de 4,64 – ou seja, se você compra uma ação da empresa, dentro de 4 anos você já vai ter o pagamento dessas ações com o lucro que a empresa registrou. O P/VP da empresa é de 1,26 o que também é bom.
Além disso, o dividend yield (12 meses) é de 16,84%, o que também é excelente. Para entender melhor isso é só pensarmos que se uma pessoa investiu R$1 milhão na Petrobrás no ano passado, em 12 meses ela teria recebido R$168 mil reais.
A empresa tem uma dívida líquida grande, mas caso algo ocorra, a garantia dessa divida sou e você, porque afinal é uma empresa estatal. Então, se você não tem muito problema com o fato de ser uma empresa estatal e com as possíveis oscilações, a empresa pode ser um bom investimento. Ela não é perigosa, inclusive é uma das maiores do Brasil.
Petroreconcavo (RECV3)
A Petroreconcavo é bem menor que a Petrobrás, mas também têm números positivos. O P/L da empresa é de 9,45 o P/VP é de 1,26. A empresa tem uma divida equilibrada e não teve lucros consistentes nos últimos anos, principalmente porque ela é relativamente nova na bolsa.
E aqui vem um ponto de atenção, cuidado quando for investir em empresas com IPO recente. Isso significa que você não pode investir? Não, mas é importante entender que a empresa ainda não é tão sólida e que por isso, esses números podem mudar.
Em resumo, a empresa tem bons indicadores e pode ser uma opção interessante.
PetroRio (PRIO3)
Essa é uma das empresas mais maduras desse mercado. Atualmente, o P/L da empresa é de 7,72 e o P/VP de 2,54 e além disso, a empresa tem lucros consistentes desde 2015. O crescimento de receita da empresa nos últimos 5 anos foi de 49,52% o que é excelente. Os indicadores da empresa são muito interessantes e vale a pena analisar e conhecer melhor sobre.
Quer saber o que eu penso sobre investir nesse setor? Então, assista ao vídeo completo!
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