24 de abril de 2025 - por Letícia Rocha

Governo estuda ampliar o limite de faturamento anual para enquadrar uma empresa no regime do Microempreendedor Individual (MEI), implementando um modelo de alíquotas progressivas para quem ultrapassar esse teto. O Carrefour Brasil informou que a acionista A Península, empresa de investimentos fundada pelo falecido Abilio Diniz, vendeu toda a sua participação de 4,9% na companhia. A informação foi feita via fato relevante ao mercado.
Para minar a China, América Latina volta a ser prioridade dos EUA. Na semana passada, os EUA enviaram o secretário de Defesa ao Panamá como parte de um movimento estratégico para reafirmar sua influência sobre o Canal do Panamá, uma rota comercial crucial.
No entanto, nesta semana, Trump recebeu o presidente de El Salvador na Casa Branca. Enquanto isso, o secretário do Tesouro dos EUA visitou o presidente argentino Javier Milei. Tudo isso, reforçando o desejo americano de reduzir a influência econômica da China na região.
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Ofensiva diplomática
Esse conjunto de ações faz parte de uma ofensiva diplomática dos EUA, para frear o avanço da China na América Latina. Nos últimos anos, Pequim se tornou um dos principais financiadores e parceiros comerciais do continente, o que tem preocupado Washington.
De acordo com o secretário do Tesouro, os EUA querem evitar que a América Latina repita o que aconteceu na África, onde a China firmou acordos considerados “predatórios”, disfarçados de ajuda econômica. E que na verdade resultaram em grandes dívidas e entrega de recursos naturais por parte dos países africanos. O alerta é claro: os EUA veem a estratégia chinesa como uma armadilha disfarçada de cooperação.
A presença chinesa na América do Sul começou a se fortalecer no início dos anos 2000, com a compra massiva de matérias-primas e grandes investimentos em infraestrutura.
Atualmente, a China já superou os EUA como principal parceiro comercial de vários países sul-americanos. Além disso, promove sua influência por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota, um programa de desenvolvimento econômico global que já foi adotado por mais de uma dúzia de nações latino-americanas.
China segue avançando
Mesmo com o discurso duro de Trump, a China continuou avançando economicamente na América Latina, com empresas chinesas liderando grandes projetos. Agora, os EUA tentam reagir, mas de uma forma bem diferente.
Por isso, Trump ameaça retomar o controle do Canal do Panamá e impor “tarifas secundárias” contra países que compram petróleo da Venezuela mirando principalmente a China, a maior compradora.
No entanto, a estratégia americana parece ser mais de pressão e confronto do que de parceria. Enquanto Xi Jinping promove a China como aliada do desenvolvimento e defensora da globalização, os EUA estão apostando apenas em ameaças.
Além disso, embora os EUA tenham enviado cerca de US$ 2,5 bilhões em ajuda para a América Latina em 2024, esse apoio pode ser cortado. Trump quer acabar com a agência responsável por essa ajuda, o que pode enfraquecer ainda mais a presença americana na região.
Por isso, considerando esse cenário, países como México e Colômbia, mais próximos dos EUA, podem seguir alinhados. No entanto, as grandes nações da América do Sul, como o Brasil, tendem a manter os laços com a China. Principalmente, por causa do forte comércio bilateral.
O Brasil, por exemplo, comercializou cerca de US$ 178 bilhões com a China no último ano, quase o dobro do valor negociado com os EUA. Já na Argentina, mesmo com um presidente simpático a Trump, Javier Milei teve que adotar um tom mais amigável com os chineses. Ele inclusive chamou a China de “grande parceiro comercial”. E prometeu aprofundar a relação entre os dois países, reconhecendo que não pode simplesmente ignorar o peso da China na economia argentina.
Trump ignora um dos produtos que os EUA mais exportam: serviços
O presidente Trump tenta reduzir o grande déficit comercial dos EUA, que chegou a US$ 1,21 trilhão em 2024. Para isso, está aplicando tarifas sobre produtos importados. No entanto, essa visão não considera a força dos EUA no comércio de serviços.
Enquanto os EUA têm déficit no comércio de bens, registram um crescente superávit nos serviços, que chegou a US$ 295 bilhões. A economia americana passou a ser dominada por serviços como tecnologia, finanças, turismo e consultoria.
No entanto, como serviços são difíceis de tarifar, países como os da União Europeia ameaçam retaliar de outras formas. Uma das alternativas é multar ou restringir as empresas de tecnologia dos EUA, em resposta às tarifas de Trump. Isso gera tensões comerciais e diplomáticas.
Impactos no turismo e na economia
As ações e declarações de Trump aumentaram o sentimento antiamericano, afetando negativamente o turismo internacional. Reservas e visitas de estrangeiros aos EUA caíram, e a previsão é de uma perda de até US$ 90 bilhões no PIB em 2025. O turismo, que representa 2,5% do PIB, é essencial para a recuperação econômica pós-pandemia.
A Influência das a de Trump no comércio internacional e na economia
No caso do Brexit, a mudança não teve um impacto positivo para o Reino Unido, especialmente a longo prazo. Embora a saída da União Europeia tenha sido motivada por questões de soberania e controle, os resultados econômicos foram amplamente negativos.
O PIB do Reino Unido foi reduzido em cerca de 5,5%, o comércio caiu significativamente. Setores como o financeiro e o turismo sofreram perdas expressivas. Empresas financeiras realocaram operações para a UE, enquanto o turismo, um pilar importante da economia, também enfrentou queda no número de visitantes e dificuldades relacionadas a imigração e câmbio. Portanto, o Brexit trouxe mais desafios do que benefícios econômicos para o Reino Unido.
O Brexit tem custado 100 bilhões de libras por ano (US$ 124 bilhões) à economia do Reino Unido. Os efeitos que abrangem desde investimentos corporativos até a capacidade das empresas de contratar trabalhadores.
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Nacional
Governo estuda ampliar teto do MEI
O governo federal estuda aumentar o limite de faturamento anual do Microempreendedor Individual (MEI), que hoje está em R$ 81 mil por ano. A proposta está em discussão e a ideia central é criar um sistema de alíquotas progressivas. Ou seja, quem passar do limite pagaria mais impostos apenas sobre o valor excedente, de forma parecida com o que já acontece no Imposto de Renda.
O valor atual está defasado, pois não é corrigido desde 2011. Com base na inflação acumulada nesse período, o teto do MEI deveria estar por volta de R$ 179,8 mil.
Existem projetos no Congresso que propõem novos limites entre R$ 108 mil e R$ 140 mil, como no caso do chamado “Super MEI”, ou ainda o PLP 108/2021, que sugere um teto de R$ 130 mil e a possibilidade de contratação de até dois funcionários.
Hoje, o MEI paga 5% do salário mínimo para o INSS — o equivalente a R$ 75,90 por mês em 2025. Além disso, há uma pequena taxa dependendo da atividade. O novo modelo manteria a simplicidade para a maioria dos empreendedores, mas aumentaria a arrecadação para quem crescer, acompanhando o ritmo da empresa de forma mais justa.
O Brasil conta atualmente com cerca de 16,5 milhões de MEIs, sendo que a maioria são mulheres, principalmente na região Nordeste, onde elas representam 70% da categoria. Com a reforma tributária aprovada no fim de 2023, o governo quer aproveitar o momento para também modernizar e ajustar o sistema do MEI, tornando-o mais justo e adaptado à realidade atual.
Península vende toda sua participação de 4,9% no Carrefour Brasil
A Península, empresa de investimentos fundada por Abilio Diniz, vendeu toda sua participação de 4,9% no Carrefour Brasil. Essa movimentação foi informada por meio de um fato relevante ao mercado.
A venda ocorreu pouco antes da assembleia geral de acionistas do Carrefour Brasil, que deve votar a proposta do grupo Carrefour francês para fechar o capital da subsidiária brasileira, uma decisão que pode impactar diretamente a estrutura da empresa no Brasil.
Em fevereiro, o Carrefour informou que a Península havia mostrado interesse, anteriormente, em converter sua participação no Carrefour Brasil em ações do controlador francês. Ou seja, um indicativo que o movimento estava alinhado com a estratégia de fechamento de capital da subsidiária.
A venda da participação da Península pode ter implicações no processo de fechamento de capital do Carrefour Brasil, afetando tanto a governança quanto o valor de mercado da empresa, além de ser um movimento estratégico para os acionistas envolvidos.
A Península é reconhecida por sua visão estratégica ao investir em diversos setores no Brasil, como alimentos, varejo e shopping centers. A empresa teve participação significativa na BRF, com o objetivo de fortalecer sua governança, e também na Via Varejo e BR Malls. Diniz também foi controlador do Grupo Pão de Açúcar (GPA), onde implementou estratégias de crescimento, antes de vender sua participação ao grupo francês Casino.
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