22 de abril de 2025 - por Letícia Rocha

Rublo russo dispara e valoriza quase 40% em 2025, superando até o ouro. China barra exportação de minerais críticos e Trump impõe nova regra a chips da Nvidia para isolar China. Salário mínimo vai subir? Governo brasileiro propõe superávit de 0,25% do PIB e salário mínimo de R$ 1.630. Gigantes chinesas ameaçam hegemonia do iFood no Brasil! Essas são algumas das notícias mais relevantes das últimas horas que vamos comentar a seguir. Confira!
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Internacional
Rublo russo se valoriza quase 40% em 2025 e supera ouro.
A notícia vem após o Fundo Soberano Russo anunciar a troca quase que total de dólar e euro por Yuan. Na prática, eles não vão vender seus dólares e euros por motivos óbvios. Todos estão congelados desde o início da guerra contra a Ucrânia devido às sanções. No entanto, a ideia consiste em separar esse patrimônio em dólar e adotar de vez o Yuan na composição do PL do Fundo.
Mas, afinal, o que é um fundo Soberano? É um fundo de investimentos criado por governos para administrar as riquezas do país. Normalmente, são riquezas provenientes de fontes de recursos importantes, como o gás e petróleo na Rússia e o petróleo na Noruega.
Além desse “abandono”, o governo Russo promoveu uma série de medidas que dificultou a circulação de dólares dentro do país, como o fim da circulação da moeda na Bolsa de Moscou em junho do ano passado. A altíssima taxa de juros praticada pelo banco central Russo, 21% ao ano, restringe a demanda por moeda estrangeira, já que reduz a circulação da própria moeda russa.
Melhora na relação
Outro ponto importante está numa percepção de uma boa relação entre Trump e Putin, o que melhorou a percepção e a confiança dos mercados na Rússia. Com essa melhora, mais negócios vão surgindo.
A preferência pela moeda chinesa torna ainda mais escassas as trocas entre Rublo e Dólares, que hoje são realizadas apenas em ambiente de balcão. Vale lembrar que essa postura dos russos leva a um aumento no isolamento do Ocidente e uma dependência em maior grau da economia chinesa, que detém uma moeda que é artificialmente controlada pelo governo Chinês.
No lado Russo, alguns comemoram pelo fato da pressão da inflação começar a reduzir. No entanto, outros questionam o fato da redução das exportações russas, já que dessa forma os produtos russos tornam-se mais caros para o mercado.
Disputa comercial acirrada
A China deu um novo passo na escalada da guerra comercial com os EUA ao suspender a exportação de minerais críticos, como as chamadas terras raras — um grupo de 17 elementos químicos essenciais na fabricação de motores elétricos, baterias, semicondutores, armamentos, painéis solares e outros componentes tecnológicos.
Com cerca de 90% da produção global concentrada em território chinês, o bloqueio ameaça interromper cadeias de suprimento estratégicas para montadoras, empresas de defesa e gigantes da tecnologia, especialmente nos EUA.
Além disso, o bloqueio aos minerais, a China também limitou a importação de filmes de Hollywood e proibiu empresas aéreas de comprar jatos da Boeing. As ações marcam uma intensificação nas disputas comerciais e tecnológicas entre as duas potências, ampliando os riscos para a economia global.
Novas restrições de Trump
Trump, impôs novas restrições à exportação de chips de inteligência artificial para a China. A medida exige ainda que a Nvidia obtenha uma licença especial para vender o chip H20, desenvolvido especificamente para atender às regras anteriores do governo Biden, a clientes chineses.
A mudança acontece um dia após a Nvidia informar que planeja investir até US$500 bilhões em infraestrutura de IA nos EUA nos próximos quatro anos, por meio de parcerias com TSMC e Foxconn.
Com a notícia, as ações da Nvidia chegaram a recuar mais de 9%. Entretanto, o movimento arrastou outras gigantes do setor e fez os futuros do índice Nasdaq 100 caírem mais de 4%. Além disso as ações da AMD caíram quase 10% e a fabricante holandesa ASML também perdeu quase 10%. Na Ásia, os papéis de grandes compradores de chips de IA, como Alibaba, Baidu e Tencent, registraram quedas entre 2% e 4% em Hong Kong.
A Nvidia prevê que o corte de vendas a China do chip H20 cause um impacto de US$5,5 bilhões em sua receita, o que representa quase 10% do total.
Os chips de IA da Nvidia têm sido um dos principais focos dos controles de exportação dos EUA. As autoridades norte-americanas estão tentando impedir que os chips mais avançados sejam vendidos para a China. No entanto, logo após a implementação desses controles, a Nvidia começou a projetar chips que se aproximassem o máximo possível dos limites dos EUA. E, ao mesmo tempo, fossem permitidos para venda na China.
O H20 é um desses chips. Por isso, as companhias chinesas, incluindo Tencent, Alibaba e a controladora do TikTok, ByteDance, têm ampliado os pedidos de chips H20 devido à crescente demanda por modelos de IA de baixo custo da startup DeepSeek.
Governo propõe superávit de 0,25% do PIB
O Governo Lula enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para o ano de 2026, propondo um superávit de 0,25% do PIB e um aumento de 7,4% no salário mínimo. Ou seja, o salário sairia de R$ 1.518 para R$ 1.630, um aumento de R$ 112.
O superávit primário nada mais é do que a diferença entre Receitas e Despesas não financeiras. Esse indicador funciona como a geração de caixa do governo, onde mede a sua capacidade de arcar com despesas sem a necessidade de financiamento. Por isso, sua importância está vinculada ao fato de que o arcabouço fiscal utiliza ele como parâmetro para o crescimento das despesas do governo.
Esse novo salário mínimo corresponde ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) somado ao crescimento real de 2,5% que foi uma das promessas de campanha do presidente Lula. No entanto, vale lembrar que desde o ano passado o salário é corrigido pelo INPC.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calcula que o salário mínimo serve de referência para 59,9 milhões de pessoas no Brasil.
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Qual o impacto do reajuste do salário mínimo?
Esse reajuste implica também o cálculo de vários benefícios, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e os demais pagamentos feitos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) como aposentadorias e pensões. Além do salário dos servidores públicos, pensões, contratos de serviços e etc. Portanto, a estimativa é de que as despesas com pessoal acompanhem essa alta numa magnitude semelhante.
O economista e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, criticou a medida. Para ele, é necessário congelar o salário-mínimo por 6 anos. A medida seria fundamental para melhorar as contas da Previdência Social, que pioram de forma assustadora.
Números assustam
A expectativa do Tesouro é que, neste ano, as despesas com a Previdência Social dos empregados do setor privado ultrapassem o R$ 1 trilhão pela primeira vez, chegando a R$ 1,032 trilhão, ou 8,1% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto as receitas devem ficar em R$ 693,5 bilhões (5,5% do PIB). Dessa forma, o déficit da Previdência deve ser de R$338,1 bilhões, o equivalente a 2,68% do PIB.
O Tesouro prevê que o déficit da Previdência dos trabalhadores do setor privado ficará ao redor do patamar atual até 2030, quando deverá subir sensivelmente e chegar a 2040 em 3,57% do PIB. Daí em diante, a perspectiva é de um aumento de 1,5 a 2 pontos do PIB nas décadas seguintes, atingindo preocupantes 11,61% do PIB em 2100 – em 75 anos, quando as receitas previdenciárias devem somar nada menos que R$ 13,8 trilhões (5,4% do PIB), enquanto as despesas com benefícios atingirão R$ 43,8 trilhões (17% do PIB).
Além disso, o governo Lula também prevê na LDO que as empresas estatais federais registrem déficit ainda maior em 2026, de R$6,8 bilhões, superior ao valor registrado em 2024 (R$6,7 bilhões) e ao mirado em 2025 (R$6,2 bilhões).
O déficit primário de 2024 descontou os investimentos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e os resultados dos grupos ENBPar e Petrobras. O Correios segue liderando a lista de maior déficit: R$3,2 bilhões.
Governo pode parar
Para especialistas em contas públicas, a LDO empurrará o colapso nas contas públicas para o próximo mandato presidencial. Ou seja, o governo federal deve ficar sem dinheiro suficiente para manter a máquina pública funcionando.
Conforme os números divulgados pela própria equipe do Ministério da Fazenda, as despesas obrigatórias somarão R$ 2,84 trilhões em 2029. Ou seja, o próximo presidente terá apenas R$8,9 bilhões livres para realizar investimentos se nada for feito. Para efeito de comparação, esse valor é menor que o orçamento da Prefeitura de Goiânia para este ano, previsto em R$10,6 bilhões.
Vale frisar ainda que apesar dos esforços, o crescimento das despesas do país crescem a passos largos. Hoje temos uma divida PIB de 76,2% e a estimativa é que para o ano que vem cheguemos a 81%.
Piso da saúde e educação
A Constituição Federal (CF) estabelece que a União deve destinar um percentual mínimo da receita de impostos para a Educação e a Saúde. Da mesma forma, os estados e municípios também devem cumprir essa obrigação. No entanto, com o crescimento das demais despesas obrigatórias, como aposentadorias e pensões, a previsão é que, em 2027, o governo já não tenha verba suficiente para pagar esse mínimo constitucional. De acordo com cálculos do Ministério da Fazenda, o governo necessita de R$ 122 bilhões para cobrir os dois pisos. Entretanto, há um déficit de R$ 10,9 bilhões.
Gigantes chinesas ameaçam hegemonia do iFood no Brasil
O anúncio da entrada de gigantes chinesas como Meituan e Didi no mercado de delivery brasileiro promete reconfigurar a disputa por restaurantes e consumidores. Atualmente, o setor é amplamente dominado pelo iFood, que detém cerca de 80% do setor, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
Se, por um lado, os novos concorrentes podem gerar benefícios como taxas mais competitivas e melhores condições comerciais. Por outro, levantam dúvidas sobre a adesão dos consumidores, a fragmentação de canais e os custos de adaptação dos restaurantes.
O movimento mais concreto até agora foi da Didi, que anunciou no início de abril o retorno da 99Food ao Brasil, como parte de uma estratégia de integração de serviços urbanos que inclui mobilidade, pagamentos e agora, novamente, entregas de comida. Ou seja, a operação mira cidades de médio e pequeno porte, onde ainda há espaço para crescimento.
Concorrência promete
Hoje, o iFood cobra dos restaurantes taxas que variam entre 12% (no plano Básico, com entregas por conta do próprio restaurante) e 23% (no plano Entrega, com logística operada pela plataforma). Além disso, há também uma taxa de 3,2% sobre pagamentos online. No entanto, há ainda mensalidades de até R$ 150 para estabelecimentos que vendem mais de R$ 1.800 mensais.
Segundo dados da plataforma, o iFood concluiu 2024 com 55 milhões de clientes ativos, 380 mil estabelecimentos parceiros, 360 mil pessoas entregadoras cadastradas e chega a contabilizar 110 milhões de pedidos em apenas 1 mês.
De acordo com a Abrasel, a principal queixa dos restaurantes atualmente é a falta de poder de negociação com o iFood. Além disso, existe a sensação de dependência de um único canal digital.
Outras empresas já tentaram
O mercado de delivery brasileiro já assistiu à saída de players como Ubereats e 99Food. Em fevereiro, a Prosus, grupo holandês dono do iFood, comprou a plataforma de pedidos e entregas de alimentos Just Eat Takeaway.com por € 4,1 bilhões, equivalente a R$24,6 bilhões.
Ou seja, o desafio para os novos entrantes, porém, não é pequeno. Além da dominância do iFood na preferência do consumidor, há ainda as tensões com os entregadores. Recentemente, ele organizaram greves nacionais por melhores condições de trabalho. Além disso, a pauta inclui reajuste nas taxas mínimas por entrega, limitações de distância para entregadores de bicicleta e maior proteção em caso de acidentes.
Quer saber mais sobre essa história ou sobre o aumento do salário mínimo? Então, assista ao vídeo!