Escola Austríaca de Economia: o que é, origem e características

14 de setembro de 2023, por Sidemar Castro

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A Escola Austríaca de Economia é uma corrente de pensamento econômico que se caracteriza por enfatizar a importância da ação humana, da ordem espontânea e do livre mercado na explicação dos fenômenos econômicos.

A Escola Austríaca se opõe ao intervencionismo estatal, ao planejamento centralizado e às teorias macroeconômicas baseadas em agregados e equilíbrios.  Os principais expoentes da Escola Austríaca foram Carl Menger, Ludwig von Mises e Friedrich Hayek, entre outros.

Para saber mais sobre essa escola econômica, continue a leitura.

Como se originou a Escola Austríaca de Economia?

A Escola Austríaca de Economia é uma corrente de pensamento econômico que se originou no final do século XIX na Áustria-Hungria, a partir das obras de Carl Menger, Eugen von Böhm-Bawerk e Friedrich von Wieser. Esses autores desenvolveram uma teoria do valor baseada na utilidade marginal, que enfatiza o papel dos indivíduos, das preferências e das expectativas na formação dos preços e na alocação dos recursos.

A corrente Austríaca se opõe ao historicismo, ao positivismo e ao intervencionismo estatal na economia, defendendo uma abordagem praxeológica (veja abaixo, na biografia de Mises), dedutiva e subjetivista. A Escola Austríaca nunca teve uma sede ou instituição formal, e seus membros podem vir de qualquer parte do mundo.

Entre os principais expoentes da Escola Austríaca estão Ludwig von Mises, Friedrich Hayek, Murray Rothbard e Israel Kirzner.

Quais são as características da Escola Austríaca?

A Escola Austríaca de Economia se caracteriza por enfatizar a importância da ação humana, da ordem espontânea, do individualismo metodológico e da teoria subjetiva do valor.

Seus principais representantes incluem Carl Menger, o fundador da escola, Eugen von Böehm-Bawerk, o criador da teoria da exploração capitalista, Ludwig von Mises, autor de Ação Humana e Liberalismo, e Friedrich Hayek, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 1974.

Embora chamados de “austríacos”, os atuais defensores da escola austríaca podem vir de qualquer parte do mundo. A Escola Austríaca foi uma das três correntes fundadoras da revolução marginalista da década de 1870, com sua teoria subjetiva do valor, o marginalismo na teoria dos preços e o problema do cálculo econômico sendo algumas das principais contribuições.

A Escola Austríaca enfatiza a importância da organização espontânea do mecanismo de preços e se opõe à intervenção estatal na economia.

Resumindo

Em síntese, alguns dos tópicos principais das características da Escola Austríaca são:

  • A economia é uma ciência social que estuda as escolhas dos indivíduos em situações de escassez e incerteza.
  • O método da economia austríaca é o individualismo metodológico, que analisa os fenômenos sociais a partir das preferências, expectativas e conhecimentos dos agentes.
  • O mercado é um processo dinâmico de coordenação e descoberta, que gera uma ordem espontânea resultante da interação voluntária dos indivíduos.
  • A intervenção estatal na economia é prejudicial, pois distorce os preços, os incentivos e o cálculo econômico, gerando ineficiência e desperdício de recursos.
  • A moeda é um bem econômico que surge do mercado como meio de troca e unidade de conta. A manipulação da moeda pelo governo provoca ciclos econômicos e inflação.
  • A propriedade privada é um direito natural e uma instituição fundamental para a liberdade e a prosperidade dos indivíduos e da sociedade.

Quais são os principais teóricos?

Surgida no século XIX em Viena, na Áustria, a Escola Austríaca de Economia defende a liberdade econômica, o individualismo metodológico, o livre mercado e a mínima intervenção do Estado na economia. Ela se contrapôs às teorias socialistas e marxistas que predominavam na época, e se baseou nos princípios da Escolástica tardia e da Escola de Salamanca.

Alguns dos principais teóricos da Escola Austríaca são:

Carl Menger

Carl Menger foi o fundador da Escola Austríaca e o autor da obra “Princípios da Economia Política”, considerada o marco inicial da corrente. Menger desenvolveu a teoria da utilidade marginal, que afirma que o valor de um bem depende da satisfação que ele proporciona ao consumidor, e não do seu custo de produção ou da quantidade disponível .

Menger também defendeu a importância dos bens de ordem superior (fatores de produção) e dos bens de ordem inferior (bens de consumo) para a formação dos preços e a alocação dos recursos escassos.

Friedrich Hayek

Friedrich Hayek foi um dos mais influentes economistas da Escola Austríaca e ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 1974. Ele foi discípulo de Ludwig von Mises e se destacou por suas contribuições à teoria monetária, à teoria dos ciclos econômicos, à teoria da informação e à filosofia política.

Hayek criticou o intervencionismo estatal e o planejamento centralizado, e defendeu a superioridade do mercado como mecanismo de coordenação das ações individuais e de transmissão do conhecimento disperso na sociedade. Ele também foi um dos fundadores do movimento liberal moderno e do Instituto Mont Pelerin.

Eugen von Böehm-Bawerk

Eugen von Böehm-Bawerk foi um dos principais seguidores de Carl Menger e um dos expoentes da Escola Austríaca. Böehm-Bawerk foi ministro das finanças da Áustria por três vezes e se notabilizou por sua teoria da taxa de juros, que relaciona o valor presente e o valor futuro dos bens, e por sua teoria da exploração, que refuta a tese marxista de que os capitalistas exploram os trabalhadores ao se apropriarem da mais-valia.

Böehm-Bawerk também desenvolveu a teoria da estrutura produtiva, que analisa os diferentes estágios de produção e os fatores que determinam a duração do processo produtivo .

Ludwig von Mises

Ludwig von Mises foi o mais proeminente economista da Escola Austríaca e o mentor de Friedrich Hayek. Mises foi professor universitário em vários países e fugiu da Áustria por causa do regime nazista.

O acadêmico criou a praxeologia, ou a ciência da ação humana, que estuda as escolhas racionais dos indivíduos diante das limitações impostas pelo tempo e pelos recursos escassos.

Mises também defendeu a teoria austríaca dos ciclos econômicos, que atribui as crises econômicas à expansão artificial do crédito pelo sistema bancário, e a impossibilidade do cálculo econômico sob o socialismo, que demonstra que uma economia planificada não pode funcionar sem um sistema de preços livres.

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