11 de setembro de 2025 - por Millena Santos
Externalidade negativa é quando uma atividade econômica, como a produção de um bem ou a oferta de um serviço, gera efeitos colaterais que prejudicam outras pessoas ou o meio ambiente.
Em outras palavras, enquanto alguém se beneficia daquela ação, os impactos negativos acabam sendo sentidos por terceiros que não tiveram participação direta na decisão. Isso pode acontecer em situações simples do cotidiano. Neste texto, a gente te explica mais.
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O que é externalidade negativa?
Externalidade negativa é um termo utilizado para descrever os efeitos colaterais prejudiciais que podem surgir durante a produção de um bem ou na prestação de um serviço. Diferente de impactos diretos sobre o consumidor, esses efeitos atingem pessoas que não estão envolvidas na transação ou no uso do produto.
Um exemplo clássico é a poluição gerada por uma fábrica: embora os produtos beneficiem os clientes, a emissão de poluentes pode afetar a saúde e o bem-estar da comunidade ao redor.
Outro caso é o barulho excessivo de uma obra, que incomoda moradores que não têm relação com o empreendimento.
Como funciona a externalidade negativa?
A externalidade negativa ocorre quando uma decisão tomada por uma organização produz efeitos indesejáveis que atingem terceiros, ou seja, pessoas que não estão diretamente envolvidas na atividade.
Na prática, isso significa que enquanto a empresa ou pessoa busca seus próprios interesses, como produzir um bem ou prestar um serviço, as consequências dessa ação podem prejudicar a sociedade.
Por exemplo, uma fábrica que produz roupas atende seus clientes, mas, ao liberar poluentes no ar ou na água, acaba prejudicando a saúde de moradores próximos.
Dessa forma, a externalidade negativa funciona, digamos, como um efeito indireto: a ação principal não prejudica o cliente ou usuário, mas gera custos ou danos para outras pessoas, evidenciando a necessidade de políticas e práticas que reduzam esses impactos.
Tipos de externalidade negativa
Externalidade de consumo negativa
1- Poluição da água
Quando resíduos industriais, domésticos ou agrícolas são descartados de forma inadequada em rios, lagos e córregos, ocorre a poluição da água.
Essa prática não afeta apenas o ambiente, mas também a saúde das pessoas que dependem desses recursos para consumo, higiene ou atividades econômicas, como pesca e turismo.
Além disso, a fauna e a flora aquáticas sofrem impactos graves, prejudicando o equilíbrio ecológico.
2- Produção de animais de fazenda
A criação intensiva de animais em fazendas pode gerar efeitos negativos para comunidades próximas. O acúmulo de dejetos animais, se não for gerido corretamente, pode contaminar rios, lençóis freáticos e solo, trazendo riscos à saúde humana e à qualidade ambiental.
Além disso, odores e insetos provenientes desses resíduos podem comprometer o bem-estar das pessoas que vivem nas redondezas, demonstrando que a atividade produtiva, mesmo sendo essencial, gera impactos que vão além dos produtores e consumidores.
3- Poluição do mar
O descarte de resíduos plásticos, produtos químicos, petróleo e efluentes industriais nos oceanos prejudica diretamente a vida marinha, alterando ecossistemas e ameaçando espécies.
As consequências se estendem a comunidades humanas que dependem da pesca, do turismo e da navegação, evidenciando que a ação de algumas indústrias e indivíduos pode gerar prejuízos bem significativos a terceiros.
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Externalidade de produção negativa
1- Congestionamento de trânsito
A construção de grandes empreendimentos, como centros comerciais ou indústrias, pode aumentar significativamente o tráfego local.
Esse aumento provoca congestionamentos que atrasam a rotina de moradores e trabalhadores da região, elevam os níveis de poluição do ar e geram custos adicionais relacionados a tempo perdido e combustível.
2- Poluição sonora
Atividades industriais, obras de construção civil ou eventos de grande porte frequentemente produzem níveis elevados de ruído.
Esse excesso de barulho afeta a qualidade de vida das pessoas que vivem ou trabalham nas proximidades, podendo causar estresse, distúrbios do sono e problemas de saúde a longo prazo.
3- Fumo passivo
O processo produtivo de algumas indústrias, como fábricas de tabaco, ou o consumo em ambientes coletivos, pode expor terceiros à fumaça.
O fumo passivo provoca efeitos adversos à saúde de pessoas que não estão diretamente envolvidas na atividade, aumentando o risco de doenças respiratórias e cardiovasculares.
Exemplos de externalidade negativa
Um exemplo clássico é a poluição causada por fábricas. A empresa pode lucrar com a produção, mas a fumaça que sai pelas chaminés impacta a saúde da população e prejudica o meio ambiente.
O mesmo acontece no trânsito: quanto mais carros circulando, maior a emissão de gases e o tempo perdido em congestionamentos, que afeta todo mundo, mesmo quem não optou por usar o automóvel.
Outro caso bastante comum, que a gente já até mencionou, está no consumo de cigarro. Quem fuma pode não perceber, mas a fumaça atinge também quem está por perto, gerando riscos à saúde de terceiros.
Como medir a externalidade negativa?
Medir uma externalidade negativa não é tão simples, já que nem sempre existe um número exato para representar o impacto causado. Mesmo assim, os economistas costumam usar alguns caminhos para chegar a uma estimativa.
Um deles é calcular quanto custaria reparar o dano. Por exemplo: se uma fábrica polui um rio, o valor gasto para limpar a água e devolver a qualidade original pode ser usado como referência para mensurar o prejuízo causado.
Outro método é chamado de “custo de controle”. Nesse caso, a ideia é avaliar quanto seria necessário investir em medidas preventivas para evitar que o problema aconteça.
Ao voltarmos ao exemplo da fábrica, isso incluiria instalar filtros nas chaminés ou adotar tecnologias menos poluentes.
Impactos da externalidade negativa
As externalidades negativas vão muito além de um simples incômodo, uma vez que elas podem gerar prejuízos ambientais, sociais e econômicos que, na maioria das vezes, não aparecem nos preços de mercado e acabam não sendo assumidos por quem causou o problema.
Um exemplo disso está na poluição do ar: a empresa que libera fumaça em excesso não paga diretamente pelos problemas de saúde que isso provoca na população, como crises respiratórias ou aumento nos gastos do sistema de saúde pública.
O mesmo acontece com o uso exagerado de carros: o motorista arca apenas com combustível e manutenção, mas não com os custos coletivos da poluição e dos congestionamentos.
Esses impactos escondidos mostram como muitas atividades geram custos que são divididos, de forma involuntária, por toda a sociedade. É como se a conta fosse repassada para todos, enquanto o benefício ficasse apenas com quem realizou a ação.
Diferença entre externalidade negativa e externalidade positiva
As externalidades podem aparecer de duas formas diferentes: negativas ou positivas.
A externalidade negativa surge quando uma ação traz prejuízos para outras pessoas que não estavam diretamente envolvidas. É o caso da poluição ambiental, que compromete a qualidade do ar e da água, ou de um barulho excessivo que atrapalha o descanso de vizinhos.
Até mesmo a desvalorização de imóveis em uma região próxima a áreas poluídas pode ser considerada um exemplo.
Nessas situações, o impacto é ruim para terceiros, que acabam arcando com consequências sem terem escolhido estar naquela posição.
Já a externalidade positiva é o oposto: acontece quando uma ação gera benefícios que se espalham para outros, sem que eles precisem pagar por isso.
A educação é um ótimo exemplo, quando alguém estuda, além de se desenvolver pessoalmente, contribui para uma sociedade mais preparada e produtiva. Inovações tecnológicas também entram aqui, já que muitas descobertas acabam melhorando a vida de todos.
Até algo simples, como cuidar de um jardim ou plantar árvores em frente de casa, pode valorizar a vizinhança e tornar o ambiente mais agradável para quem mora por perto.
Possíveis soluções para a externalidade negativa
Quando falamos em externalidades negativas, a grande questão é: como reduzir os danos que elas causam e fazer com que os custos sejam assumidos por quem realmente os gera?
Existem algumas soluções que os economistas e governos costumam adotar para lidar com isso.
Uma das mais conhecidas é a aplicação de impostos. A ideia é simples: se uma atividade prejudica a sociedade, ela deve pagar mais por isso. Assim, os impostos funcionam como um incentivo para que empresas e pessoas mudem seus hábitos.
Por exemplo, taxas sobre combustíveis poluentes estimulam a busca por alternativas mais limpas, como veículos elétricos ou o transporte público.
Outra forma é a criação de direitos de propriedade bem definidos. Quando fica claro quem é responsável por um recurso, como uma área de floresta ou um rio, torna-se mais fácil cobrar cuidados e responsabilizar quem causar danos.
Isso ajuda a internalizar os custos e benefícios, ou seja, fazer com que quem gera o impacto arque com ele.
O economista britânico Arthur Pigou, um dos primeiros a estudar esse tema, defendia que os governos deveriam taxar os produtores de acordo com o tamanho do prejuízo causado à sociedade. Assim, se uma fábrica polui muito, paga mais; se adota medidas sustentáveis, paga menos.
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Fonte: Mais Retorno, Investopedia, CFI, Britannica, EcM.