23 de dezembro de 2025 - por Sidemar Castro
Dívida subordinada é um tipo de empréstimo que fica na fila para receber se a empresa falir. Ela só recebe depois que todas as outras dívidas mais importantes forem pagas.
Como é mais arriscado emprestar desse jeito, quem empresta geralmente cobra juros maiores. Ajuda a empresa a conseguir dinheiro e crescer sem precisar dividir a empresa com novos sócios. Vamos entender como funciona isso.
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O que é dívida subordinada?
Dívida subordinada é um tipo de empréstimo ou título de dívida de uma empresa ou instituição que, caso essa entidade enfrente problemas graves (como falência ou liquidação), tem prioridade menor de pagamento do que dívidas “seniores” (que têm prioridade).
Isso significa que, primeiro, são pagos os credores com dívidas sêniores; e só. Se ainda restarem recursos, vêm os credores que detêm dívida subordinada. Por esse risco maior de “ficar por último na fila”, a dívida subordinada costuma oferecer juros mais elevados do que dívidas com prioridade alta.
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Quais são as características da dívida subordinada?
É possível dizer que a dívida subordinada tem quatro características marcantes:
1) Prioridade de pagamento: Esse é o ponto principal. Quem empresta nessa modalidade só vê a cor do dinheiro (principal + juros) depois que todos os credores “normais” e aqueles com garantia já receberam, caso a empresa quebre ou seja liquidada. Mas, ainda assim, eles vêm antes dos acionistas.
2) Risco e Retorno: Por estar lá embaixo na fila para receber, quem investe corre um risco bem maior de não ver a grana de volta. Para compensar, quem pega o empréstimo tem que oferecer uma taxa de juros mais alta do que a da dívida comum.
3) Sem Garantia: Quase sempre, essa dívida não tem garantia, ou seja, não tem nenhum bem da companhia como segurança.
4) Uso estratégico: Empresas, principalmente bancos, usam bastante esse tipo de dívida para conseguir dinheiro sem mexer na divisão das ações. No caso dos bancos, ajuda a cumprir as regras sobre quanto de dinheiro eles precisam ter guardado, já que essa dívida pode ajudar a cobrir prejuízos em momentos ruins.
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Como funciona a dívida subordinada?
Veja a seguinte situação: uma empresa pegou dinheiro emprestado com várias pessoas, como num grande time de credores. A dívida subordinada funciona como um acordo onde esses investidores aceitam ficar no final da fila para receber seu dinheiro de volta.
Bom, isso significa que, se a empresa for à falência, primeiro são pagos todos os outros credores “sêniores” ou prioritários, como bancos e fornecedores. Somente se sobrar algum dinheiro, os credores da dívida subordinada são ressarcidos.
Por assumirem esse risco maior de receber por último, eles são recompensados com taxas de juros mais altas do que as de um empréstimo comum.
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Tipos de dívida subordinada
A dívida subordinada vem em vários modelos, cada um com uma função e atraindo um tipo diferente de investidor:
1) Notas Subordinadas
São títulos de dívida sem garantia que prometem pagar um valor certo no futuro, quase sempre com juros fixos.
2) Dívida Subordinada Conversível
Com essa opção, quem tem a dívida pode trocá-la por ações, geralmente a um preço já definido. É uma boa pedida se a empresa crescer.
3) Financiamento Mezanino
É uma mistura de dívida e investimento. Empresas usam para bancar expansão ou compras. Geralmente, inclui garantias ou opções para os investidores transformarem a dívida em participação na empresa.
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Exemplos de dívida subordinada
Para você ter uma ideia de como a dívida subordinada funciona, veja alguns exemplos práticos:
1) Títulos de Empresas
Várias empresas lançam títulos subordinados para conseguir dinheiro. Por exemplo, uma empresa de tecnologia pode usar esse tipo de título para bancar o lançamento de um produto novo.
2) Empréstimos Bancários
Alguns bancos oferecem empréstimos subordinados para empresas que querem crescer, mas não querem mexer no seu capital.
3) Investimento de Risco
No mundo das startups, quem investe em capital de risco pode usar a dívida subordinada. Assim, eles aproveitam o possível crescimento da empresa e ainda têm direito a parte dos bens.
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Vantagens e riscos da dívida subordinada
Vantagens
No campo das vantagens, o atrativo mais evidente para o investidor é a taxa de juros mais alta que o título paga, um prêmio justo pela aceitação de uma posição mais vulnerável na hierarquia de crédito.
Esse rendimento elevado torna-a uma opção valiosa de diversificação para quem busca retornos superiores aos oferecidos por dívidas sêniores ou depósitos tradicionais.
É importante ressaltar que, apesar de ser subordinada à dívida principal, ela ainda detém prioridade de pagamento sobre os acionistas, o que significa que qualquer recurso restante após a quitação dos credores sêniores é primeiramente direcionado aos detentores da dívida júnior.
Riscos
Por outro lado, o risco é intrínseco à própria natureza do instrumento. O maior perigo reside no fato de que, em um cenário de insolvência, os detentores dessa dívida só serão reembolsados depois que todos os credores sêniores e preferenciais tiverem seus compromissos integralmente quitados.
Se os ativos da empresa não forem suficientes para cobrir todas as obrigações de maior prioridade, o investidor pode enfrentar uma perda parcial ou total do seu capital.
Em setores regulamentados, como o bancário, a dívida subordinada ainda pode ter a sua conversão em ações ou a baixa do seu valor acionada em momentos de estresse financeiro severo, o que aumenta a incerteza e o potencial de perda para o credor.
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Diferença entre dívida subordinada e dívida sênior
Quando uma empresa precisa captar recursos, ela pode emitir diferentes tipos de dívida. A sênior é como um contrato que garante prioridade máxima: em caso de falência, esses credores recebem primeiro, antes de qualquer outro.
A subordinada, também chamada de júnior, só é paga depois que todas as dívidas sênior forem quitadas. Isso significa que o investidor que compra subordinada está aceitando um risco maior, mas em troca recebe uma taxa de juros mais atraente.
É um equilíbrio clássico entre risco e retorno. Para a empresa, emitir dívida subordinada pode ser uma forma de levantar capital sem diluir acionistas, mas para o investidor é sempre um jogo de confiança na saúde financeira do emissor.
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Fontes: Investopedia, ETF Mcquarie, Saratoga Investment Corp, Cowrywise.