Funcionários do Banco Central estão comprando dólar com medo

Essa notícia em tom alarmista despertou certas reações na população. Mas, não é preciso se preocupar e eu vou explicar o porquê!

21 de outubro de 2024 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)


Uma notícia recente gerou alarme ao afirmar que funcionários do Banco Central estariam comprando dólares devido à preocupação com a desvalorização do real. Segundo a matéria, esses funcionários estão buscando proteger seu patrimônio pessoal, convertendo suas economias em moeda americana.

A Revista Oeste destacou que um funcionário de alto escalão do Banco Central confessou que, desde o início do ano passado, está transferindo suas poupanças para dólares, motivado pelos déficits fiscais previstos no governo Lula, o que poderá levar o real a uma desvalorização ainda maior.

A matéria também menciona o impacto dessa preocupação no mercado, apontando que a Cosan adiou o IPO da Moove na Bolsa de Nova York, em parte devido à volatilidade do câmbio. A imprevisibilidade do real afastou a maioria dos fundos de investimento que ancorariam essa abertura. Dos 30 fundos inicialmente interessados, apenas 3 confirmaram suas ordens, destacando o receio em aumentar a exposição ao Brasil em um cenário de incertezas econômicas.

Conversão de real em dólar

Após essa notícia, muitas pessoas começaram a me perguntar sobre a conversão de dólar para real, e a verdade é que isso é bem simples. Quem é aluno da AUVP faz isso em poucos cliques pelo aplicativo, mas literalmente qualquer pessoa consegue realizar essa operação sem dificuldade.

No entanto, é importante destacar um ponto fundamental: a matéria não citou uma fonte específica, nem mencionou o cargo da pessoa que supostamente fez essa afirmação. Embora eu não esteja dizendo que a Revista Oeste inventou a informação, é muito fácil para um jornal ou mídia fazer isso. Imagine se eu dissesse: “um amigo meu está comprando reais, ele trabalha no alto escalão do Banco Central e acredita que a moeda vai se valorizar.” Sem mais detalhes, essa afirmação não significa nada.

Quem é esse funcionário? Em que contexto ele disse isso? Qual a justificativa por trás dessa afirmação? Todas essas informações cruciais ficaram faltando. Particularmente, não gosto desse tipo de matéria alarmista a troco de nada.

De fato, o Brasil enfrenta um cenário desafiador, com algumas preocupações cambiais, mas a situação da nossa moeda está longe de estar fora de controle. Apesar dos gastos elevados do governo, temos uma taxa de juros muito alta, o que ajuda a proteger o poder de compra do real. Além disso, a economia do país está crescendo, e não está tão debilitada como algumas previsões mais pessimistas sugerem.

Com a eventual queda dos juros, é provável que vejamos um fluxo de capital estrangeiro retornando ao Brasil, o que pode contribuir ainda mais para a estabilização do câmbio. Atualmente, não há indicadores alarmantes que justifiquem uma preocupação extrema com o câmbio, e fica difícil entender de onde surgiu essa informação alarmista.

Seria importante fornecer mais detalhes e clareza sobre os fatores reais que estariam impulsionando essas afirmações, já que, do ponto de vista dos bancos e fundos de investimento brasileiros, não há sinais de pânico. Inclusive, a melhoria recente na avaliação do país em relação ao grau de investimento sugere um cenário mais estável e promissor para o futuro.

Tem que investir em dólar?

Apesar da natureza alarmista dessa notícia, acredito que o investimento em dólar continua sendo uma estratégia válida, especialmente dentro do conceito de diversificação. Diversificar é fundamental para não concentrar todo o seu capital em um único país, especialmente em um país em desenvolvimento como o Brasil, sujeito a oscilações econômicas e políticas.

Se você já ultrapassou os R$100 mil em patrimônio, recomendo fortemente considerar ETFs globais como uma maneira de se expor às economias mais desenvolvidas e diversificadas. Além disso, o crédito privado no Brasil, como CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), também surge como uma excelente alternativa, já que ambos são isentos de imposto de renda e oferecem proteção contra a inflação (IPCA).

Atualmente, temos muitas opções interessantes de investimento, tanto no Brasil quanto no exterior. E, se as pessoas estão sendo influenciadas por esse clima alarmista, muitas delas podem acabar vendendo seus ativos, criando boas oportunidades de compra. Mais uma vez, reforço a importância de não se guiar cegamente por notícias, sejam elas positivas ou negativas. A tomada de decisões financeiras deve ser embasada em dados e uma estratégia sólida, e não em manchetes alarmantes.

Cuidado com seus vieses

Essa matéria surgiu do nada, escrita por um jornalista cujo nome não é amplamente conhecido (sem qualquer intenção de desmerecer), e que não deixa claro se ele realmente entende de economia, o que ele fez profissionalmente, quais são os seus investimentos, ou se ele tem algum contato relevante dentro do Banco Central. Para tentar entender melhor quem ele é, fui ler outros textos publicados por ele, e o que percebi é que há um viés claro nas suas publicações.

Ao revisar seu histórico, encontrei uma matéria com o título “Moody’s eleva nota de crédito do Brasil mantendo a perspectiva positiva”. No dia seguinte, ele publicou outra intitulada “Moody’s virou piada no mercado”. Em um trecho dessa segunda publicação, ele escreve:

“Entre os especialistas ouvidos pela coluna, o comentário mais elegante foi: “Eles devem estar de brincadeira, pois este é um momento de piora fiscal.”

Mais uma vez, ele não cita as fontes de forma clara.

Além disso, sobre o parecer que ele menciona, posso afirmar que estive presente em diversos eventos de bancos, e em todos eles, os participantes falavam de uma melhora no cenário fiscal. Inclusive, houve muitos elogios ao Haddad por parte dos especialistas presentes. Não estou transmitindo o que me disseram, eu mesmo estive lá e ouvi essas opiniões com meus próprios ouvidos.

O que percebi é que sempre que a opinião expressa é mais polêmica, o nome do jornalista permanece oculto. Por outro lado, quando se trata de algo mais leve, ele se preocupa em divulgar sua identidade. Isso me leva a crer que existe um viés considerável em suas análises. Parece que o jornalista adota uma postura mais anti-Brasil, demonstrando uma falta de confiança no país.

Ao revisar seu histórico de publicações, percebo que quase todas apresentam previsões alarmantes e catastróficas. Não há problema em ter um viés, como já mencionei, mas é fundamental que as pessoas estejam cientes disso. Essa conscientização é essencial para que não se deixem levar cegamente por notícias, principalmente aquelas que podem influenciar suas decisões financeiras e econômicas. É sempre prudente buscar uma visão mais equilibrada e crítica diante das informações disponíveis.

Aceitar os números como eles são

Apesar de tudo isso, nós temos que aceitar os números como eles são. Esse discurso de que é o fim da história, de que os funcionários do BC estão comprando dólar, não acho que é o tom que precisamos nesse momento. Acredito que dolarizar é importante, é importante investir no exterior, falo disso e não é de agora.

Quer entender melhor sobre a notícia e tudo que falei aqui? Então, assista ao vídeo completo!

Agora, se você quer aprender a investir, não com base em notícias, mas com base na realidade da economia, te convido a conhecer a AUVP,que é nossa escola de investimentos.Faça a sua análise de perfil e se você receber aprovação, além de utilizar um sistema inteligente para a gestão de seus ativos, você também vai aprender a investir no Brasil e no mundo inteiro.

E para ficar por dentro das principais informações do mercado financeiro, acompanhe os conteúdos do canal @investidorsardinha e do perfil @oraulsena no Instagram.

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