28 de abril de 2025 - por Letícia Rocha

A Securities and Exchange Commission (SEC) aprovou a listagem das ações da JBS nos Estados Unidos. Com isso, o conselho de administração da companhia convocou uma assembleia geral extraordinária para o dia 23 de maio para que os acionistas minoritários votem sobre a dupla listagem.
Além disso, também vamos falar sobre as operações da PF sobre desvios no INSS e na Caixa. O Instituto Nacional do Seguro Social foi alvo de uma megaoperação da Polícia Federal (PF) em combate aos descontos irregulares de aposentadorias e pensões em valores que chegaram a R$6,3 bilhões ao longo de 5 anos. Quer entender melhor sobre essa que é a maior fraude da história do INSS? Então, confira até o fim!
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Internacional
Órgão regulador dos EUA aprova listagem de ações da JBS no país
A Securities and Exchange Commission (SEC) aprovou a listagem das ações da JBS nos Estados Unidos.
Para a efetivação da dupla listagem, primeiramente, será criado um novo veículo de investimentos, a JBS Participações, que hoje é detido pelos irmãos Batista. Em seguida, a organização terá como subsidiária uma empresa registrada em Luxemburgo, a LuxCo. A LuxCo receberá duas classes de ações (class A e class B) de uma empresa criada na Holanda, a JBS N.V. que por sua vez, se tornará a nova controladora da JBS e será a empresa que terá as ações listadas na bolsa americana.
Na engenharia da listagem das ações em Nova York, todos os acionistas minoritários da JBS S.A. receberão uma ação preferencial da JBS Participações para cada duas ações que eles detêm hoje da JBS S.A. Ou seja, assim que receberem os novos papéis, as ações ordinárias da JBS S.A. serão resgatadas por um Brazilian Depositary Receipts (BDR), lastreado em uma ação class A da JBS N.V.
Por que estão utilizando essa estratégia?
O conselho ressalta ainda que os Batista poderão aumentar seu poder de voto por meio da LuxCo “a depender do número de Class A Shares convertidas em Class B Shares pelos acionistas minoritários”.
A aprovação da SEC e dos acionistas, permitirão que as ações da JBS sejam negociadas concomitantemente na B3 e na bolsa de Nova York (NYSE).
Na assembleia de acionistas, a holding dos Batista, a J&F, que detém 48,3% das ações da JBS e a BNDESPar, braço de participações do BNDES com 20,8% do capital social da empresa de carnes, vão se abster de votar. Por isso, a decisão sobre a dupla listagem ficará a cargo de acionistas que detêm pouco mais de 30% das ações.
Posição do BNDES
Vale ressaltar ainda que esse desejo é antigo e foi barrado pelo BNDE’s, por entender que poderia ter seus investimentos prejudicados.
A BNDESPar vinha sendo contra a internacionalização das ações da companhia. No entanto, ainda assim, a subsidiária do banco de fomento firmou um acordo no mês passado com a J&F no qual o veículo de investimentos dos irmãos Batista se comprometeu a pagar uma proteção financeira de até R$ 500 milhões à BNDESPar.
Entretanto, isso só ocorrerá, caso as ações da empresa de carnes não alcancem um patamar mínimo de valorização com a listagem nos EUA, a ser verificada no segundo semestre de 2026. O acordo com o banco de fomento foi crucial para o avanço da ambição dos controladores da empresa.
O que muda para a JBS?
A JBS espera que a dupla listagem reduza seu custo de capital, permita a captação de recursos via emissão de ações, reduzindo a necessidade de levantamento de dívidas, e fortaleça sua governança corporativa.
Desde 2016, a JBS tenta listar suas ações na bolsa de Nova York. No passado, a listagem foi adiada por vários motivos, como veto do BNDES, litígios e a pandemia.
Com gelo ou puro? Uísque agora é investimento
Em um leilão realizado em Londres em novembro de 2023, o uísque Macallan Valerio Adami 1926, envelhecido por seis décadas, foi arrematado por impressionantes US$2,7 milhões. Ou seja, a garrafa se tornou a mais cara da história.
Este uísque é de uma das safras mais raras da Macallan e, além disso, é um exemplo do crescente mercado de colecionadores e investidores que veem o uísque como um ativo de altíssimo rendimento. Ao longo dos últimos dez anos, o valor dessa bebida aumentou 280%, ultrapassando, inclusive, a valorização de obras de arte.
A valorização do uísque está atrelada a um número crescente de colecionadores e ao apetite por investimentos alternativos. Por isso, marcas como Royal Salute, Bowmore, e House of Suntory também chamam a atenção.
A busca por uísques raros levou ao renascimento de destilarias “esquecidas”, como a Port Ellen, que foi reaberta após décadas de inatividade. Produtos desta destilaria, que antes eram acessíveis, agora alcançam preços de mais de £ 3 mil.
A tendência também se reflete no Brasil, onde o consumo de uísques sofisticados cresceu significativamente. De 2021 a 2023, o setor brasileiro de uísque registrou um aumento de 16%. Ou seja, ficamos atrás apenas do Japão e da Índia. O mercado global de uísque de malte único, atualmente avaliado em US$4 bilhões, deve superar US$5 bilhões até 2029.
Por fim, uma curiosidade histórica: o uísque, cujos primeiros registros datam de 1494, tem origem disputada entre escoceses e irlandeses. No entanto, a primeira menção oficial à bebida foi feita pelo rei James IV da Escócia.
Brasil e Chile fortalecem integração regional de olho na China
Em uma visita oficial a Brasília, o presidente do Chile, Gabriel Boric, e o presidente Lula, assinaram 13 acordos e memorandos de entendimento. Os documentos abrangem áreas como justiça, segurança pública, defesa, ciência e tecnologia, cultura, pesca, agricultura e inteligência artificial.
O encontro também marcou a primeira celebração do Dia da Amizade Brasil-Chile. A data foi instituída em alusão ao início das relações diplomáticas entre os dois países em 1836.
Um dos principais temas abordados foi o avanço do Corredor Bioceânico de Capricórnio. O projeto tem como objetivo ligar os portos brasileiros de Santos, Paranaguá, São Francisco do Sul e Itajaí aos portos chilenos de Iquique, Mejillones e Antofagasta. O trajeto passa por Paraguai e Argentina.
Em andamento há uma década, o corredor é considerado um dos projetos de infraestrutura mais importantes da América Latina. Ele abrange 2.400 km. A previsão é que as obras sejam concluídas até 2026.
O principal objetivo do corredor é oferecer uma alternativa às rotas tradicionais do Atlântico. Com isso, Brasil e países vizinhos poderão reduzir o tempo de transporte e os custos logísticos. A expectativa é beneficiar, principalmente, exportações agrícolas como carne e grãos.
China tem interesse
A conclusão do projeto tem forte interesse da China, que vê no Corredor Bioceânico uma alternativa ao Canal do Panamá, que até então garantia a Pequim uma influência crescente na América Latina. Acontece que em fevereiro, o Panamá se retirou do projeto Nova Rota da Seda, em decisão tomada sob pressão de Trump.
Na semana passada, em visita ao Brasil, os chineses se encontraram com representantes estaduais de Mato Grosso, Goiás, Rondônia e Acre para discutir as redes rodoviária, ferroviária e hidroviária do país.
Além disso, Lula e Boric discutiram a importância de manter relações comerciais diversificadas. Em meio a um cenário global desafiador, marcado por medidas protecionistas, ambos os presidentes defenderam a autonomia estratégica na condução de suas políticas comerciais. Lula afirmou: “Eu não quero ter relações comerciais com Estados Unidos ou China, quero com os dois.”
As relações comerciais entre os dois países têm se fortalecido. Em 2024, o intercâmbio comercial alcançou US$12,56 bilhões, com exportações chilenas para o Brasil somando US$5,066 bilhões e importações de US$7,494 bilhões.
O Brasil é o principal destino dos investimentos externos chilenos, com empresas atuando em setores como papel e celulose, varejo e energia. Por outro lado, o Brasil investe na economia chilena em áreas como energia, serviços financeiros, alimentos, mineração, siderurgia, construção e fármacos.
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Nacional
Operações da PF: Desvios no INSS e na Caixa
O Instituto Nacional do Seguro Social foi alvo de uma megaoperação da Polícia Federal (PF). O objetivo era combater aos descontos irregulares de aposentadorias e pensões em valores que chegaram a R$6,3 bilhões ao longo de 5 anos.
Seis servidores públicos foram afastados de suas funções. Cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da Controladoria-Geral da União (CGU) cumpriram 211 mandados judiciais de busca e apreensão. Além disso, também cumpriram ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$1 bilhão e seis mandados de prisão temporária.
A Operação Sem Desconto, combate um esquema de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. Um dos alvos da operação foi o presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, que já está afastado do cargo.
Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa e lavagem de capitais.
O caso provocou forte repercussão no governo e levou o ministro da Previdência, Carlos Lupi, a assumir publicamente a responsabilidade pela nomeação de Stefanutto. Em declaração, Lupi também reconheceu que houve falha do governo em não verificar previamente se as entidades atendiam aos requisitos legais para firmar os acordos com a Previdência.
Caixa Econômica Federal
A Polícia Federal também deflagrou a Operação Aposta Perdida, que investiga um funcionário da Caixa Econômica Federal por suspeita de desviar R$2,3 milhões de uma agência bancária em São José do Cedro (SC).
De acordo com a PF, o servidor usava o cargo para realizar saques indevidos e aplicar os valores em plataformas de apostas online. Além disso, ele também teria adquirido um veículo com os recursos desviados.
De acordo com as investigações, o servidor realizava saques em espécie na agência onde trabalhava e, na sequência, pagava boletos com os valores desviados.
Por isso, o investigado pode responder pelo crime de peculato, cuja pena pode chegar a 12 anos de prisão, segundo o Código Penal. No entanto, até o momento, a Caixa Econômica Federal não se manifestou oficialmente sobre o caso.
Sabesp e Aegea estão se preparam
Sabesp e Aegea, duas das maiores concessionárias de serviços públicos do país, estão se preparando para participar de novos leilões de água e esgoto do estado de São Paulo, com investimento avaliado em R$ 25 bilhões.
Ambas as empresas estão de olho em concessões para integrar em cinco regiões e ampliar os serviços de água e esgoto.
Para a Sabesp, que já atende 375 municípios em São Paulo, os leilões fariam sentido geograficamente. Já a Aegea, que atua em 15 estados brasileiros, quer aumentar participação nos serviços de saneamento de São Paulo, o estado mais populoso do país.
As ações da Sabesp ampliaram os ganhos para 1% após a publicação da notícia pela Bloomberg. No acumulado do ano, a Sabesp subiu mais de 24%.
Novos leilões até 2026
O Governo de São Paulo estuda um plano para dividir as cidades em cinco regiões de concessão a serem leiloadas até meados de 2026. Em resumo, o investimento necessário para universalizar os serviços nestas cidades seria de cerca de R$25 bilhões somente em água e esgoto.
O governo também estuda incluir a drenagem de chuvas nos leilões. No entanto, um dos grandes gargalos eram as regulamentações que barravam as saneadoras de fornecer drenagem, mas uma nova regra federal eliminou esse obstáculo.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, vem privatizando empresas e serviços como forma de reduzir a dívida pública estadual. Por isso, no ano passado o estado vendeu o controle da Sabesp para a Equatorial, que ficou como maior acionista, com uma participação de 18%.
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