14 de abril de 2025 - por Letícia Rocha

O presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a elevar o tom contra a China. Ele anunciou que poderá impor uma tarifa de 50% sobre produtos chineses, caso Pequim não recue da retaliação de 34% anunciada recentemente.
Uma crise no Banco Master expõe falhas regulatórias e mobiliza bancos em busca de solução conjunta com apoio do FGC. O assunto tem atraído a atenção do mercado e nós já vamos explorar o que está ocorrendo.
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Internacional
O tão desejado iPhone pode, em breve, ficar muito mais caro.
iPhone pode ficar até 43% mais caro
O presidente dos EUA impôs uma série de tarifas a países ao redor do mundo, que podem alterar drasticamente o cenário do comércio global. Bens de consumo como iPhones podem estar entre os mais afetados nos EUA, com aumentos que variam entre 30% a 40%, se a empresa repassar o custo aos consumidores.
A maioria dos iPhones ainda são feitos feitos na China, que foi atingida por uma tarifa de 34% dos EUA. Se essas taxas persistirem, a Apple tem uma escolha difícil: absorver a despesa extra ou repassá-la aos clientes. Atualmente, a empresa já opera com uma margem de 24%.
As ações da empresa caíram mais de 8% após os anúncios de tarifas. Esse é seu pior cenário desde setembro de 2020.
Caso se repete
Trump impôs tarifas sobre uma ampla gama de importações chinesas em seu primeiro mandato como presidente. Desta vez, Trump ainda não concedeu nenhuma isenção.
No entanto, outros analistas observaram que as vendas do iPhone estão fracas nos principais mercados da empresa. Avaliações de especialistas sugeriram que os recursos, embora inovadores, não fornecem motivos convincentes o suficiente para justificar a atualização para modelos mais novos.
A estagnação na demanda pode colocar uma pressão adicional nos resultados da Apple, especialmente se os custos aumentarem devido às tarifas.
Para compensar, a Apple precisaria aumentar seus preços em pelo menos 30%, de acordo com o cofundador da Counterpoint Research, Neil Shah.
Ou seja, um aumento potencialmente acentuado no preço pode reduzir a demanda pelo smartphone e dar à Samsung uma vantagem, já que a Coreia do Sul enfrenta tarifas mais baixas que a China, onde todos os iPhones vendidos nos EUA são fabricados.
Retaliação chinesa gera resposta dura dos EUA
O presidente dos EUA, voltou a elevar o tom contra a China ao anunciar que poderá impor uma tarifa de 50% sobre produtos chineses, caso Pequim não recue da retaliação de 34% anunciada. A ameaça foi feita por meio da rede social Truth Social, com um prazo claro: ou seja, se a China não desistir da tarifa até terça-feira (8), a nova taxação americana entrará em vigor já na quarta-feira (9).
“Ontem, a China determinou uma tarifa retaliatória de 34%, apesar do meu aviso de que qualquer retaliação contra os Estados Unidos será imediatamente confrontada com novas e consideráveis tarifas”, escreveu Trump.
Guerra comercial
A declaração reacende a guerra comercial entre EUA e China, que marcou boa parte do primeiro mandato de Trump. Esse embate é alimentado por acusações mútuas de práticas desleais no comércio internacional. Entre elas estão subsídios estatais, roubo de propriedade intelectual e desequilíbrio tarifário.
Durante seu governo anterior, Trump impôs centenas de bilhões de dólares em tarifas sobre importações chinesas. A China respondeu da mesma forma, criando um ambiente de incerteza para o comércio global. Como resultado, isso impactou cadeias de suprimento, empresas multinacionais e mercados financeiros.
O que vai acontecer?
Por enquanto o governo chinês ainda não se pronunciou oficialmente sobre a ameaça. No entanto, analistas esperam uma resposta firme, uma vez que recuar diante de uma pressão pública poderia ser interpretado como sinal de fraqueza por parte de Pequim.
O impasse gera insegurança para investidores globais e reforça o papel central das relações comerciais sino-americanas no cenário macroeconômico global.
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Notícias Nacionais
Carrefour francês eleva proposta de compra do Carrefour Brasil
O Carrefour melhorou sua proposta para adquirir todas as ações em circulação de sua subsidiária brasileira. Com isso, eles elevaram o valor que pagariam por ação de R$7,70 para R$8,50 conforme comunicado do grupo francês.
A oferta representa um prêmio de 46% sobre a média ponderada pelo volume do preço das ações no último mês anterior ao anúncio inicial. No entanto, o Carrefour acrescentou que essa é a “melhor e última” oferta do grupo.
Os acionistas minoritários também terão a opção de receber 1 ação do Carrefour para cada 9,96 ações da unidade brasileira. Anteriormente, entretanto, essa relação de troca consistia em receber 1 ação do grupo francês para cada 11 papéis do Carrefour Brasil.
Por fim, a terceira opção dos acionistas como contrapartida por suas ações combina o pagamento de R$4,25 em dinheiro por ação do Carrefour Brasil, além de 1 ação do Carrefour para cada 19,92 ações da controlada brasileira.
Inicialmente, a proposta para essa opção previa pagar R$3,85 em dinheiro por ação da unidade brasileira mais 1 ação do grupo francês para cada 22 ações do Carrefour Brasil.
Unificação
Informações divulgadas afirmam que a atualização visa unificar as bases acionárias do Atacadão e do Carrefour S.A. (CSA), oferecendo assim a opção de liquidez em termos justos, com um prêmio sobre o preço médio das ações.
Segundo o Grupo Carrefour Brasil, a nova relação de troca garante aos acionistas a possibilidade de escolher entre diferentes classes de ações preferenciais da MergerSub, que são resgatadas por ações ordinárias do CSA ou BDRs, ou ainda um pagamento em dinheiro.
A decisão, portanto, visa proporcionar maior liquidez aos acionistas, permitindo, assim, a migração para o CSA, enquanto mantém uma exposição indireta ao Grupo Carrefour Brasil. Além disso, a empresa destaca que os custos estimados para a implementação da transação são de aproximadamente 18 milhões de reais.
No comunicado, o varejista europeu disse que a nova proposta “reflete a confiança contínua do grupo nas perspectivas de longo prazo do Carrefour Brasil, bem como seu compromisso em oferecer um valuation atrativo aos acionistas minoritários”.
O grupo francês acredita que a transação está prevista para ser concluída antes do final do segundo trimestre de 2025.
Preparando o terreno
Em fevereiro deste ano, o Carrefour Brasil anunciou que o seu controlador, por sua vez, apresentou uma proposta para converter a companhia em subsidiária integral, o que resultaria na consequente exclusão da empresa da lista de ações negociadas na bolsa brasileira B3.
A controladora quer transformar o Atacadão em uma subsidiária integral, tendo assim 100% do controle que hoje é de cerca de 70%, segundo dados da Bloomberg.
Esse processo será seguido pelo resgate das “ações resgatáveis”, acrescentou o Carrefour Brasil em fato relevante ao mercado.
E não é só isso. Além disso, no mês passado, um dos principais acionistas do Carrefour Brasil, o grupo Península, passou por uma reorganização societária. Como resultado, houve a desvinculação do Fundo de Investimento em Participações (FIP) da gestão da Península Partners.
Por isso, após essa reorganização, a participação do grupo na rede de varejo caiu para menos de 5%.
Com isso, as participações da Península no Carrefour caíram de 7,3%, segundo informações do Carrefour Brasil, para 4,9%, o equivalente a cerca de 103,5 milhões de ações.
Crise no Banco Master expõe falhas regulatórias
O Banco Master adotou uma estratégia agressiva de captação digital. A instituição ofereceu CDBs com rentabilidades elevadas, que chegaram a 120% do CDI em prazos de 90 dias.
Os recursos captados foram usados em ativos ilíquidos e de alto risco, como precatórios e fundos de participações em empresas com dificuldades financeiras.
Com o aumento do risco percebido, os títulos do banco passaram a ser negociados no mercado secundário. As taxas subiram para mais de 130% do CDI. Isso gerou uma distorção no mercado e impediu novas emissões.
Como resultado, os investidores preferiram os papéis no secundário. Isso reduziu o acesso a novos recursos e agravou o problema de liquidez da instituição.
FGC como escudo e falha regulatória estrutural
A crise do Master, nesse contexto, acende um alerta sobre um problema maior. O modelo atual de captação é baseado em rentabilidades infladas com cobertura do FGC. Isso cria incentivos perversos.
Bancos menores captam mais do que a média. Eles assumem riscos excessivos e, assim, transferem o risco para o sistema por meio da garantia do FGC. Isso ocorre sem a devida precificação de risco pelos investidores.
Solução coordenada: BRB, bancos privados e ativos ilíquidos
Diante da gravidade da situação, uma solução coordenada está sendo articulada com a participação de BTG Pactual, Itaú, Bradesco, Santander e apoio do FGC. A proposta envolve:
- Compra de ativos ilíquidos do Master por grandes bancos;
- Absorção da operação bancária “limpa” pelo BRB (Banco de Brasília);
- Criação de uma estrutura nos moldes de um “bad bank” para isolar os ativos problemáticos.
Bad bank é uma estrutura criada para concentrar ativos problemáticos, ilíquidos ou com alto risco de inadimplência. Seu objetivo é separar esses ativos do balanço do banco original. Isso permite que o banco continue operando com uma estrutura mais saudável.
Enquanto isso, o bad bank tenta recuperar parte do valor dos ativos ao longo do tempo, sem pressionar o sistema financeiro.
A operação envolve cerca de R$ 33 bilhões em ativos. O objetivo é evitar o acionamento direto do FGC, que poderia ter impactos sistêmicos e afetar outras instituições com modelo semelhante.
Reunião no BC e sinal de revisão nas regras do FGC
No último sábado, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reuniu-se com o presidente do FGC, Daniel Lima, além de líderes dos principais bancos: André Esteves (BTG), Marcelo Noronha (Bradesco), Milton Maluhy Filho (Itaú) e Mario Leão (Santander)
Embora o encontro tivesse como pauta oficial a revisão das regras do fundo garantidor, a crise do Master dominou as discussões. A percepção geral é de que o modelo atual precisa de ajustes urgentes, com maior supervisão sobre:
- Plataformas de investimento;
- Critérios de governança para emissores menores;
- Limites na captação garantida pelo FGC.
Reflexos para o mercado e sinal de alerta
Enquanto investidores aguardam o desfecho da negociação com o BRB, o caso do Banco Master se consolida como um divisor de águas para a regulação bancária no Brasil. Mais do que um problema pontual, a crise evidencia a necessidade de:
- Revisar incentivos de captação;
- Reequilibrar o papel do FGC;
- Reforçar a análise de risco nas plataformas;
- Evitar novas distorções no mercado secundário.
Quer entender melhor sobre todo esse conflito envolvendo Trump ou sobre algum outro assunto? Então, assista ao vídeo em que comentamos mais sobre!
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