28 de agosto de 2024 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Existem diversas maneiras de analisar uma empresa e determinar se ela é uma boa oportunidade de investimento. Entre essas, a teoria do espelho retrovisor se destaca como uma das mais simples e eficazes, embora muitas pessoas a negligenciem. A maior parte dos investidores bem-sucedidos utilizou essa abordagem para fazer previsões e obter resultados acima da média.
Mas como funciona exatamente a teoria do espelho retrovisor e como aplicá-la na prática?
Quando observamos os grandes investidores que se tornaram referências e alcançaram sucesso no mercado financeiro, todos eles utilizaram a teoria do espelho retrovisor. No mercado financeiro, o único lugar onde o retrovisor é mais claro que o para-brisas é na análise de uma empresa. Isso significa que, ao analisar uma empresa, devemos olhar objetivamente para o passado.
O erro que muitas pessoas cometem é focar exclusivamente nas previsões e afirmações sobre o futuro das empresas, sem considerar o histórico. Isso é um grande equívoco, pois sem uma análise do passado, não há como ter certeza ou garantia de que as previsões serão alcançadas.
Portanto, a regra de ouro para quem busca um desempenho superior é simples: observe o passado. Dessa forma, você poderá avaliar se a empresa já foi lucrativa, se contraiu dívidas, se apresentou crescimento e em que medida. São muitas as informações valiosas que podem ser obtidas ao olhar no espelho retrovisor.
Como o passado pode nos ajudar?
Para compreender como a teoria do espelho retrovisor pode funcionar na prática, vamos considerar o exemplo da empresa Oi. No passado, a Oi era uma gigante no setor de Telecomunicações, mas, com o tempo, sua atuação mudou significativamente, focando agora mais na internet fibra. Apesar de sua relevância histórica, a empresa já foi uma das maiores operadoras de telecomunicações do Brasil.
No entanto, as ações da Oi sofreram uma queda vertiginosa, chegando a desvalorizar 99,91%, o que resultou em sucessivos agrupamentos de ações. Uma ação que já foi cotada a R$954 passou a valer menos de R$1.
Mas será que essa queda impressionante poderia ter sido prevista utilizando a teoria do espelho retrovisor?
Olhando no espelho
É comum que muitos investidores olhem para o lugar errado ao analisarem o passado de uma empresa. Um erro frequente é acreditar que, porque uma ação já alcançou um valor alto no passado, ela necessariamente voltará a esse patamar. Por exemplo, alguns podem pensar que, como as ações da Oi já chegaram a valer R$954, em algum momento retornarão a esse valor. No entanto, essa é uma análise equivocada, pois se concentra apenas no gráfico e ignora aspectos fundamentais da empresa.
A forma correta de fazer essa análise é considerando todo o contexto empresarial. Se observarmos os resultados da Oi, veremos que, em 1999, a empresa teve um prejuízo de R$46 milhões. Nos três anos seguintes, a empresa registrou lucro, mas em 2003 voltou a apresentar um prejuízo de R$25 milhões. Esse padrão de alternância entre lucro e prejuízo se repetiu ao longo dos anos. Apesar de ter um endividamento relativamente saudável, o lucro da Oi sempre foi inconsistente.
Com essa análise detalhada do histórico financeiro da empresa, é possível prever que uma catástrofe financeira, como a que ocorreu com a Oi, poderia se desenhar? A resposta é sim, especialmente a partir do momento em que o prejuízo começou a crescer de forma significativa e as inconsistências em relação à dívida líquida e o EBITDA se tornaram evidentes. Nessa fase, já ficava mais claro que a Oi não era uma opção de investimento confiável.
O quanto é possível prever?
Analisando o passado, a empresa nunca chegou a registrar 5 anos de lucros consistentemente. Era possível prever a catástrofe? Não, mas já era possível perceber que ela era uma opção arriscada. Se as pessoas tivessem utilizado a teoria do espelho, saberiam ao menos o momento ideal para sair da empresa.
Por isso, essa teoria do espelho retrovisor é tão importante e tão valiosa. Se os números não forem consistentes, tome cuidado, nunca olhe o número puramente, sempre faça um comparativo com a realidade.
Particularmente, prefiro não investir em setores em que a tecnologia muda muito rápido. Porque sinto falta da perenidade, não acredito que é o ideal. Por isso não invisto em streaming, porque considero uma tecnologia muito jovem e é até difícil olhar no espelho retrovisor, porque é algo muito recente. Então, sempre busco algo mais perene e claro, sempre utilizando a teoria do espelho retrovisor.
Quer entender melhor sobre como essa teoria do espelho funciona? Então, assista ao vídeo completo!
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