Azul e Gol vão quebrar? Por que as ações subiram?

6 de março de 2023, por Raul Sena (Investidor Sardinha)

Tempo de leitura médio: 4 min, 30 seg


A bruxa parece estar solta no mercado financeiro, com várias empresas da Bolsa correndo o risco de falir. Recentemente, a Azul e a Gol buscaram ajuda para refinanciar dívidas bilionárias e evitar a falência. Será que as companhias aéreas vão conseguir ficar em pé? A Azul (AZUL4) e a Gol (GOLL4) vão quebrar?

As duas empresas de aviação parecem ter “pegado carona” com a Lojas Americanas (AMER3), a Light (LIGT3) e várias outras companhias listadas na Bolsa de Valores que estão à beira da falência.

As aéreas anunciaram que têm dívidas difíceis de serem pagas e contrataram assessorias para lidar com este passivo bilionário.

Diante disso, a pergunta que fica é: a Azul vai quebrar? A Gol vai falir? Será que o Brasil vai ficar sem nenhuma grande companhia aérea para operar os voos comerciais?

Empresas aéreas sempre quebram

A verdade é que o setor de aviação civil é um dos mais complexos e desafiadores que existem.

E isso se deve a diversos fatores, como a exposição ao dólar e ao ciclo das commodities (petróleo de aviação), os custos extremamente elevados e a grande ingerência de órgãos reguladores.

Na década de 1950, Benjamin Graham, mentor do megainvestidor Warren Buffett, já dizia que as companhias aéreas estavam fadadas ao fracasso. Para ele, não bastava que o setor fosse perene, mas que o negócio se tornasse lucrativo.

E, mesmo fazendo parte de um setor do qual a humanidade depende para se locomover, as aéreas não têm a capacidade de gerar lucros consistentes. Por isso, estas empresas não conseguem remunerar os acionistas.

Aéreas se endividam na pandemia

Além dos problemas naturais do setor, a Azul e a Gol entraram numa crise financeira mais acentuada, nos últimos anos. Isso aconteceu, principalmente, devido à pandemia de Covid-19.

Durante os longos períodos de lockdown, a Azul e a Gol ficaram impossibilitadas de voar. E isso afetou, gravemente, o caixa das empresas.

Hoje, a Azul tem sérias dificuldades para manter as operações e pagar fornecedores, bancos e donos de parte dos aviões “alugados” pela companhia.

Quando anunciou que precisaria renegociar as dívidas, a Azul tinha de pagar, somente neste ano, R$ 700 milhões aos bancos e R$ 3,8 bilhões aos arrendadores das aeronaves. 

Azul e Gol negociam dívidas e ações sobem

A segunda semana de março começou com as ações da AZUL e da Gol subindo forte na Bolsa de Valores. O movimento aconteceu depois do comunicado da Azul, no dia 5 de março, de que fechou acordos com os arrendadores de aviões.

Dessa forma, a empresa conseguiu renegociar 90% dos valores devidos com os aluguéis. Num único dia (6/3) as ações da Azul (AZUL4) chegaram a subir quase 60%.

Já a alta das ações da Gol passou dos 30% no mesmo pregão. Isso porque a companhia conseguiu um financiamento com a holding Abra, no valor de US$ 1,4 bilhão (R$ 7,3 bilhões) para reforçar o caixa e pagar parte dos títulos de dívida emitidos pela aérea.

O dinheiro é bem-vindo, mas não resolve todos os problemas da empresa. No total, a dívida da Gol passa dos R$ 25 bilhões.

A Azul e a Gol vão quebrar?

Diante de todo esse cenário de incertezas, muita gente quer saber se a Azul vai falir. Da mesma forma, será que a Gol vai quebrar? Apesar de tudo, eu acredito que as duas companhias aéreas não vão à falência. Pelo menos, por enquanto.

Isso porque a Azul e a Gol detêm uma parcela muito significativa do mercado de aviação brasileiro. Logo, seria improvável perdermos as duas empresas, ao mesmo tempo, sem uma alternativa para substituí-las.

Caso contrário, a gente passaria a ter pouquíssimos voos no Brasil.

Embora a Azul e a Gol venham registrando prejuízos bilionários nos últimos anos, penso que ainda é cedo para dizer que estas companhias vão quebrar.

É hora de investir na Azul?

As companhias aéreas podem, de fato, ter suas dívidas renegociadas, receber incentivos do governo e, por ora, se livrar da falência.

Isso não significa, contudo, que seja uma boa ideia investir nestas empresas, apenas porque as ações caíram. Muito pelo contrário. 

A verdade é que eu não teria ações da Gol, da Azul e de nenhuma outra companhia aérea, nem que me pagassem. Afinal de contas, existem ótimas opções de investimento na Bolsa de Valores.

Estamos falando de empresas sólidas, de setores perenes, que são historicamente lucrativas… e que ainda estão sendo negociadas com “desconto”.

Logo, não faz nenhum sentido trocar o certo pelo duvidoso.

Gostou do conteúdo? Então, não deixe de assistir ao vídeo acima (do canal Investidor Sardinha) em que detalho o que eu penso sobre a Gol e a Azul.

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