7 lições de Benjamin Graham: o investidor inteligente

12 de abril de 2022, por Raul Sena (Investidor Sardinha)

Tempo de leitura médio: 7 min, 36 seg


Benjamin Graham é um dos maiores investidores de todos os tempos. O economista inglês é autor do livro “O Investidor Inteligente”, considerado por muitos a “bíblia” dos investimentos. Neste artigo, vamos conhecer as 7 lições deste grande economista e aprender a tirar o melhor proveito delas.

Antes, porém, um pequeno detalhe: Graham é nada mais nada menos que o maior influenciador da filosofia de longo prazo de Warren Buffett.

O dono da Berkshire Hathaway já confessou que Benjamin Graham é responsável por 85% da sua mentalidade de investidor. Os outros 15% caem na conta do americano Philip Fisher.

Logo, fica claro que o autor de O Investidor Inteligente é o “brabo”.

Então, se você investe em renda variável (como ações e fundos imobiliários), essas 7 lições de Benjamin Graham vão mudar a forma como você vê seus investimentos.

7 lições de Benjamin Graham: o investidor inteligente

1. Investimento não é especulação

A gente tem uma tendência natural de chamar quem compra uma ação de investidor. Mas, para Benjamin Graham, não é bem assim.

O economista faz uma distinção bem clara entre o que é investimento e o que é especulação.

Assim, só deve ser considerado investidor aquele que compra uma ação para tornar-se sócio da empresa, pelo que ela, de fato, vale.

Isso, portanto, exclui do rol de investidores todos aqueles que compram por mera especulação, pensando no curto e até no médio prazo (swing trade).

Para Graham, o verdadeiro investidor jamais espera um ganho altíssimo numa ação.

Ao invés disso, enxerga uma rentabilidade mais consistente e dentro da realidade do mercado.

Pessoalmente, na minha jornada de investidor, este ensinamento me ajudou a desenvolver a mentalidade de investidor de longo prazo.

Ou seja, eu compro ações sem jamais pensar em vender.

2. Analise os indicadores

Muitos consideram, essa, a maior lição do Investidor Inteligente: aprender a analisar os indicadores.

O bom investidor jamais mira, apenas, a cotação das ações – se subiu ou desceu. Ele analisa quanto aquela ação está valendo em relação aos indicadores da empresa, como o lucro, o crescimento, as dívidas e o patrimônio.

Esta é a base da chamada análise fundamentalista (value investing) e se contrapõe, frontalmente, à análise gráfica, que considera apenas o movimento de preços para a tomada de decisões.

Benjamin Graham acredita, portanto, que o olhar para uma empresa deve ser meramente racional e lógico. Nunca influenciado apenas pelas oscilações do mercado.

Ou seja, é preciso ignorar o mercado e focar-se no valor intrínseco da empresa, por meio dos seus fundamentos.

3. Use o método buy and hold

Comprar e segurar a ação. Isso é o buy and hold!

E é nisso que Benjamin Graham acredita.

O autor explica que esta visão sobre os investimentos é o que faz toda a diferença para o investidor comum.

Assim, quem compra uma ação pelo seu valor intrínseco, sem pensar no lucro imediato, se torna um acumulador de ações ao longo dos anos.

Em algum momento, esse investidor começará a colher os frutos. Mas, tudo sem pressa!

Graham recomenda que o investidor continua trabalhando normalmente, deixando que as ações façam, de forma natural, o trabalho de construir seu patrimônio.

Assim, fica a ideia de que a Bolsa de Valores não é lugar de diversão.

Se você quer altas emoções, a Bolsa é o lugar errado. O divertimento é um sinal claro de que você não está investindo do jeito certo.

4. Fuja do “Sr. Mercado”

O Senhor Mercado é personagem da parábola de Graham que retrata um sujeito descontrolado e eufórico.

Todos os dias, ele oferece preços pros investidores, da pior forma possível: sempre movido por sentimentos como paixão, medo, ódio, entusiasmo, pânico e fracasso.

É o que acontece com o investidor que não consegue tirar os olhos do mercado. Fica alucinado, dia a dia, vendo a variação de preços das ações.

Quando resolvi falar sobre essas lições de Benjamin Graham, eu estava hospedado num hotel em Gramado (RS).

Pense na loucura que seria se eu ficasse de quarto em quarto perguntando quanto cada hóspede pagou pela diária. E, pior, se eu me sentisse feliz ou frustrado a cada resposta.

Pois é exatamente o que acontece com que compra uma ação e, depois, fica olhando os preços dia a dia, minuto a minuto.

No fim das contas, o preço só importa quando você compra a ação. Depois, é fechar a porta na cara do Sr. Mercado. E ponto!

7 lições de Benjamin Graham: o investidor inteligente

5. Sempre tenha margem de segurança

Benjamin Graham define a margem de segurança como a possibilidade de uma ação render mais que os investimentos mais seguros do mercado. No nosso caso, o Tesouro Direto.

Assim, para que haja margem de segurança, é necessário que uma empresa tenha o chamado Poder de Lucro (Earning Power) – que se dá pela divisão do lucro líquido pelo valor de mercado.

Em resumo, Graham só compra empresas com relação Preço/Lucro (P/L) máximo de 15 e com Preço sobre Valor Patrimonial (P/VP) máximo de 1,5.

Dessa forma, nenhuma empresa de tecnologia passaria pelo crivo do Investidor Inteligente.

No nosso caso, contudo, ainda não sigo essa regra à risca. Isso porque, algumas vezes, o mercado proporciona boas oportunidades em empresas de setores um pouco mais arriscados – mas com um prêmio maior.

Lembre-se: quanto maior o risco, maior o prêmio!

Nos investimentos em ações mais sólidas, no entanto, sempre uso a margem de segurança de Graham na hora de avaliar os fundamentos da empresa.

6. Não seja o seu próprio inimigo

Uma vez que você tenha percebido que sua estratégia de longo prazo é boa, esqueça o resto!

Não caia na tentação de reinventar a roda. Apenas siga executando a estratégia, com paciência e disciplina.

Ao se policiar, você acaba afastando o risco de se tornar o seu maior inimigo. Ou seja, acaba se blindando de si mesmo.

Uma boa dica, aqui, é evitar, ao máximo, o contato diário com as notícias do mercado. Assim, você não se sentirá tentado a investir nas ações “do momento” nem de cair nas modinhas da internet.

Benjamin Graham, no entanto, acaba gerando uma quebra de expectativa neste ponto, em particular.

Ele não manda você ir contra a manada, mas, sim, te orienta a não se importar com a manada.

Isso quer dizer que existem boas e más empresas que estão em alta. Mas, o negócio é não se interessar tanto assim por elas.

Mais uma vez, o que está em jogo é o valor intrínseco da empresa, e não o quanto ela está popular.

7. O preço importa!

Benjamin Graham já nos ensinou, nas lições anteriores, que o mercado não é lúcido, mas completamente delirante.

Basta lembrar dos exemplos que tivemos aqui no Brasil. Quem não se lembra das empresas de exploração de petróleo de Eike Batista?

Pois é. Mesmo depois de enterradas em processos de recuperação judicial, essas empresas continuaram – e ainda continuam – achando gente pra investir.

E muito “investidor” faz isso porque acha, por alguma magia que não consigo explicar, que as ações estão baratas.

A verdade, ratificada por Graham, é que preço importa!

E todos os dias existem ações de boas empresas com preços exorbitantes e de empresas medianas sendo negociadas com “desconto” – e vice-versa.

De fato, o mercado precifica bem e mal as ações. E nós podemos tirar proveito disso.

Aqui, no Investidor Sardinha, já mostrei momentos em que algumas ações estavam nitidamente “em promoção” na Bolsa de Valores. Vimos isso com bancos, com empresas de saneamento, com estatais.

Sem sombra de dúvidas, Benjamin Graham teria aproveitado essas oportunidades na nossa bolsa.

Coloque em prática as lições de Benjamim Graham

As lições de Benjamin Graham no livro “O Investidor Inteligente” têm, de fato, o potencial de mudar profundamente a sua relação com os investimentos.

Mas, somente ler e compreender os conceitos não vai resolver nada, certo?

É hora de internalizar os ensinamentos do pai da análise fundamentalista, repensar sua estratégia de investimentos e, o mais importante, arregaçar as mangas e agir.

Ao selecionar melhor suas ações e aplicar o método buy and hold você passará a trilhar o caminho de construção de riqueza e da liberdade financeira. Tudo no seu devido tempo!

Se você gostou deste artigo, veja mais detalhes sobre as lições Benjamin Graham, no vídeo acima, que publiquei no canal Investidor Sardinha.

Aproveita e já dá um confere no nosso Instagram (@oraulsena), onde sempre falo sobre o mercado de ações e os investimentos de longo prazo.

E não deixe de conferir, também: 7 lições que eu aprendi com Warren Buffett.