13 de maio de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)

Recentemente, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes participou de uma palestra em que defendeu a ideia de que o Brasil pode se tornar a próxima grande potência mundial.
Então, hoje vou explorar o que ele falou e também, vou dar minha opinião a respeito do assunto. No geral, já acho que ele fez uma excelente análise, ele sempre foi muito bom com diagnósticos no geral.
Em sua fala, ele apresentou uma série de diagnósticos sobre a economia brasileira, os desafios enfrentados pela indústria nacional e alertas sobre questões migratórias e geopolíticas. Confira mais a seguir!
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Desindustrialização do Brasil
Guedes inicia sua análise com um olhar crítico sobre o processo de desindustrialização brasileira, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. Esse movimento vem ocorrendo desde os anos 90, mas agora parece mais intenso.
Segundo Guedes, uma das causas centrais dessa retração é o aumento excessivo de impostos como IPI e ICMS sobre produtos industrializados.
Enquanto o mundo buscou desonerar sua indústria, o Brasil seguiu na contramão, penalizando o setor produtivo com tributos elevados. O resultado, segundo ele, é a perda de competitividade e a estagnação industrial que dura mais de três décadas.
Esse diagnóstico faz sentido. Tive uma conversa recente com um empresário do setor frigorífico em Goiás que confirmou isso, na prática: industrializar os produtos reduz a margem de lucro drasticamente por causa da carga tributária. Já exportar o grão de soja ou o animal abatido, por exemplo, praticamente não tem taxação.
Ou seja, quanto mais valor você agrega, mais o Estado te penaliza.
E a pergunta que eu faço é: que benefícios nós temos de tributar uma indústria que praticamente não existe? Não faz sentido nenhum e por isso, concordo muito com esse ponto do Guedes.
Tributar a indústria é penalizar o futuro
O ex-ministro argumenta que tributar a indústria, em um país que já é extremamente dependente de commodities é um tiro no pé. Enquanto países como a China incentivam a industrialização com desoneração e estímulo à inovação, o Brasil vai no sentido contrário. Ou seja, premia a exportação primária e pune quem tenta agregar valor.
Migrações, conflitos e o risco de instabilidade
Outro ponto polêmico da fala de Guedes diz respeito aos riscos que fluxos migratórios intensos podem trazer. Ele alerta para o cenário europeu, onde o aumento da imigração, tem provocado tensões sociais e fortalecido movimentos conservadores.
Segundo ele, países como Alemanha e França correm risco de guerra civil interna por não conseguirem lidar com a pressão cultural e social, gerada por mudanças rápidas. Guedes sugere que o Brasil fique atento para evitar um cenário semelhante.
No entanto, aqui cabe uma ponderação. Apesar do alerta, considero exagerado aplicar essa lógica ao Brasil.
Nossa história de imigração é marcada por uma integração cultural relativamente pacífica. Árabes, japoneses, italianos, todos se misturaram à cultura brasileira de forma fluida.
O brasileiro, em geral, não forma guetos e adota a miscigenação com naturalidade. No Brasil, o filho do imigrante já é brasileiro, seja ele sírio, venezuelano ou haitiano.
A ascensão da China: capitalismo ou socialismo?
Embora a China seja oficialmente um país socialista, na prática, sua economia opera de forma altamente capitalista.
Fábricas estrangeiras são bem-vindas, empresários têm liberdade para investir e produzir, e o país oferece incentivos para quem quiser fabricar localmente.
O que se vê, na realidade, é um capitalismo de Estado: o governo mantém forte controle político, mas permite (e incentiva) a livre iniciativa. E os resultados são visíveis. A China saiu de uma realidade de pobreza extrema para se tornar uma potência que rivaliza com os EUA.
Ou seja, o país tem bilionários, desigualdade de renda significativa e um sistema que, apesar da retórica socialista, explora a mão de obra em níveis alarmantes.
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O erro estratégico com a Rússia
Outro ponto importante do diagnóstico é a relação do Ocidente com a Rússia após o fim da União Soviética. Ao contrário do que muitos pensam, a Rússia não era sinônimo da URSS, mas sim um dos seus países mais relevantes. Quando a URSS se dissolveu, o Ocidente teve uma oportunidade de integrar a Rússia à comunidade global, mas não fez isso.
No entanto, o país acabou ficando isolado. Com isso, cresceu um sentimento de ressentimento. Para tentar se impor no cenário mundial, buscou formar alianças militares e ganhar influência na região. Quando tentaram aproximar a Ucrânia do Ocidente, sem conversar com Moscou, isso foi visto como uma provocação. Isso ajudou a aumentar a divisão geopolítica. Hoje, as tensões entre Rússia, China e os países do Ocidente só crescem.
O declínio da Europa e os conflitos no Oriente Médio
A Europa, com sua população envelhecida e economia estagnada, perdeu o apelo como destino de investimentos. Tornou-se um grande museu a céu aberto, atraindo mais turistas do que investidores.
O Oriente Médio, no entanto, enfrenta uma instabilidade constante. Grupos como o Hamas e o Hezbollah usam o terror como forma de conflito. Isso prejudica o desenvolvimento da região, afasta investimentos e esconde o potencial tecnológico de países como Israel.
Isso afasta turistas, investidores, afasta todo mundo. E, muita gente não sabe, mas quase todas as grandes empresas de tecnologia surgem em Israel. Empresas que competem com o Google, por exemplo, surgiram lá.
Entretanto, muitas pessoas não sabem disso, justamente por conta desse conflito.
América Latina: crise e oportunidade
Como sempre, a América Latina se vê entre crises e possibilidades. A Venezuela, por exemplo, é um retrato do colapso institucional, com sua população migrando em massa.
O Brasil, por sua vez, tem uma oportunidade histórica. Com uma posição estratégica, recursos abundantes e uma postura diplomática relativamente neutra, o país pode se tornar um dos pilares da nova ordem mundial.
Segundo Paulo Guedes, o Brasil tem um papel claro no mundo: ser um dos principais fornecedores globais de segurança alimentar, energética e digital. E de fato, estamos caminhando nessa direção.
Enquanto outros países lidam com guerras, população envelhecendo e brigas comerciais, o Brasil tem se mantido mais estável. Estamos fora dos grandes conflitos do mundo. Temos muitos recursos naturais e pessoas preparadas. Isso coloca o Brasil em uma posição importante.
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O Brasil está na cara do gol
Com os EUA e a China em disputa, a Europa envelhecendo e outras regiões enfrentando desafios internos severos, o Brasil pode ser um dos grandes vencedores do século. Afinal, temos terra produtiva, petróleo, energia, água, talentos e paz interna relativa.
Ou seja, só depende de nós.
Se investirmos com inteligência, se deixarmos de lado a autossabotagem e focarmos em desenvolvimento estrutural, podemos construir um país rico, não apenas em recursos, mas em qualidade de vida e oportunidades para todos.
Hoje, não tem país que está mais preparado para se beneficiar de todo esse movimento. Só depende do Brasil, tirar o melhor proveito dessa situação.
Quer conferir mais detalhes sobre essa análise do Paulo Guedes? Então, assista ao vídeo completo!
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