8 de outubro de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)

A Receita Federal está implementando um sistema tecnológico inédito para modernizar a cobrança de impostos no Brasil. Mais do que criar novos tributos, a proposta é utilizar inteligência artificial e automação para reduzir a sonegação fiscal e simplificar o processo de recolhimento de impostos sobre consumo.
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O impacto da IA na sonegação
O projeto, previsto na reforma tributária aprovada pelo Congresso, será capaz de processar cerca de 70 bilhões de documentos por ano, 150 vezes mais dados do que o Pix. A ideia é que cada transação comercial seja registrada e cruzada em tempo real, eliminando brechas para que valores sejam omitidos ou declarados de forma incorreta.
Do ponto de vista da simplificação, a substituição de tributos como PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS por dois novos impostos, deve facilitar a vida das empresas. Além disso, a não cumulatividade permitirá que créditos tributários sejam compensados ao longo da cadeia de produção, reduzindo distorções históricas do sistema atual.
Outro ponto positivo é a devolução quase imediata de créditos em caso de cobrança duplicada. O processo, que hoje pode levar anos, passará a ser resolvido em horas.
Fim da sonegação
Apesar dos avanços, ainda restam dúvidas sobre como o sistema vai lidar com setores altamente informais da economia, como pequenos comércios de bairro, taxistas e vendedores ambulantes, onde a emissão de nota fiscal é praticamente inexistente.
Outro ponto de atenção é a alíquota de referência. Especialistas alertam que, mesmo com maior arrecadação garantida pela eliminação da sonegação, dificilmente haverá redução de impostos. Estimativas apontam que o governo pode arrecadar entre R$ 400 bilhões e R$ 500 bilhões a mais por ano.
Cronograma de implementação
2033: extinção dos tributos atuais e consolidação do novo modelo.
2026: início do sistema em fase de testes, com alíquota simbólica.
2027: aplicação do split payment nas operações entre empresas (B2B).
2029 a 2032: transição do ICMS e ISS para o IBS.
O que vai mudar?
Historicamente, o trabalho do contador no Brasil esteve muito mais associado à busca de brechas, à interpretação de normas complexas e ao preenchimento infinito de obrigações acessórias. Com a automação e a integração de dados em tempo real, essa função deve mudar radicalmente.
Outro ponto é a própria declaração de impostos. Se hoje o contribuinte precisa preencher manualmente suas informações, em breve a lógica será invertida. O sistema deve gerar declarações praticamente completas, cabendo ao cidadão apenas confirmar ou corrigir possíveis divergências.
Com dados cruzados em tempo real, a sonegação tende a se tornar praticamente impossível. Esse avanço deve reduzir as desigualdades. Afinal, hoje muitos contribuintes arcam com a carga tributária completa enquanto outros sonegam sem grandes riscos. O novo modelo promete criar um ambiente mais justo, ainda que traga desconforto para aqueles que vivem na informalidade.
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