29 de novembro de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Nos últimos meses, a Bolsa de Valores brasileira voltou a chamar atenção. As manchetes são positivas, os números impressionam e inevitavelmente, as pessoas começam a olhar para o mercado como uma chance rápida de lucro. Mas, é justamente nesse momento que os erros mais graves acontecem.
Antes de qualquer coisa, é importante esclarecer: não há nada de errado com a Bolsa estar subindo. Pelo contrário, é excelente. O problema é como parte dos investidores reage a esses movimentos e acaba ficando no prejuízo.
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Por que a bolsa sobe mesmo com cenário político imprevisível?
Muita gente se pergunta como a Bolsa pode estar nas máximas em um momento de governo de esquerda, já que o senso comum diz que o mercado preferiria o contrário. A resposta é simples: a Bolsa segue expectativa, não ideologia.
O mercado antecipa: projeções futuras de crescimento, movimentos da economia global, juros e fluxo de capital internacional. Ou seja, o cenário atual embute uma perspectiva de melhora, mesmo que o ambiente político interno seja complexo.
O que o Ibovespa realmente mostra
O Ibovespa, principal índice da Bolsa, subiu mais de 30% desde janeiro. Mas é essencial entender o que esse número significa.
O índice não representa “todas as ações”, nem “as maiores empresas”, nem “as mais lucrativas”. Ele reflete as ações mais negociadas, atualmente cerca de 86 empresas. Portanto, quando o índice sobe, isso não quer dizer que todo o mercado subiu, mas sim que a cesta que compõe o índice valorizou.
Nos últimos cinco anos, o Ibovespa acumula cerca de 50% de valorização. E se olharmos um período maior, desde antes da pandemia, o movimento atual lembra bastante o ciclo de alta vivido em 2019.
Estamos entrando em um bull market?
Tecnicamente, sim. Após quase cinco anos de queda ou estagnação (bear market), o mercado sinaliza um novo ciclo de alta mais consistente, o chamado bull market, quando o mercado “avança”.
Esse período costuma atrair:
- empresas lançando IPOs (inclusive companhias fracas, que só querem aproveitar o momento),
- follow-ons de empresas endividadas,
- investidores iniciantes empolgados,
- manchetes otimistas reforçando o clima de euforia.
E é aqui que mora o risco: euforia coletiva quase sempre precede decisões ruins.
O erro mais comum
Durante uma alta, muitas pessoas começam a comprar ações apenas porque “estão subindo”. Isso é um sinal clássico do início do “ciclo da burrice”.
Para evitar isso, é fundamental observar indicadores, não apenas preços. Um dos principais é o P/L (Preço/Lucro), que indica quantos anos de lucro o investidor está pagando ao comprar aquela ação.
Quanto menor o P/L, mais próximo você está de pagar um preço justo pelo lucro real da empresa. Quando o lucro cai, mas a cotação não acompanha, a ação pode ficar cara mesmo em queda.
Por que tanta gente perde dinheiro nesse ciclo?
Porque as pessoas entram na Bolsa na hora errada e pelos motivos errados. Os jornais começam a falar super bem sobre a bolsa, os amigos que investem começam a mandar prints mostrando alta rentabilidade, empresas ruins aproveitam pra captar dinheiro, etc.
Isso já aconteceu em ciclos anteriores, casos como Méliuz, GetNinjas e outras empresas de IPO recente, que perderam quase todo o valor depois da empolgação inicial. O padrão se repete porque as pessoas compram a emoção, não o fundamento.
Bom momento para investir?
Sim, é um bom momento para investir. Mas, não para comprar qualquer coisa que esteja subindo.
O mercado ainda está longe de seu potencial em dólar, o que significa que não estamos em uma “bolha”. O Brasil, inclusive, teve uma das maiores altas globais recentes, sem ser apenas um “voo de galinha”.
Porém, para não repetir os erros do passado, é essencial:
- investir baseado em fundamentos,
- olhar indicadores,
- entender o setor da empresa,
- avaliar se o preço faz sentido para o lucro que ela gera.
O bull market não é um problema, o problema é entrar nele sem critério.
Quer entender melhor esse raciocínio? Então, assista ao vídeo em que explico melhor sobre!
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