2 de setembro de 2021 - por Pedro Martoly
Desde junho os títulos do Tesouro Direto estão caindo. Em agosto, houve uma queda de 9,5% com riscos políticos e fiscais. De acordo com o responsável pela área de análise da fintech Monet, Luiz Cesta, o início de agosto foi afetado de forma negativa devido às atenções econômicas globais por conta da variante Delta da Covid-19.
Também houve debates sobre o parcelamento do pagamento de precatórios, um acréscimo no montante do novo programa Bolsa Família, conhecido como Auxílio Brasil, e o novo Refis influenciaram no ânimo dos investidores. Através desse último é possível incluir a isenção de até 90% das dívidas de companhias.
Além disso, inteiraram também o conflito de ideias entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente Jair Bolsonaro, que consequentemente chamou a atenção dos investidores sobre uma possível crise institucional.
Com toda essa situação instável, o valor dos títulos ficam com preços menores, mas a taxa ofertada em troca da aplicação fica mais cara. A grande queda entre os títulos do Tesouro Direto foi do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo + (IPCA+) que possui vencimento em 2045. Sendo assim, com recuo de 9,46% neste mês. O investimento mínimo foi de R$37,29. Por isso, o retorno foi de 4,63% por ano, somando a taxa da inflação.
Previsão para setembro do Tesouro Direto
As preocupações dos investidores devem continuar neste mês de setembro. Ainda segundo Cesta, a instabilidade será frequente devido imprevistos políticos e econômicos. Especialmente nas taxas prefixadas.
No dia 7 deste mês, novos ruídos políticos e conflitos entre os Poderes surgirão. Nessa data, estão previstas manifestações pró-Bolsonaro. O Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgaram na terça-feira (31) a criação da nova bandeira tarifária denominada como “Escassez Hídrica”.
Através dela, o valor consumido a cada 100 quilowatts será de R$14,20. Essa cobrança acontecerá até o dia 30 de abril de 2022. Com esse preço, o aumento é de 50% em relação aos R$9,49 da bandeira vermelha patamar 2. Portanto, é o segundo reajuste desde junho.
Uma pesquisa realizada pelo Banco Central (BC) também revelou que um aumento de 7,11% para 7,27% em 2021 a probabilidade para a inflação oficial brasileira, medida pelo IPCA.
Essa seria a 21ª alta seguida. Já para o ano que vem a expectativa cresceu de 3,93% para 3,95%. Essa é a 6ª revisão. Segundo o coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a conta de energia elétrica está 7,35% mais cara e o IPCA deve fechar 2021 em 8,2%.
Efeito da variante delta do coronavírus
A preocupação entre os investidores em relação à variante delta do novo coronavírus ainda é presente. O temor é na baixa do consumo caso novas medidas restritivas aconteçam para controlar a pandemia.
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia (KDCA), revelou que pessoas no Brasil contagiadas com a variante delta da Covid-19, por exemplo, têm 300 vezes mais chances de transmitir o vírus do que o coronavírus comum.
O governo do Rio de Janeiro já pronunciou que o Estado é o principal em casos da variante delta do coronavírus no Brasil. Na Capital, houve um aumento de 92% no número de leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Já no Estado, a alta é de 71%.
Inflação
Inflação é quando o valor de algum produto ou serviço aumenta. Portanto, ela é definida pelos índices de preços e também provoca uma redução do poder de compra da moeda. Sendo assim, no Brasil existem diversos índices de preços. Aqui se usa o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o sistema de metas.
Ela pode ser provocada por vertentes que estão em grupos de:
- pressões de demanda;
- inércia inflacionária;
- pressões de custos;
- expectativas de inflação.
Selic
Subiu para 7,50% a projeção para a taxa Selic em 2021, superando as expectativas de 7%. Essa alteração é para que as projeções da inflação atinjam a meta. Portanto, os juros deixam a Selic acima do neutro. Contudo, o efeito desse aumento tem agitado com o retorno dos investimentos em renda fixa de uma forma positiva e isso deve acontecer até o fim de 2021.
Segundo a indicação de analistas e executivos do setor, ainda que o aproveitamento seja negativo, o investidor deve buscar alocações ligadas à inflação, à Selic e investimentos de crédito privado. Nesse caso, seria como as debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs).
Guilherme Artmann, responsável pela área de renda fixa da Nu Invest, antes conhecida como Easynvest, contou que o mercado tem indicado novos e altos valores de 1 ponto percentual da taxa básica na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). A previsão é que aconteça nos dias 21 e 22 de setembro.
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Fontes: Valor Investe, MSN, Banco Central do Brasil
Imagens: PWL, AppInveste, 1Informer, Ceará Agora, Contábeis, Moving