Venda a descoberto, o que é e quais são os riscos?

A venda a descoberto é também chamada de short. Em resumo, ela é uma operação usada com o intuito de lucrar com a queda no preço dos ativos.

18 de julho de 2022 - por Jaíne Jehniffer


A venda a descoberto é um tipo de operação onde o especulador aposta na desvalorização de um ativo. Logo, a intenção é vender o ativo na alta e recomprá-lo quando o preço cair.

Sendo assim, o intuito desse tipo de operação é lucrar com a possível queda nos preços de certo ativo. Como esta é uma operação especulativa, ela é caracterizada pelo alto risco.

O que é a venda a descoberto?

A venda a descoberto é também chamada de short. Em resumo, ela é uma operação usada com o intuito de lucrar com a queda no preço dos ativos.

Sendo assim, o operador é motivado pela expectativa de queda no preço do ativo. Se o palpite estiver certo, o operador terá vendido a ação na alta e poderá recomprar o ativo quando os preços tiverem caído.

Ou seja, trata-se de uma espécie de aposta. Logo, esse tipo de operação envolve muitos riscos.

Características

Uma das principais características da venda a descoberto é o risco. Como este tipo de operação é um tipo de aposta, se o operador errar o palpite ele pode ter grandes prejuízos.

O risco da venda a descoberto é tão grande que chega a ser maior do que as chances de ganho.

Inclusive, esse é um dos motivos pelos quais o short costuma ser feito apenas por investidores mais experientes, que conhecem a fundo o mercado.

Além de experientes, esses investidores costumam ter um perfil mais agressivo. Ou seja, são pessoas que não se importam de correr riscos em troca de altas chances de lucros.

Tipos

A venda a descoberto pode ser de dois tipos:

1- Venda a descoberto em alguns dias

Se o operador acreditar que o preço dos ativos irá cair nos próximos dias, ele pode vender os ativos para depois recomprá-los por um preço mais baixo.

Se a pessoa não tiver os ativos, existe ainda a opção de fazer o aluguel de ações. Neste o operador aluga uma ação de outra pessoa e realiza as suas operações.

Vamos supor que um operador alugue uma ação cotada a R$20,00 e faça a sua venda. Vamos imaginar então que o preço dessas ações caiu para R$15,00.

Neste caso, a pessoa teria um lucro de R$5,00, isso sem descontar o preço do aluguel e os custos das operações.

2- Venda a descoberto no mesmo dia

Neste caso, o especulador vende o ativo e faz a sua recompra no mesmo dia. Neste caso, a intenção é lucrar com a volatilidade no curto prazo do mercado.

Quais são os riscos?

1- Operar contra a tendência do mercado

Se considerarmos o desempenho histórico das bolsas de valores em todo o mundo, a tendência é a evolução dos preços.

Ou seja, historicamente falando, os preços tendem a subir. É claro que o mercado passa por fortes períodos de baixa. Mas a tendência é que venha uma recuperação. É por isso que operar contra o mercado é um grande risco.

2- Risco de perdas ilimitadas

A operação de venda a descoberto consiste em vender as ações e esperar que elas caiam, para depois fazer a recompra por valores mais baixos.

O problema é que ao invés de cair, os preços podem subir. Além disso, não existe um limite de preço que uma ação pode se valorizar. É por isso que existe o risco de perdas ilimitadas.

3- Risco de short squeeze

O short squeeze é quando uma ação com grande concentração de doadores. Pois grandes investidores podem comprar fortemente esta ação.

Com isso, os preços podem subir. Isso força os operadores que vendem a descoberto a recomprar as ações para devolver aos seus doadores.

4- Risco da taxa de aluguel

Por fim, temos ainda o risco da taxa de aluguel. Este risco existe nas operações onde o especulador aluga ações. Isso porque o aluguel de ações representa um custo.

Sendo assim, para ter lucros com a operação, é preciso ter um ganho suficiente para lidar com os custos e ainda ter lucros.

Portanto, se o ganho for pequeno ou a aposta estiver errada, o especulador ainda precisa lidar com o aluguel.

Exemplos de venda a descoberto

Confira abaixo alguns exemplos de short realizados por William  Albert “Bill” Ackman é um dos grandes investidores norte-americanos:

1- MBIA

MBIA é a sigla de Municipal Bond Insurance Association. Em síntese, a MBIA era uma das maiores empresas que forneciam seguros para títulos de dívida americanos.

Em 2002, Bill Ackman notou que a empresa tinha problemas de contabilidade. Apesar da empresa ser assegurada pelas companhias de avaliação de crédito, Ackman não confiava nas avaliações.

Dessa forma, Bill Ackman decidiu fazer uma aposta em títulos para lucrar com a queda da empresa. Ou seja, ele fez uma venda a descoberto das ações.

Foi preciso manter a aposta por 6 anos até que a empresa entrasse em colapso e ele lucrasse com a operação.

2- Valeantw

Neste caso, Ackman não fez uma venda a descoberto. Na verdade, ele estava no outro lado da operação. Ou seja, ele tinha uma posição comprada na empresa.

A Valeantw é uma empresa do ramo farmacêutico que tinha lucros crescentes e ações que só se valorizavam.

No entanto, o problema é que Ackman e o CEO da empresa faziam aquisições hostis de concorrentes para depois subir  os preços dos seus remédios.

No fim das contas, esse modelo de negócio antiético foi punido pelas autoridades e, posteriormente, o preço das ações caíram. Com isso, Bill Ackman teve uma grande perda.

3- Herbalife

Em 2012, Bill Ackman apostou $1 bilhão contra as ações da Herbalife. Essa operação de venda a descoberto tinha como base a tese de que a empresa era um esquema de pirâmide financeira.

As autoridades norte-americanas fizeram investigações na Herbalife para verificar se realmente era pirâmide.

Mas a empresa apenas teve que rever alguns pontos do seu modelo de negócios e teve que arcar com uma multa de $200 milhões.

No fim das contas, as ações da empresa subiram já que ela continuou a ter lucros e se encaixou dentro dos critérios solicitados pelas autoridades. Logo, Ackman teve grandes perdas.

Enfim, gostou de aprender sobre venda e descoberto? Então não deixe de conferir também como funcionam as operações de long e short.

Fontes: Itaú, Suno e Clear.

Non Performing Loan (NPL): o que é e como funciona?

Arrendamento: o que é, para que serve e quais os tipos?

Lock-up: o que é e como funciona esse tipo de cláusula?

Usufruto: o que é, como funciona e quais são os tipos?