Regra de Taylor: o que é, como funciona e qual é a fórmula?

A regra de Taylor é uma fórmula criada nos anos 90 para avaliar a postura da política monetária de um país. Aprenda sobre ela aqui!

13 de junho de 2023 - por Cesar Fontenele


A regra de Taylor é uma fórmula usada para calcular a taxa de juros básica de equilíbrio com base nas condições econômicas de um país.

Além do mais, ela é uma regra de política macroeconômica apresentada em 1993, pelo economista americano e professor da Universidade de Standford, John Taylor.

Atualmente, bancos centrais ao redor do mundo, inclusive o Branco Central do Brasil (BC), usam a regra de Taylor para definir a taxa de juros, a qual auxilia na manutenção da inflação dentro das metas.

A regra de Taylor surgiu a partir de muitos estudos feitos entre os anos de 1980 e 1990, os quais são resultantes das teorias do “Novo Consenso Macroeconômico”. Esse Consenso defendia que uma taxa de inflação equilibrada seria crucial para o crescimento econômico de longo prazo.

Sabemos que macroeconomia é complexa, mas não desista já agora.

Vamos lá aprender o que é essa regra e como ela pode impactar na sua vida?!

O que é a regra de Taylor?

De início, a regra de Taylor é um princípio que explica o comportamento das taxas de juros, pois ela calcula a taxa de juro básica de equilíbrio com base nas conjunturas econômicas.

Dessa forma, serve como um importante guia operacional que o BC deve seguir no momento de tomar decisões sobre a política monetária.

É importante ressaltar que Taylor criou essa regra tendo como norte a realidade econômica norte-americana. No entanto, essa prática é, hoje, aplicada também em outros países, inclusive o Brasil.

A partir de sua defesa, em 1993, a regra de Taylor faz parte do grupo de regras de política macroeconômica mais famosas da ciência econômica.

Portanto, estudiosos defendem que a regra de Taylor é uma crítica ao famoso modelo keynesiano, o qual ganhou ampla força a partir crise de 1929 e que se caracterizou pela forte intervenção do Estado na economia.

Então, até aqui está tranquilo, né?!

Como ela funciona?

Muita atenção agora, hein, pessoal de humanas!

Primeiramente, você precisa saber que a regra de Taylor define que a taxa básica de juros (conhecida por nós como Selic, a “taxa mãe” da economia brasileira) é definida pelo Banco Central com base nos seguintes fatores:

  • Desvios da inflação presente (ou esperada) em relação à meta inflacionária, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN);
  • Estimativa da taxa de juros real de equilíbrio;
  • Hiato do produto (isto é, o desvio do produto efetivo de um país com relação ao produto potencial).

A Regra de Taylor depende de duas variáveis: as metas de inflação e o PIB potencial.

Segundo o professor, a fórmula, em seguida, representa a relação entre esses dois indicadores:

i = e + t + 0,5 (t-t’) + 0,5 (y-y’)

De forma simplificada, esses termos são traduzidos da seguinte maneira:

  • e = estimativa da taxa de juros real de equilíbrio
  • i = taxa de juros nominal de curto prazo
  • t = taxa de inflação atual
  • t’ = meta de inflação
  • y = PIB atual
  • y’ = PIB potencial

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Quais são as aplicações da regra de Taylor?

Esse conceito, desenvolvido no fim do século passado, ainda é muito aplicado no sistema de metas de inflação em diversos países.

Ademais, para Taylor, há uma forte associação entre a inflação e a taxa de juros, tese essa bastante defendida na atualidade, inclusive pelo BC brasileiro.

De forma mais clara, significa que, nos períodos de alta da inflação, os governos aumentam a taxa de juros. Entendeu?

Assim sendo, se a inflação observada estiver muito acima da desejada, o BC terá de aumentar a taxa de juros para diminuir a inflação.

Segundo a regra de Taylor, quanto maior a inflação, maior deverá ser a elevação da taxa de juros, chegando a um percentual maior do que o aumento da inflação.

Hoje, a Taxa Selic está em 13,75% ao ano, pois a inflação, o IPCA, é de 0,23%, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Como funciona a prática de política monetária segundo a regra de Taylor?

Você já sabe que a regra de Taylor retrata a evolução da política monetária em países que operam sob o regime de metas de inflação.

Por isso, ela guia, por exemplo, o nosso Banco Central na sua política monetária.

Agora, quanto à prática de política monetária, esta regra opera da seguinte maneira:

Em primeiro lugar, você precisa saber que a meta inflacionária pode ser de duas formas:

  • Explícita (o país tem um regime de metas de inflação);
  • Implícita (isto é, o BC trabalha com uma meta inflacionária não anunciada).

Segundo a regra de Taylor, o BC irá elevar a taxa de juros nos seguintes casos:

  • A inflação aumenta em relação à meta de inflação almejada pela autoridade econômica;
  • O produto real efetivo da economia supera o nível compatível com a taxa potencial.

Contudo, a regra de Taylor deixa claro que o BC deverá diminuir a taxa de juros quando:

  • a inflação diminui abaixo da meta de inflação;
  • O produto real efetivo econômico estiver abaixo do nível compatível com a taxa potencial.

Dessa forma, caso eleve a taxa de juros, o BC deverá, por intermédio da mesa de mercado aberto, realizar compras ou vendas de títulos públicos.

As compras têm como intuito diminuir os juros e ampliar a base monetária. Já as vendas causam aumento de juros e contração na quantidade de dinheiro disponível na economia.

O Comitê de Política Monetária (Copom) é o órgão do BC responsável por decidir a política monetária sobre os juros.

Portanto, o Copom toma as decisões visando com que a inflação medida pelo IPCA situe-se em linha com a meta definida pelo CMN.

Por fim, os membros tomam essas decisões com base na avaliação do cenário macroeconômico e os riscos a ele associados.

Cuidados que devem ser tomados com essa regra

De início, é importante você estar ciente de que o próprio professor Taylor frisou para não usarmos essa regra no automático.

Portanto, o BC deve sempre observar, com cuidado, a conduta de outras variáveis na determinação da taxa de juros.

Em períodos de choques temporários de forte impacto, a taxa Selic não deve sofrer, por exemplo, movimentos abruptos.

Por fim, vale lembrar que o aumento da taxa de juros, não é o único método para se estabilizar os presos, ou seja, há outros meios.

Assim, usar outros recursos, não sobrecarrega a Selic em seu objetivo de combater a indesejada inflação, que corrói o nosso poder de compra.

E aí, foi tranquilo, não foi?

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