Contrato por diferença (CFD): o que é e como funciona?

25 de março de 2025 - por Diogo Silva


Contrato por diferença ou Contract For Difference (CFD) é uma forma de investimento comum no mercado financeiro internacional. Ele permite que os investidores operem com a variação de preços de ativos, mesmo que não os possuam diretamente. Normalmente, esses contratos são mais atrativos para investidores arrojados, que buscam oportunidades em criptomoedas, ações, matérias-primas e índices.

Nesse artigo, nós explicaremos melhor o que é Contrato por Diferença, qual a sua funcionalidade, os riscos e porque são tão populares.

O que é contrato por diferença?

O Contrato por Diferença (CFD) é um instrumento financeiro derivativo que permite aos investidores especular sobre a variação de preços de ativos como ações, commodities, moedas e índices, sem precisar possuí-los fisicamente.

Ou seja, ao invés de comprar ou vender o ativo real, o investidor celebra um contrato com uma corretora que reflete as variações de preço desse ativo. O objetivo do CFD é lucrar com a diferença entre o preço de abertura e o preço de fechamento do contrato. Se o preço do ativo sobe, o investidor lucra; se o preço cai, ele tem prejuízo.

Uma das principais características dos CFDs é a alavancagem, que permite aos traders operar com mais capital do que possuem, aumentando o potencial de lucro, mas também o risco de perdas significativas.

Esse tipo de contrato é utilizado por investidores que buscam negociar no curto prazo, dado que os CFDs são frequentemente usados para operações de especulação.

Contudo, esse instrumento envolve riscos consideráveis, como a possibilidade de perdas rápidas devido à alavancagem, e pode ser sujeito a taxas, comissões e custos adicionais. Além disso, os CFDs não são permitidos em todos os países, com alguns locais impondo restrições severas sobre sua utilização.

Como funcionam os CFDs?

Eles funcionam como contratos entre um investidor e uma corretora, nos quais ambas as partes acordam em trocar a diferença de valor de um ativo entre o momento de abertura e o de fechamento da posição. Ao invés de comprar ou vender o ativo real, o investidor simplesmente especula sobre a direção do preço desse ativo.

Veja como funciona o processo em etapas:

  • Escolha do ativo: O investidor escolhe um ativo para negociar, como ações, índices, commodities, moedas ou criptomoedas. O objetivo é especular sobre a variação de preço desse ativo.
  • Abertura da posição: O investidor decide se vai comprar (apostando que o preço do ativo subirá) ou vender (apostando que o preço do ativo cairá). Quando a posição é aberta, ele está acordando um contrato com a corretora para trocar a diferença do preço do ativo entre o momento de abertura e o de fechamento do contrato.
  • Variação de preço: Durante o período em que o contrato está aberto, o preço do ativo escolhido pode subir ou descer. Essa variação é o que determinará o lucro ou prejuízo do investidor.
  • Alavancagem: Em muitos casos, os CFDs são oferecidos com alavancagem, o que significa que o investidor pode negociar uma posição maior do que o valor que realmente possui. Isso amplia o potencial de lucro, mas também aumenta o risco de perdas significativas. Por exemplo, com uma alavancagem de 10:1, o investidor pode controlar uma posição de 10 vezes o valor do seu capital inicial.
  • Fechamento da posição: Quando o investidor decide encerrar a negociação, ele fecha o contrato. O lucro ou prejuízo é calculado com base na diferença entre o preço de abertura e o preço de fechamento da posição. Se o preço do ativo se moveu conforme a expectativa do investidor, ele terá lucro, e se se moveu contra a posição dele, terá prejuízo.
  • Liquidação: O lucro ou prejuízo resultante da variação de preço entre os dois momentos (abertura e fechamento) é pago em dinheiro, sem que o investidor precise de posse física do ativo subjacente. No caso de alavancagem, a corretora pode solicitar um margin call (chamada de margem) se o capital do investidor não for suficiente para cobrir as perdas.

Em resumo, o CFD permite que o investidor se beneficie de movimentos de preço no mercado sem a necessidade de possuir fisicamente o ativo, mas também expõe o trader ao risco de perdas ampliadas devido ao uso da alavancagem.

Quais são os tipos de CFDs que podem ser negociados?

Os CFDs podem ser negociados em uma ampla variedade de ativos, o que permite aos investidores especular sobre a movimentação de preços em diferentes mercados.

1. CFDs de Ações

São contratos que permitem especular sobre o preço de ações de empresas listadas na bolsa de valores, sem a necessidade de comprar ou vender as ações fisicamente. O investidor pode apostar na alta ou na queda do preço das ações de empresas como Apple, Microsoft, Tesla, entre outras.

2. CFDs de Índices

Permitem especular sobre o desempenho de índices de ações, que refletem a performance de um grupo de empresas de um determinado mercado ou setor. Exemplos de índices incluem o S&P 500, o FTSE 100, o DAX 30 e o Ibovespa.

3. CFDs de Commodities

São contratos que permitem negociar a variação de preços de commodities, como ouro, prata, petróleo, gás natural, trigo, café, entre outros. Esse tipo de CFD é ideal para quem deseja investir em mercados de commodities sem precisar comprar fisicamente os bens.

4. CFDs de Moedas (Forex)

Os CFDs de Forex permitem especular sobre as flutuações nas taxas de câmbio entre diferentes moedas, como o EUR/USD, o GBP/USD, o USD/JPY, entre outras. O mercado de câmbio (forex) é um dos maiores e mais líquidos do mundo.

5. CFDs de Criptomoedas

Permitem negociar a variação de preço de criptomoedas populares, como Bitcoin, Ethereum, Ripple, Litecoin, e outras, sem a necessidade de possuir a moeda digital de fato. Como as criptomoedas são muito voláteis, os CFDs desse tipo têm ganhado popularidade.

6. CFDs de ETFs (Fundos de Índice)

São contratos que possibilitam negociar a variação de preço de ETFs (Exchange Traded Funds), que são fundos de investimentos que acompanham a performance de índices de mercado, commodities, ou outros ativos. Com os CFDs de ETFs, os investidores podem ganhar exposição a diferentes mercados de forma mais diversificada.

7. CFDs de Títulos de Renda Fixa

Alguns brokers oferecem CFDs baseados em títulos de renda fixa, como Títulos do Tesouro ou Obrigações Corporativas. Nesse caso, o investidor pode especular sobre a variação dos preços dos títulos sem ter que comprá-los diretamente.

8. CFDs de Opções e Futuros

Também é possível negociar CFDs que seguem os preços de contratos futuros e opções, permitindo especular sobre os movimentos futuros de ativos sem precisar negociar os contratos reais.

9. CFDs de Ações de Mercado Emergente

Alguns brokers também oferecem CFDs baseados em ações de mercados emergentes, como as bolsas de valores de países da Ásia, África e América Latina, permitindo uma diversificação geográfica nos investimentos.

10. CFDs de Taxa de Juros

São contratos baseados nas taxas de juros de governos ou bancos centrais. Esses CFDs permitem especular sobre o movimento das taxas de juros, o que pode afetar diretamente os preços de ativos financeiros.

Quais são as desvantagens de negociar CFDs?

Apesar das vantagens que os Contratos por Diferença oferecem, como a possibilidade de especular sobre a variação de preços de diversos ativos sem possuí-los fisicamente, existem várias desvantagens que os investidores devem considerar antes de negociar esse tipo de instrumento financeiro. As principais desvantagens incluem

1. Perdas rápidas e imprevisíveis

Devido à volatilidade dos mercados e ao uso de alavancagem, as perdas podem se acumular rapidamente. Como os CFDs são instrumentos de curto prazo e com riscos amplificados, os investidores podem ser forçados a liquidar suas posições com prejuízo se o mercado se mover contra suas expectativas.

2. Taxas e custos adicionais

Embora os CFDs possam ser negociados sem a necessidade de compra física do ativo, as corretoras geralmente cobram spreads (diferença entre o preço de compra e venda), comissões e taxas de financiamento. Os custos de financiamento, por exemplo, podem ser altos se as posições forem mantidas por mais tempo, tornando o custo total da operação mais caro do que outras formas de investimento.

3. Risco de chamadas de margem

Quando as perdas em uma posição aberta atingem um determinado valor, a corretora pode exigir que o investidor deposite mais fundos para manter a posição aberta. Se o investidor não conseguir cobrir essa chamada de margem, a corretora pode fechar a posição automaticamente, realizando perdas.

4. Falta de propriedade do ativo

Ao negociar CFDs, o investidor não possui o ativo subjacente. Isso significa que ele não pode participar de eventos como dividendos ou votação em assembleias, como ocorreria ao possuir as ações fisicamente. Além disso, o investidor não tem a possibilidade de manter o ativo para longo prazo, já que o contrato é geralmente de curto prazo.

5. Mercados instáveis e riscos inesperados

Os mercados financeiros são altamente imprevisíveis, e o preço de ativos pode ser afetado por uma série de fatores imprevistos, como crises econômicas, mudanças políticas ou eventos inesperados. Em mercados voláteis, as flutuações rápidas podem levar a perdas significativas em um curto período de tempo.

6. Regulamentação e proteção limitada

Os CFDs são regulamentados de forma diferente em cada país. Em alguns países, eles são fortemente regulamentados, enquanto em outros podem ser menos protegidos. Além disso, a proteção ao investidor pode ser limitada, especialmente em mercados emergentes, o que pode resultar em riscos adicionais.

7. Risco de liquidez

Embora os CFDs geralmente sejam líquidos em mercados populares, como ações de grandes empresas ou pares de moedas, em mercados menores ou mais específicos, pode haver riscos de liquidez. Isso pode dificultar a entrada ou saída de posições em determinados ativos, principalmente se o mercado não tiver um volume de negociação significativo.

8. Complexidade

Para investidores iniciantes, a negociação de CFDs pode ser complexa e desafiadora. Exige um bom entendimento dos mercados financeiros, estratégias de negociação e riscos envolvidos, além de uma gestão eficaz do risco para evitar perdas excessivas.

9. Riscos de fechamento forçado

Como a negociação de CFDs envolve margens, as corretoras podem forçar o fechamento de uma posição se o saldo da conta do investidor não for suficiente para cobrir as perdas. Isso pode ocorrer de forma repentina e resultar em perdas imprevistas.

10. Risco elevado e alavancagem

A principal desvantagem de negociar CFDs é o uso da alavancagem, que permite ao investidor controlar uma posição maior do que o capital que ele realmente possui. Embora a alavancagem aumente o potencial de lucros, ela também amplifica as perdas. O investidor pode acabar perdendo mais do que o valor investido inicialmente se o mercado se mover contra sua posição.

Em resumo, os CFDs oferecem oportunidades de lucro, mas com riscos elevados, especialmente devido ao uso de alavancagem, custos adicionais e a possibilidade de perdas rápidas. Portanto, é essencial que os investidores compreendam bem o funcionamento desses instrumentos financeiros e adotem estratégias de gestão de risco adequadas antes de se envolverem em negociações com CFDs.

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Fontes: Remessa Online; IFC Markets; Mais Retorno; XTB; FBS

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