Falácia do planejamento: veja o que é e como funciona

2 de agosto de 2023, por Cesar Fontenele

Tempo de leitura médio: 3 min, 36 seg


Falácia de planejamento é a tendência que temos de subestimar o tempo para a conclusão de uma tarefa que deve ser entregue no futuro. Da mesma forma, minimizamos os ricos e os custos que são atrelados a essa tarefa, que tem prazo para ser concluída.

Esse viés cognitivo, como todos os outros, afeta a nossa racionalidade, porque nos induz a avaliar uma situação de forma errônea. Esse, em específico, nos faz subestimar a quantidade de tarefas e o prazo para elas serem feitas.

Sendo assim, a falácia do planejamento pode prejudicar as nossas vidas em diferentes campos, causando atrasos e, até mesmo, estresse e outros sintomas mais sérios.

O que é a falácia do planejamento?

A falácia do planejamento é um viés cognitivo que nos leva a subestimar constantemente quanto tempo será necessário para concluir um projeto ou uma tarefa.

Este viés afeta todos nós, e não tem como fugir dele. É provável que você já calculou erroneamente o prazo para a finalização de alguma coisa que você deveria fazer, não é mesmo?!

Isso só mostra que os nossos prazos originais estão errados desde o início. E quem diz isso são os formuladores deste conceito, os psicólogos e economistas Daniel Kahneman (ganhador do Prêmio Nobel e autor do best-seller Rápido e Devagar) e Amos Tversk.

Eles usam o termo para descrever o impulso sedutor em sermos otimistas demais quando estimamos o tempo e os recursos precisos para desenvolver alguma tarefa, que podem ser das menores às maiores.

Como exemplo, podemos citar o famoso caso do edifício da Ópera de Sydney, na Austrália. O governo australiano encomendou o projeto em 1958, com previsão de conclusão para 1963. No entanto, o teatro só foi inaugurado uma década mais tarde, em 1973, com um enorme custo adicional.

Como ela funciona?

A falácia do planejamento é um tipo de viés cognitivo, um deslize de racionalidade que afeta as decisões que tomamos. Esse viés ocorre ao imaginarmos, a priori, que o tempo e os recursos disponíveis para realizar alguma tarefa ou projeto no futuro é suficiente.

Em outras palavras, são criadas expectativas bem otimistas sobre as tarefas a desempenhar, de modo que resultados positivos imaginários são idealizados como reais. Desse modo, quem sofre desse viés superestima a capacidade de concretizar os objetivos.

Mas esse planejamento não é realista, porque tendemos a desconsiderar informações e visões pessimistas que opõem-se a visões otimistas. E nisso caímos na cilada da falácia do planejamento.

Como a falácia do planejamento pode interferir nas finanças?

É importante entender que a falácia do planejamento afeta os mais diversos campos da vida como o trabalho, relações com as outras pessoas, desempenho na universidade, entre outros. Dessa forma, é claro que esse viés pode interferir, também, nas suas finanças.

Nesse âmbito, essa falácia afeta investidores que tomam decisões de investimento na base do emocional. Imagine, por exemplo, uma pessoa que, depois de assistir a um vídeo qualquer, decide entrar na bolsa de valores. Ela, mesmo sem estar preparada e sem informações bem embasadas, entra para a renda variável.

Contudo, essa pessoa não levou em consideração o tempo real demandado de estudos e operação na bolsa. Além disso, ela tem que trabalhar, fazer curso de aperfeiçoamento, pós-graduação, tem casamento e filhos. Já deu para perceber com esse simples exemplo que houve uma subestimação da quantidade de tempo e recursos para esse projeto, certo?

Portanto, antes de entrar em qualquer empreendimento financeiro e de investimento, é de suma importância analisar com muito cuidado o planejamento inicial feito. Provavelmente, ele está enviesado, ou seja, é uma falácia do planejamento.

Ela afeta igualmente investidores e consumidores, que agem emocionalmente em suas decisões de investimento e de compra.

E aí, gostou deste texto? Então, leia também este outro que explica bem como funciona e como evitar o viés de limitação. Boa leitura!

Fontes: Mais retorno, BBC, Exame e The Capital Advisor.