Open banking é a proposta de abrir os bancos. Isso significa dizer que os bancos tradicionais terão que se adaptar a novas diretrizes de funcionamento. Com o open banking, os dados bancários deixam de pertencer aos bancos e passam a ser vistos como pertencentes aos seus verdadeiros donos: os clientes.
Com a autonomia sobre os seus dados, os clientes podem compartilhar as informações com diversas instituições financeiras. Dessa forma, variados benefícios surgem, como, por exemplo, o aumento de competitividade entre os bancos, que agora terão que lutar com mais afinco para garantir os clientes.
Portanto, o open banking representa uma evolução no sistema bancário. Nesse sentido, o sistema de banco aberto não está longe de se tornar realidade no Brasil. De fato, a previsão é que até no final de 2021 o sistema já esteja completamente implantado e funcionando.
O que é open banking
Open banco, traduzindo, significa banco aberto. Portanto, Open Banking se refere ao sistema bancário aberto. Na lógica do Open banking, os clientes são os verdadeiros donos das informações sobre si, não os bancos.
Atualmente, os clientes não possuem autonomia sobre os seus dados bancários, que ficam reservados nos bancos. Com a lógica do Open banking, o cliente pode compartilhar esses dados, caso queira.
Esse compartilhamento é possível através de plataformas completamente digitais, chamadas de APIs. Portanto, caso o cliente deseje compartilhar seus dados bancários da agência Y com o banco X, ele pode.
Esse compartilhamento de dados é vantajoso em diversas situações, como, por exemplo, na hora de pedir um empréstimo. Isso porque, ao compartilhar seus dados, o histórico do cliente pode depor a seu valor.
Em outras palavras, Open banking é um meio de autonomia ao cliente, que passa a dispor de seus dados para conseguir melhores serviços e vantagens. Para mudar de banco é muito mais fácil levar um bom histórico do que criar um novo relacionamento completamente do zero.
Já para os bancos é vantajoso porque, além de propiciar uma evolução na forma de tratar os dados, ainda os ajuda a centralizar suas energias no tratamento ao cliente e oferta de produtos, ao passo que outros desenvolvedores podem se engajar em desenvolver produtos para os sistemas.
Nas APIs, os dados dos clientes ficam a disposição de bancos, seguradoras e fintechs autorizadas (startups que objetivam otimizar sistemas financeiros). Assim, os dados ficam em um local seguro e, quando uma dessas empresas precisar, as informações são disponibilizadas, após a empresa esclarecer qual o objetivo em acessar aqueles dados.
O que é API
API é uma sigla que veio do inglês e significa Application Programming Interface, traduzindo significa: Interface de Programação de Aplicativos. Em resumo, as APIs são uma parte do sistema que funciona como uma interface que possibilita a comunicação com outros sistemas.
Ou seja, representa um conjunto de programações padrões que possibilitam a interação de diferentes sistemas. Portanto, as APIs são protocolos de programação. Dessa forma, esses protocolos são usados para proporcionar a interação entre diferentes sistemas.
A tecnologia das APIs já é usada em outros tipos de aplicações como, por exemplo, o Google Maps – que pode ser usado dentro de outros sites.
Isso é possível graças a uma API que permite a utilização do Google Maps dentro de diferentes endereços na internet. Sendo assim, as APIs permitem ainda que desenvolvedores criem serviços que funcionam junto aos dados bancários.
Como o Open Banking funciona
Além do histórico do cliente, os dados contêm também os serviços e produtos que o cliente adquiriu. Além disso, ficam disponíveis os contratos, custos e todas as características dos termos dos produtos. Com acesso a esses dados, os bancos podem analisar o serviço oferecido pelos concorrentes e, assim, ofertar produtos e serviços mais vantajosos.
Como dito anteriormente, o open banking funciona através de APIs. Dessa forma, o cliente tem acesso a todas as suas finanças por meio de um único aplicativo. Deixa de ser necessária a instalação de um aplicativo de cada banco. Portanto, fica mais prático ver a conta poupança, corrente, investimentos, enfim, controlar as finanças pessoais.
O compartilhamento dos dados bancários é totalmente opcional. Em outras palavras, é o cliente quem deve analisar as vantagens e decidir se deseja ou não que outros bancos tenham acesso aos seus dados. O cliente pode, ainda, decidir quais informações deseja compartilhar e com quais empresas, desde que essas instituições sejam reguladas pelo Banco Central.
Dessa forma, quando o cliente libera o compartilhamento dos seus dados, o que pode ser compartilhado se resume a:
- Informações cadastrais;
- Serviços de pagamentos;
- Dados transacionais;
- Informações sobre os serviços e produtos disponibilizados pelas instituições participantes do open banking.
Vantagens
Com as informações disponíveis os bancos podem definir melhor o perfil de cada cliente e, portanto, disponibilizar serviços e produtos personalizados de acordo com as características de cada um. Consequentemente, algumas vantagens surgem, como:
Personalização: Com os dados disponíveis os bancos poderão oferecer serviços pensados para cada perfil de cliente;
Transparência: Como todos os contratos de serviços e produtos ficam disponíveis é mais fácil analisar as vantagens e desvantagens que cada banco oferece e assim optar pelo que tiver as melhores vantagens;
Aumento da concorrência: Com todos os contratos disponíveis, os bancos poderão analisar os concorrentes e planejarem melhores ofertas e serviços com mais vantagens do que o concorrente. Em outras palavras, a concorrência entre os bancos aumenta e o cliente só tem a ganhar com isso, já que ele será disputado entre os bancos que tentarão sempre ter a melhor oferta;
Melhores serviços: Por fim, a junção das vantagens anteriores resulta em melhores serviços para os clientes. Não apenas no aspecto financeiro de produtos com preços melhores, mas também na questão do tratamento com o cliente.
Atualmente os bancos se veem como donos desses dados e muitos tratam os clientes de maneira não muito atraente. Com a autonomia dos clientes e esses dados disponíveis, os bancos terão que mudar sua postura e tratar melhor os clientes. Ou seja, os bancos terão que evoluir para se adaptar ao futuro dos bancos.
Segurança dos dados
Provavelmente, a primeira dúvida que surge ao entender o que é open banking é em relação a segurança de todos esses dados importantes juntos em um único lugar. Portanto, para assegurar os dados, os bacos criam proteção baseada em criptografia e senha, além de outros mecanismos desenvolvidos para aumentar a proteção.
Nos países em que o open banking já é realidade, existem regras e leis para impedir o uso indevido das informações. Também existe a opção do cliente impedir o acesso aos dados quando ele não desejar mais utilizar algum produto ou serviço. Para isso, o Banco Central está estudando formas de garantir um sistema seguro.
Implementação do open banking
O Brasil não será o primeiro a implementar o sistema de open banking, afinal ele já funciona no Reino Unido. Além disso, outros locais como Austrália, Hong-Kong, União Europeia e Estados Unidos também estão estudando a implementação do open banking.
Já a alguns anos esse tema vem sendo debatido e estudado no Brasil, já que para aderir ao sistema, os bancos precisam se encaixar em alguns quesitos. Nesse sentido, o Banco Central irá auxiliar os outros bancos nesse processo de adesão. Posteriormente, quando todos estiverem aptos, a plataforma estará aberta ao público.
Para que seja implementado, diversos aspectos ainda precisam ser definidos como, por exemplo, a regulamentação referente a quais dados bancários exatamente poderão ser compartilhados.
Em 2019 o Banco Central anunciou as diretrizes fundamentais que serão a chave para a implementação do open banking no Brasil. Para que a implementação seja de forma gradual, o processo será divido em fases:
Primeira fase (novembro de 2020): os dados das instituições devem ser compartilhados;
Segunda fase (maio de 2021): é voltada para o compartilhamento das informações dos clientes e os dados transacionais dos clientes;
Terceira fase (agosto de 2021): consiste na iniciação de transações de pagamento e propostas de operações de crédito;
Quarta fase (outubro de 2021): Essa fase final é voltada para os dados de produtos e serviços de câmbio, investimentos e afins. Até o final de 2021 o open banking deve estar em pleno funcionamento.
Agora que você compreende o que é open banking e seus desdobramentos, leita também aos Jargões da bolsa de valores – Lista completa de jargões, siglas e termos
Fontes: Fontes: Nubank, Infomoney, Veja e Simply