Philip Fisher: conheça a história da lenda dos investimentos

8 de setembro de 2020, por Sidemar Castro

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Philip Arthur Fisher foi um investidor americano, famoso autor de Common Stocks and Uncommon Profits (Ações comuns, lucros extraordinários), um guia sobre investimentos que tem sido reimpresso desde seu lançamento, em 1958, e que se tornou leitura obrigatória dentre livros do assunto. Suas teorias sobre investimento são uma inspiração para grandes investidores até hoje. Philip Fisher tinha um método próprio para investir, que ele compartilhou em suas obras literárias.

Conhecer a biografia e a linhas de pensamento de grandes investidores é importante para quem quer investir. Isso porque, ao analisar uma biografia de sucesso, invariavelmente, aprendemos com os ensinamentos e critérios que a pessoa usava. 

Quem é Philip Fisher?

Philip Arthur Fisher nasceu no dia 8 de setembro de 1907, em São Francisco, nos Estados Unidos. Após concluir o colegial, ele se formou em economia em Stanford e, em seguida, já com 21 anos, trabalhou na Anglo-London como analista de valores mobiliários.

Fisher também trabalhou em empresas na bolsa de valores, até abrir sua empresa, a Fisher & Co., em 1931. A empresa de Fisher era voltada para a administração e gestão de dinheiro e ainda a análise de negócios a se investir. Em sua própria empresa, ele atuou como líder por 60 anos e então, aos 91 anos de idade, se aposentou.

Philip Fisher faleceu em sua casa, no dia 11 de março de 2004, na Califórnia.

Como funciona o método de investimento de Philip Fisher?

Philip Fisher seguia seus próprios princípios de investimento. Dessa forma, mantinha o foco em longo prazo e em empresas de alto crescimento.

Uma das ferramentas usadas por Philip Fisher é a chamada Scuttle Buttin, que consistia em procurar empresas que fossem destaque em seu setor de atuação e tivessem uma boa administração e que, por fim, excedessem as perspectivas de crescimento.

Para encontrar esse tipo de ação, ele estudava os fundamentos, lia as análises de corretoras e os noticiários financeiros, mas ele não ficava só na teoria. Ou seja, quando possível, visitava a matriz, as filiais da companhia e questionava administradores, fornecedores, funcionários e consumidores.

Em resumo, o princípio de investimentos de Philip Fisher era voltado para o potencial crescimento da empresa a longo prazo. Dessa forma, ele foi um dos primeiros a investir em empresas de tecnologia, nas décadas de 40 e 50. Um exemplo de seus investimentos em tecnologia, foram as ações da fábrica de rádios Motorola, que ele investiu em 1955 e as manteve até o fim da vida.

Portanto, a sua filosofia era a de não vender as ações, exceto em 3 situações: 

  • Primeiro: caso o investidor perceba que errou na avaliação de uma empresa, não há motivos para continuar com ela.
  • Segundo: a empresa não atende mais aos critérios que você levou em consideração ao investir.
  • Terceiro: as ações podem ser vendidas se outras muito mais atrativas surgirem e, com isso, seja preciso realizar a venda de alguns papeis para investir nessas outras ações. 

Growth Investing

A growth investing, ou seja, investimento em crescimento, era a estratégia de Philip Fisher. Basicamente, ela consistia em analisar a fundo a empresa e então investir somente em companhias que se destacassem. Para isso, Fisher analisava alguns pontos fundamentais como:

  • Nível de competência dos gestores e o nível de inovação e visão dos mesmos;
  • Potencial da empresa em crescer as vendas a longo prazo;
  • Analisar se a empresa tem margens de lucro consistentes;
  • Averiguar se a pesquisa e desenvolvimento da empresa são promissores.

Portanto, não apenas os preços das ações devem ser levados em conta, mas também os aspectos mais profundos que podem significar o aumento do lucro a longo prazo.

Como resultado das suas estratégias de investimento, Fisher gostava de um portfólio de investimentos com concentração de 60% a 100% em ativos de empresas de destaque.

Dessa forma, ele mantinha ações de quatro empresas que se encaixavam aos seus critérios. Fora essas, o investidor possuía ainda algumas ações em poucas quantidades, de empresas que eram candidatas em potencial para entrar na lista de ações principais.

Em resumo, Philip Fisher preferia uma carteira de investimentos com investimentos bem pensados e analisados, e se opunha a uma carteira de investimentos diversificada em excesso.

Isso porque, ao diversificar demais, é virtualmente impossível conhecer bem e acompanhar consistentemente todas as empresas, coisa que ele considera fundamental. 

5 lições importantes ensinadas por Philip Fisher

  1. Análise profunda: Para investir de maneira acertada não basta se basear apenas no balanço financeiro da empresa ou no preço das ações. É necessário ir além e, realmente, analisar todos os aspectos da empresa, desde o tratamento destinado aos funcionários, até a forma da gestão investir em inovação. 
  2. Não espere demais: Ao encontrar uma boa empresa para investir, que se encaixe nos critérios estabelecidos, é preferível investir, do que esperar que os preços das ações abaixem alguns centavos, coisa que pode não ocorrer. 
  3. Crescimento futuro: É preciso analisar se a empresa tem ferramentas que a proporcione crescimento futuro. Ou seja, a empresa precisa estar preocupada em criar novas soluções e formas de estar sempre em crescimento. 
  4. Preço não é determinante: Se uma empresa tem um bom potencial de crescimento, é natural que suas ações sejam negociadas por valores elevados em comparação com empresas sem potencial. Ou seja, tudo bem pagar um pouco a mais por uma ação que tem potencial de dar muito lucro no futuro, ao invés de pagar barato em uma ação que, provavelmente, vai dar prejuízo. 
  5. Não acredite demais em Marketing: A decisão de investir em uma empresa deve ser baseada em análise e não no marketing que a empresa promove. 

Assista agora, com Raul Sena, o Investidor Sardinha, As 4 perguntas de Philip Fisher para escolher boas ações

Ações comuns, lucros extraordinários

O livro de maior sucesso foi de Philip Fisher foi Ações comuns, lucros extraordinários, publicado em 1958 e considerado leitura obrigatória para os investidores. Nele, Fisher busca explicar seus critérios e métodos para fazer bons investimentos.

Fisher lista ainda 15 aspectos a serem considerados em uma análise. Apesar de, dificilmente, uma empresa se encaixar em todas, essa lista serve como uma base de análise:

1. A empresa possui produtos ou serviços com potencial de mercado suficiente para viabilizar um aumento considerável nas vendas por diversos anos?

2. A empresa tem uma administração disposta a desenvolver novos produtos que aumentarão ainda mais o potencial de vendas quando os atuais já estiverem se esgotado?

3. Quão são os efetivos esforços da empresa, em pesquisa e desenvolvimento, com relação ao seu porte?

4. A empresa possui uma organização em vendas acima da média?

5. A empresa possui uma margem de lucro considerável?

6. O que a empresa faz para manter ou melhorar as margens de lucro?

7. A empresa possui boas relações com o seu quadro de funcionários?

8. A empresa conta com boas relações com seus executivos?

9. A empresa trabalhar de maneira profunda a sua gestão?

10. Tem uma boa análise de custos e controle de gastos?

11. Há outros aspectos dos negócios da empresa que possam dar ao investidor dicas importantes sobre como a empresa pode sobressair com relação à competitividade?

12. A empresa possui uma estratégia de curto ou de longo prazo em relação aos lucros e resultados?

13. A empresa terá a capacidade de desenvolvimento ou terá que emitir mais ações ou diminuir os dividendos para poder crescer?

14. A empresa fala abertamente com os investidores sobre os seus negócios tanto em momentos favoráveis quanto desfavoráveis?

15. A empresa conta com uma administração de integridade inquestionável?

Outros livros

  • Caminhos para riqueza e através de ações ordinárias, livro de 1960 que visa transmitir as ideias de Fisher sobre como aumentar os lucros e reduzir os riscos nos investimentos. 
  • Investidores conservadores dormem tranquilos: conhecimento absoluto pode gerar perda de dinheiro e outras lições da filosofia de Fisher. Esse livro conta com uma parte autobiográfica do autor e como o investidor pode criar oportunidade de ganhar dinheiro mesmo em meio a crises. 

Além dos livros, Fisher tinha, ainda, algumas frases inspiradoras que são verdadeiras pérolas de conhecimento:

Deve-se ter em mente que o que realmente importa é o futuro, não o passado.

Se uma ação foi bem comprada o momento de vendê-la é quase nunca.

O mercado de ações está cheio de gente que sabe o preço de tudo e o valor de nada

Eu não quero um monte de bons negócios; eu quero poucos excepcionais

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Fontes: Suno, Investnews, Darf6015, Linkedin, Varos, Investidor em Valor