28 de outubro de 2025 - por Sidemar Castro
A lógica é simples, mas poderosa: no monopólio, um único vendedor domina o mercado diante de vários compradores. No monopsônio, é um único comprador que concentra o poder frente a muitos vendedores.
Em ambos os casos, esse agente dominante consegue influenciar os preços a seu favor. Quer entender melhor como isso acontece? Leia o artigo que preparamos pensando em você.
Leia mais: Diferença entre concorrência monopolística e monopólio
O que é monopólio?
Olhe em uma rua inteira onde só exista uma padaria; nenhuma outra vende pão fresquinho nas redondezas. Quem quiser pão, inevitavelmente vai naquela padaria. Bom para ela, pois pode definir quanto vai cobrar e que tipo de pão vai ou não vender. Essa padaria é, em versão simplificada, um monopólio.
No mundo dos negócios de verdade, o monopólio acontece quando uma empresa é praticamente a única em determinado mercado, então quem compra não tem escolhas, quem poderia concorrer enfrenta obstáculos ou simplesmente não pode entrar. Ela controla o “oferecer” de algo que muitos querem ou precisam.
E, como consequência disso, quem está do outro lado (o consumidor) pode acabar pagando mais caro, tendo menos opções, ou aceitando que o serviço ou produto não melhore tanto, porque não há “ameaça real” de outro fornecedor bater lá no portão.
Leia também: Monopólio natural: o que é, tipos e como funciona
Como funciona o monopólio?
Num monopólio, existe basicamente uma empresa (ou fornecedor) que domina todo ou quase todo o mercado de determinado bem ou serviço. Essa empresa consegue definir o preço e a quantidade ofertada porque não enfrenta concorrência relevante: quem quer o que ela vende não tem substitutos próximos ou outras opções.
Na prática funciona assim: a empresa calcula qual quantidade produzir e qual preço cobrar de modo a maximizar o seu lucro. Em termos econômicos, ela escolhe a produção onde sua receita marginal iguala seu custo marginal. Como não há rivais para baixar o preço ou oferecer algo similar, ela tem controle e tende a cobrar mais caro ou oferecer menos quantidade do que num mercado competitivo.
Além disso, há grandes barreiras para que outros concorrentes entrem no mercado, que podem ser custos altos, regulação, patentes ou o simples fato da empresa já estar estabelecida.
Exemplo de monopólio
Para além dos exemplos tradicionais, o conceito de monopólio pode ser visto de uma forma mais sutil no mundo da tecnologia, especialmente com empresas que dominam completamente um nicho específico, o que alguns chamam de monopólios comerciais.
Pense em uma empresa como o Google no campo das buscas online. Embora existam outros mecanismos de busca, o domínio e a preferência dos usuários são tão massivos que, na prática, a empresa age quase como um monopólio nesse mercado.
Ela se tornou tão boa e essencial na solução de um problema (encontrar informação na internet) que as barreiras para qualquer competidor conseguir um espaço significativo são altíssimas. Esse tipo de dominância é impulsionado pela inovação contínua e pela vantagem de ser o primeiro, mas o efeito no mercado é o mesmo: uma única empresa tem um poder esmagador, capaz de ditar regras e padrões, limitando a diversidade de escolha para o usuário.
Entenda: Inovação aberta: o que é, como funciona e como implementar?
O que é monopsônio?
O termo monopsônio descreve uma estrutura econômica em que há apenas um comprador relevante de um bem ou serviço, enquanto muitos vendem para esse comprador. Assim o equilíbrio de força muda, favorecendo quem compra.
Em contraste com o monopólio, onde um único vendedor vende para muitos, o monopsônio é o espelho: o comprador único que decide quanto vai adquirir e a que preço ou sob quais condições.
Essa estrutura torna o mercado menos competitivo, porque o vendedor não tem alternativas fáceis de onde buscar outro comprador, dando ao comprador dominante uma vantagem para reduzir o preço pago ou impor termos que em outro contexto competitivo seriam menos aceitáveis.
Saiba mais: Monopsônio: o que é, como funciona e exemplos
Como funciona o monopsônio?
O funcionamento do monopsônio é bem direto: ele coloca todo o poder de barganha nas mãos de quem está comprando.
Pense no seguinte: se existe apenas um comprador interessado em um produto ou serviço específico e vários fornecedores querendo vender, o comprador tem a faca e o queijo na mão. Ele pode ditar o preço, sabendo que os vendedores, sem alternativas para quem oferecer sua mercadoria, terão que se sujeitar.
No monopsônio, o único comprador consegue pressionar os fornecedores a aceitar preços menores do que aceitariam em um mercado competitivo. A quantidade que ele decide comprar também afeta diretamente o mercado, pois ele é, sozinho, a demanda total.
Exemplo de monopsônio
Suponha que na sua cidade só exista um grande empregador: tipo aquela fábrica ou mineradora que domina todo o emprego local. Se você quiser trabalhar, bem… ou você vai lá ou vai embora da cidade.
A empresa sabe disso. Aí ela acaba tendo gordura para pagar menos, ou pouco se preocupar com melhorar o salário ou as condições, porque você não tem ‘o outro’ pra ir em frente. Esse é um clássico cenário de monopsônio.
Agora imagine que você é um agricultor, planta café ou cana, e só existe uma grande usina ou uma única empresa que compra sua colheita. Você até pode tentar vender para outro lugar, mas pode não haver outro canal bom.
Então essa usina acaba dizendo “eu compro de você por este preço” e você acaba aceitando. Isso também funciona como monopsônio: o comprador poderoso, muitos vendedores dependentes.
E quem está do outro lado? Os produtores, os trabalhadores… acabam com menos poder de barganha e geralmente cedem mais do que gostariam. Enquanto o comprador forte… bem, ele consegue ditar mais as regras.”
Veja: Falha de mercado: o que é, como é causada e quais seus efeitos?
Qual é a diferença entre monopólio e monopsônio?
Monopólio é quando há um único vendedor dominando o mercado; monopsônio é quando há um único comprador com esse poder. Ambos distorcem a concorrência e afetam os preços.
Imagine um mercado onde só existe uma empresa vendendo determinado produto. Essa empresa pode cobrar o que quiser, já que os consumidores não têm outras opções. Isso é um monopólio.
Agora pense no cenário oposto: vários produtores oferecem seus produtos, mas só há um comprador. Esse comprador tem o poder de negociar preços mais baixos, pois os vendedores dependem dele. Esse é o monopsônio. Nos dois casos, quem está sozinho na ponta da negociação tem vantagem para definir os preços e moldar o mercado a seu favor.
Leia mais: Formas de mercado: o que são e quais são suas características?
Fontes: Investopedia, Trilhante, Investidor Sardinha, Dicionário Informal, Quora.