Falha de mercado: o que é, como é causada e quais seus efeitos?

12 de outubro de 2023, por Sidemar Castro

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Falha de mercado é uma situação em que um mercado não consegue produzir uma alocação natural que seja eficiente, ou seja, as transações do mercado acabam gerando mais efeitos negativos para todos do que satisfazendo individualmente os ofertantes e os demandantes.

Quando há uma falha de mercado, não é possível melhorar a situação de um indivíduo sem piorar a situação de outro. A intervenção do governo pode ser necessária para corrigir essas imperfeições, mas há uma tensão entre os custos incontestáveis para a sociedade causados pela falha do mercado e os custos de “falha do governo”.

Na matéria a seguir, detalhamos melhor cada um destes itens. Leia e aprenda!

O que é falha de mercado?

Falha de mercado é uma situação econômica em que um mercado não consegue produzir uma alocação natural que seja eficiente. Em outras palavras, as transações do mercado acabam gerando mais efeitos negativos para todos do que satisfazendo individualmente os ofertantes e os demandantes.

Existem diversos tipos de falhas de mercado, incluindo:

  • Assimetria de informação: A distribuição desigual de informações entre a parte ofertante e demandante pode causar imperfeição nas alocações e favorecer comportamentos indesejáveis.
  • Bens públicos: A oferta de alguns tipos de bens e serviços só fazem sentido se eles forem disponibilizados pelo governo. Nessa situação se encontram bens públicos.
  • Externalidades: A decisão de um agente econômico pode gerar indiretamente efeitos positivos ou negativos no bem-estar de uma terceira parte.

Além disso, falhas de mercado podem ocorrer quando a demanda dos consumidores não corresponde à quantidade de suprimentos oferecidos. Sempre que os mercados falham em alocar recursos de forma eficiente, a situação resulta em falha de mercado.

Quais são os exemplos de falha de mercado e seus efeitos?

Aqui estão alguns exemplos de falhas de mercado e seus efeitos:

Monopólio

Ocorre quando uma única empresa domina todo o mercado para um produto ou serviço específico.

Isso pode levar a preços mais altos e menos escolha para os consumidores. Por exemplo, uma empresa de energia elétrica pode ter um monopólio em uma região específica, permitindo-lhe cobrar preços mais altos sem medo de concorrência.

Bens públicos

São bens ou serviços que são fornecidos pelo governo porque não faz sentido que sejam fornecidos por empresas privadas.

Podemos usar como exemplo a iluminação pública, que é um bem público. Se fosse deixada para o mercado privado, haveria pessoas que se beneficiariam da luz (free riders) sem pagar por ela, o que desencorajaria o investimento privado.

Assimetria de informação

Ocorre quando uma parte em uma transação tem mais informações do que a outra. Tal situação pode levar a uma alocação ineficiente de recursos.

Por exemplo, um vendedor de carros usados pode saber sobre problemas mecânicos que o comprador não conhece.

Externalidades

São os efeitos indiretos das ações econômicas que podem afetar terceiros.

Assim, por exemplo, a poluição é uma externalidade negativa da produção industrial, enquanto a criação de novas tecnologias pode ser uma externalidade positiva.

Condutas anticompetitivas

Empresas e pessoas podem se associar para prejudicar e até mesmo eliminar seus concorrentes, dominando o mercado e prejudicando todo o restante. Dessa forma, condutas como cartel, trustes, dumping, venda casada, contratos de exclusividade também são falhas que impedem o funcionamento livre do mercado.

Poder de mercado

Refere-se à capacidade de uma empresa influenciar o preço e a produção de um produto. Isso pode levar a preços mais altos e menos escolha para os consumidores.

Rent-seeking

É quando uma empresa ou indivíduo usa seus recursos para obter ganhos econômicos adicionais sem contribuir para a produtividade. Ou seja, uma empresa pode buscar proteções regulatórias que lhe dão uma vantagem competitiva no mercado.

Como corrigir as falhas de mercado?

As falhas de mercado podem ser corrigidas de várias maneiras:

  • Soluções de mercado privado: Em alguns casos, a solução para uma falha de mercado pode surgir dentro do próprio mercado privado.
  • Soluções impostas pelo governo: Quando a solução não vem do próprio mercado, os governos podem promulgar legislação e tomar outras medidas como resposta a uma falha de mercado. Isso pode incluir intervenção governamental, como novas leis ou impostos, tarifas, subsídios e restrições comerciais.
  • Regulação econômica: Em alguns momentos, deve existir alguma força que oriente o funcionamento do mercado para a direção certa.

Os economistas têm opiniões diferentes sobre a natureza das falhas do mercado e quais (se houver) medidas precisam ser tomadas para evitá-las ou corrigi-las. É importante lembrar que a correção de falhas de mercado deve ser cuidadosamente considerada para evitar a criação de novos problemas ou ineficiências.

Relação entre falha do mercado e falha do governo

A relação entre falha de mercado e falha do governo é um tema complexo e controverso na economia. De forma simplificada, podemos dizer que:

  • Falha de mercado é a situação em que o mercado não consegue produzir uma alocação eficiente dos recursos, gerando perdas de bem-estar social. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como externalidades, bens públicos, informação assimétrica, poder de mercado, etc.
  • Falha de governo é a situação em que o governo não consegue corrigir as falhas de mercado ou até mesmo as agrava, por meio de intervenções ineficientes, distorções, corrupção, burocracia, etc.

A relação entre essas duas falhas depende da visão teórica que se adota. A teoria econômica neoclássica defende que o governo deve intervir nos casos de falhas de mercado, para restaurar a eficiência alocativa e o bem-estar social. Porém, essa teoria reconhece que o governo também está sujeito a falhas, que podem limitar ou prejudicar sua atuação.

As teorias heterodoxas, como a economia evolucionária, a escola austríaca e a sociologia econômica, questionam os pressupostos e as conclusões da teoria neoclássica. Elas apresentam uma visão mais ampla e dinâmica do processo de competição e do papel do governo. Elas argumentam que as falhas de mercado são inerentes ao funcionamento do sistema econômico e que o governo pode ter um papel mais ativo e criativo na regulação e na inovação.

Fontes: Suno, Mais Retorno, Como Investir